quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vária (II)

                                     
 
   A polêmica Marcelo Freixo  x O Globo

 
             O jornalão  O Globo já dedicou dois editoriais à maneira com que se tentou envolver o deputado Marcelo Freixo em função de um telefonema da ativista Sininho. Nesse contexto, cabe perguntar se será a vasta ação de desagravo da sociedade civil ao deputado do PSOL, que terá provocado o afã de O Globo de não só tentar justificar-se no caso em si, quanto o de rebater os argumentos de Freixo, no que tange aos silêncios de O Globo.

            Fica a impressão para muitos – e quem não sentiu um certo desconforto com a cobertura de O Globo, sobretudo com o realce dado ao advogado Jonas Tadeu e as suas ‘revelações’ e o posterior recuo – que não se deu no momento adequado ao deputado Freixo o espaço para então defender-se. Se suspeitas havia de que se tratava de factoide, o desenrolar da questão o comprovou sem sombra de dúvida.
            Reforçam tal impressão os longos editoriais  e a abertura de sua página de opinião ao deputado, em atitude que, ao contrário de outras, merece apreço.

 
A situação na Venezuela


               Ao contrário da timidez de Henrique Capriles, a coragem do líder Leopoldo López e a forma decerto teatral de sua entrega à guarda nacional contribui e muito para o reforço de sua posição.
               Agarrado à estátua do revolucionário cubano José Marti  - que se contemporâneo fosse dos líderes castristas já teria sido talvez eliminado – López bradou que se entregava a “uma justiça injusta e corrupta”.

               Leopoldo López foi acompanhado pelo presidente da Assembléia, o chavista  Diosdado Cabello. De uma certa forma, a presença de Cabello  é indicação de que o procedimento teria sido acordado, a par de dar uma certa garantia de respeito à integridade física de López.

 

A Situação na Venezuela e a Diplomacia

 
                Registro com um certo alívio, a observação da Folha, em primeira página, de que  “ o Governo Dilma tem adotado cautela ao tratar dos protestos na Venezuela”.

               A tradição diplomática brasileira,  que tem cabido ao Itamaraty defender e assegurar no passado, durante o regime petista recebeu umas tantas reinterpretações que privilegiam menos a diplomacia de estado – tradição que vem do Império e de que o Barão do Rio Branco é o símbolo e o orgulho – que aquela de partido.

               A confirmar-se tal postura, o seu caráter desastroso – ao invés de continuarmos na provada senda diplomática, estaríamos regredindo ao que no passado era a diplomacia empregada por nossos vizinhos. Daquele filme, sabemos como terminou e bem, tanto para o Império, quanto para a República do Brasil.

              Por isso – e me valho uma vez mais da Folha – o comunicado do Mercosul sobre a crise na Venezuela, ao manifestar apoio a Maduro e criticar os atos de violência nas manifestações “causou mal-estar entre diplomatas brasileiros”.

              O Mercosul, nascido com grandes expectativas, atravessa momento difícil. É uma aliança com objetivos econômicos, que infelizmente a atual situação econômica da Argentina não tende a criar as condições desejadas para a esperada progressão.

              Quanto ao aspecto político, o último comunicado do Mercosul pecou pela falta de equilíbrio, dando assim a impressão de utilizar “a retórica do Governo Maduro, do que um texto com linguagem diplomática”. Sem embargo, o governo brasileiro adotou posteriormente um tom de cautela sobre os protestos, eis que, ao ver do Planalto, as motivações e os desdobramentos dos incidentes na Venezuela ainda não estão claros.

 
As Manifestações no Brasil

 
           Há um certo nervosismo nos meios políticos quanto a manifestações. Essa preocupação se acentua com a iminência da Copa do Mundo, e a possibilidade de que venham a toldar o brilho do evento.

           Peço vênia para discordar. O exemplo que devemos ter diante de nós é o das manifestações do passe-livre, que surpreendeu a todos pelo seu caráter pacífico e pela pronta e calorosa recepção por todos esses brasis.

           No início, quando houve violência a principal responsável foi a polícia mal-preparada e violenta, por vezes, sem qualquer necessidade. Ou já se esqueceram da moça-reporter que perdeu uma vista por uma bala de borracha?

           Não  se esqueçam que a manifestação pacífica é um direito constitucional. Não vamos entorpecê-la e burocratiza-la com regulamentos e autorizações, o que nos tornaria demasiado próximos do regime autoritário de Vladimir V. Putin, na Federação Russa.

           Por outro lado, apraz-me concordar com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não vê problemas com máscaras. Para ficarmos em inglês, os problemas existem não com os Guy Fawkes, mas com os Black Blocs. Esses se vinculam à linha anarquista da Europa Continental, que infelizmente descamba para a violência, e que deve ser controlada e contida por  polícia preparada e eficiente.

           Para nossa fortuna, a ditadura caíu e não a queremos de volta. As polícias militares não devem confundir a violência dos meganhas daquele tempo com a dosada e devida energia. A ação oportuna e pontual muita vez evita problemas maiores.

          E não esqueçamos que uma das palavras de ordem do movimento do passe-livre era a do padrão-Fifa. Vamos transformar o desperdício dos estádios – distribuídos demagogicamente por Lula da Silva – em uma grande festa democrática, em que o caráter pacífico do brasileiro transmita ao torcedor o elã e o apoio necessários para que no fim das contas ganhemos o caneco – no campo e fora dele.
         E por falar em não esquecer. Os paredros brasileiros dão em demasia nomes de personalidades esportivas ou não aos grandes estádios - só para serem substituídos na prática pelo povo por títulos simples como Maracanã, Mineirão e Pacaembu.  Não seria o caso agora de homenagear os operários que tanto se empenharam na sua construção - alguns e não poucos  até com o sacrifício da própria vida ?
 


(Fontes: O Globo; Folha de S. Paulo)

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