domingo, 2 de fevereiro de 2014

Colcha de Retalhos B 5

                                  

Porta de Livraria[1]

 
      O livro de Anthony Pagden, Professor da Universidade da Califórnia, sob o título “The Enlightenment” (O Iluminismo), e o subtítulo “E porque ainda tem importância” (And why it still matters), é obra de interesse por tratar de movimento intelectual que mudou a Weltanschauung[2] da intelligentsia, com a consequente transformação das elites e da sociedade. Adumbrado no século XVII, por filósofos e cientistas de nomeada – Newton, Galileo, Locke, Hobbes, Descartes e Spinoza – seria no século XVIII com Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Diderot, D’Alembert, Condorcet, Hume, e Kant, que o iluminismo se transformaria em visão de mundo não mais alternativa.
     Depois do longo domínio de Aristóteles, havido como o filósofo por excelência, e do tomismo, com a visão doutrinal da Igreja, esse paradigma[3] começou a ser contestado por Galileo Galilei, com a prova do heliocentrismo. São conhecidos os dissabores do sábio, e a sua condenação pela Inquisição romana, mas acabou ressoando mais forte o seu murmúrio ‘eppur si muove’ (e, no entanto, (a terra) se move).

    Dentre os precursores do Iluminismo, um dos maiores é Thomas Hobbes. Através do Leviatã, ele nos apresenta a incessante (unrelenting) violência do estado de natureza do homem primitivo. Como frisa Pagden, é uma das frases mais carregadas e fortes da língua inglesa: “nenhum conhecimento da face da Terra; nenhuma noção do Tempo; sem Artes; sem Letras; sem Sociedade, e o que é o pior de tudo, contínuo medo e perigo de morte violenta; e a vida do homem, solitária, pobre, desagradável (nasty),brutal e curta.”
      Montesquieu, nascido em 1689, é da mesma geração de Voltaire (1694-1778), mas teve uma vida mais curta (morreu em 1755). A sua principal obra foi “O Espírito das Leis” (1748), que teve enorme influência sobre a política, com a doutrina da divisão dos poderes. Apesar de todos os cuidados que tomou, não evitaria que ela caísse no Index, sendo proibida pela Igreja. Reflete deveras o espírito prevalente na época, que essa negação extrema pelo Magistério não tivesse maiores consequências, como o demonstra o fato de que as ideias do Barão de Montesquieu sobre a divisão dos poderes foram acolhidas pela Assembleia Constituinte da Revolução, na sua fase girondina (moderada).  

       Voltaire, e a sua longa vida, exerceu influência sobre as letras e o espírito do tempo, que para alguns foi enorme e generosa, para outros, condicionada e polêmica. Participou de muitas campanhas de opinião: écrasez l’infâme (contra o preconceito, em que alguns viram ação contra a Igreja e o próprio Jesus Cristo); a questão Calas (em que batalhou pela sua reabilitação; enorme correspondência (inclusive com Benedito XIV, um Papa para o século das luzes). Sem embargo, era adversário temível, valendo-se de todos os meios, inclusive os apócrifos, para prevalecer ou desmoralizar o adversário. No Palácio de Sans Souci (sem cuidado), foi hóspede de Frederico II (que chegou a desavir-se com a sobrinha do escritor, a quem apostrofou em carta). Voltaire, pela postura independente, temia o poder real. Por isso, a sua propriedade de Ferney o colocava nas cercanias da Suiça, para dessarte evitar as tropelias reais de que Rousseau foi vítima. Nos pródromos da agonia, terá assentido confessar-se com um padre, o que seus familiares evitaram, à conta de seu professado agnosticismo.      

       Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) é um dos gigantes do século das luzes. As contradições de sua personalidade – definido como escritor francês, nascido em Genebra – não se detêm na nacionalidade, nem na religião. Rousseau oscilou entre o catolicismo e o protestantismo, mas a condição da fé não lhe evitou perseguições tanto na Suiça (em que a participação no rebanho não impediu ações de pastor tão interiorano, quanto preconceituoso, além do temor reverencial de Genebra diante do poder real francês), quanto na França (pela condenação do livro Emilio ou da educação, pela justiça - parlamento – francesa). Rousseau escreveu o romance epistolar Júlia ou A Nova Heloisa, quando obteve incrível sucesso de público. Em outros tempos, teria garantido fortuna. No entanto, em matéria política, as suas principais obras são o Discurso sobre a Origem da Desigualdade, Emílio, Contrato Social, Confissões e  vastíssima correspondência (em 20 vols.), coligida por Théophile Dufour e revista por Pierre-Paul Plan. Também escreveu um auto musical “Le Devin du Village” e se sustentava pela cópia de partituras musicais. Após alcançar o renome nas letras, residiu em Montmorency, na propriedade de Mme. d’Épinay. Em seguida, transferiu-se para cabana ainda em Montmorency, nos domínios do Marechal duque de  Luxembourg, onde fruíu de sua proteção, e depois da  morte deste  grande de França em 1764, daquela da viúva, Mme. de Luxembourg. Será no contexto da publicação do Émile, que escreve as quatro cartas a Chrétien Guillaume de Malesherbes, então censor do rei e muito estimado pela intelectualidade (advogado do Rei Luís XVI, seria em 1794 guilhotinado pela audácia de defender a Luís Capeto).  Por força da publicação do Emílio e, sobretudo, pelo deísmo da inclusa célebre alocução do Vigário da Savoia, o Parlamento de Paris sentenciou a queima do livro e a prisão do autor. Foge às pressas para a Suiça (1763-1765). Mais tarde, com a ajuda de du Peyrou, se transfere para Estrasburgo. A caminho da Inglaterra, Rousseau viaja para encontrar-se com David Hume, com quem se desentende posteriormente. Durante a sua estada em Albion, recebe pensão do Rei Jorge III, a que pouco depois renuncia. De volta à França, goza do patrocínio do  Principe de Conti. Será sob a égide do Marquês de Girardin que Rousseau passará os seus últimos dias em Ermenonville, falecendo em 1778. O reconhecimento à grande contribuição de Rousseau à Revolução foi obra conjunta das principais correntes revolucionárias: proposto sob a Constituinte, decidido pela Convenção, durante o período chamado do Terror, por Maximilien de Robespierre no Comitê de Salvação Pública, em 1794, foi inumado já na fase pós-Termidor, havendo sido dos primeiros a ser inumado no Panteon.

         O leitor relevará o longo resumo da atribulada existência de Rousseau, notadamente após a condenação do Émile e, em seguida, do Contrato Social. Jean Jacques causou muitas relações de amizade e admiração, e não só na aristocracia. Manteve amistosa correspondência com Buffon, da Academia Francesa, autor da História Natural, que é autor da frase famosa ‘o estilo é o próprio homem’. Rousseau, como colaborador da Enciclopédia, manteve relações em geral amistosas com Denis Diderot. Dentre os enciclopedistas, estaria mais próximo de D’Alembert. Tal relacionamento, no entanto, carece de ser relativizado, se acompanharmos a correspondência, cotejada inclusive com terceiros destinatários.

        Personalidade carismática, capaz de provocar grandes admirações e também fundas inimizades, Rousseau seria o mais perseguido dos grandes nomes intelectuais do século XVIII. A tal cumpre agregar um temperamento difícil e suspicaz, que com o passar do tempo, e em função de experiências dolorosas, se marcaria pelo temor de conspirações de desafetos. Essas impressões dispunham, em mais que uma oportunidade,  de frágeis bases na realidade. É muito provável, portanto, que com o passar do tempo e das difíceis vivências, não se possa excluir, a priori, que Jean-Jacques tenha padecido da afecção psicológica da paranoia.

       Dada a importância da obra, e atendida a beleza de seu estilo literário (há passagens no Émile que emocionam o leitor pela capacidade descritiva e evocativa), compreende-se a força da própria sensibilidade, e quão grande será a influência da pena de Rousseau para a formação do romantismo como visão do mundo. Na filosofia e na teoria política o mais ilustre genebrino colocou as bases conceituais para a revolução francesa – e daí a razão primeva de que as forças do absolutismo hajam ‘privilegiado’ a ameaça que representava, desencadeando contra ele uma repressão que não faria por ‘merecer’ nenhum outro doutrinador das ideias novas trazidas pelo iluminismo.

       Daí a surpresa e o espanto que experimentei ao ler o livro de Anthony Pagden. É uma regra não-escrita da teoria política – que tem inclusive fumaças platônicas – que a emoção e eventuais idiossincrasias pessoais não devem ter acesso desembaraçado à construção de qualquer obra de natureza político-filosófica. Pela sua animosa prevenção contra Jean-Jacques Rousseau, sem quiçá dar-se conta o autor criou dificuldades para a exposição de sua tese sobre o iluminismo. Fundada em muita pesquisa e erudição, Pagden, tangido pela visceral antipatia a Rousseau, colocou não só uma mas várias pedras em seu caminho autoral.

       Não é só a antipatia quanto ao cidadão de Genebra. Não fazendo por merecer seja um capítulo, seja sequer seção abrangente, Rousseau surge quase de forma travessa pois reponta na composição sem ser convidado,  vindo sempre à tona trazido pela própria dinâmica da matéria. Pagden recebe esse intruso com a irritação de uma evolução imprevista, e a ele reserva as censuras habituais, inclusive com o vinco da caracterização negativa. Infame é uma palavra latina que nas alusões a Jean-Jacques aparece amiúde nas análises supostamente críticas de seu pensamento.

        Excluído o erro de investir contra talvez a maior figura do iluminismo na França, como se pode avaliar a contrariu sensu pela obra de Pagden, é também verdade que ela sofre igualmente de agudo filo-anglicismo. O capítulo sobre Hobbes é primoroso, e a sua importância inegável. Mas qual a relevância de Francis Hutcheson e Shaftesbury? ‘Nenhum dos dois é hoje muito lido ou se vê amiúde atribuído hoje um lugar significativo na genealogia do Iluminismo’ (V. Pagden, p.85) Se não há dúvidas sobre a presença de David Hume, que, de resto, vinha a Paris com certa frequência, também a inclusão de Adam Smith nos faz perguntar sobre a pertinência de tal personagem neste contexto, dada a sua grande importância no contexto da economia política.

        Com efeito, a leitura da obra de Pagden – que se o leitor suportar as idiossincrasias do professor de ciência política e história da Universidade da Califórnia, é experiência decerto instrutiva – nos mostrará que no século dezoito – referidos os precursores ilustres do movimento no século dezessete -  o iluminismo é movimento intelectual precipuamente francês, com presenças ilustres na Itália (então realidade apenas geográfica) de Vico (Scienza Nuova e Princípios da Filosofia da História) e Marquês de Beccaria (Tratado dos Delitos e das Penas), e em Koenigsberg, Immanuel Kant (1724-1804), “cuja filosofia é havida na Alemanha como a conclusão e a superação da época do Iluminismo e simultaneamente o ponto de partida para a nova filosofia”[4].  Anthony Pagden estende a lista para um frade beneditino espanhol, Benito Jeronimo Feijó (princípios do século XVIII).



 A Ucrânia e os Militares

           A bota castrense entra em cena na Ucrânia. O enfermo presidente Viktor Yanukovych recebeu inusitada mensagem das Forças Armadas. Depois de longo silêncio – os militares não deveriam ocupar-se de questões políticas – as Forças Armadas daquele país, por intermédio do seu site, instaram o Presidente que adote ‘medidas urgentes’ para estabilizar o país.

           Acamado por uma afecção respiratória, o presidente é informado que os militares consideram ‘inaceitável’ a ocupação de prédios públicos, assim como intentos para impedir o cumprimento das funções do Executivo.

          Depois de um mutismo de dois meses, as Forças Armadas abandonam o seu silêncio para afirmar que “a escalada de contestação ameaça a integridade territorial ucraniana”.

          Essa quebra do silêncio constitucional das Forças Armadas não manda uma boa mensagem para a cidadania ucraniana. Até o momento existe um embate que coloca de um lado a cidadania, e de outro as forças policiais. Coisa bem diferente – e reminiscente de putsches e golpes militares - são intervenções de forças se supõem existam para defender a integridade nacional contra agressores estrangeiros e que venham a ser empregadas de forma inconstitucional contra a cidadania.

          A licença de Yanukovych não o impediu de referendar anistia aos manifestantes detidos, condicionada porém à sua saída dos prédios ocupados. A oposição, porém, não concorda com essa instrumentalização da anistia.

          O Secretário de Estado  John Kerry e a chefe da diplomacia da U.E., Catherine Ashton, deverão reunir-se hoje na Alemanha com os deputados opositores Vitali Klitschko (do Udar) e Arseni Yateseniuk, chefe interino do partido Pátria, cujo líder principal é Yulia Timoshenko, a prisioneira do lazareto de Kharkov.

         A Federação Russa protesta contra a alegada interferência do Ocidente na crise ucraniana. Pelo visto, o Kremlin a considera como chasse gardée (terreno de caça exclusivo)...
 

Mais um manifestante ferido a tiros pela polícia   

 
 
       É preocupante que mais um manifestante tenha sido baleado pela polícia. O quadro não é tranquilizador, porque o estudante Fabrício Proteus Nunes Fonseca  Mendonça Chaves foi atingido por um (ou dois) disparo(s), em ato de protesto contra a realização no Brasil da Copa do Mundo.

        Se o processo é pacífico, todos os brasileiros têm o direito de expressar a própria opinião, que não carece ser a mesma de Herr Blatter e de Dona Dilma.
        O estudante Fabrício foi ferido a tiros pela polícia, e teria reagido após o inusitado ataque.

        A polícia paulista – que reagira com violência às manifestações do passe-livre (lembram-se ainda da pobre repórter da Folha que perdeu uma das vistas por causa da sólita bala de borracha? ) – volta a pôr as manguinhas de fora.

        Como é procedimento usual – também praticado aqui no Rio, contra manifestante que a polícia desejava incriminar nas cercanias do Palácio Guanabara – acharam elementos incriminantes também na sua sacola. André Singer, em coluna na Folha, adota postura salomônica. É seu direito. Mas não há negar que quem caíu por terra e foi parar no hospital foi o manifestante Fabrício.

 

 Brasília entregue à  bandidagem

 
        Todos sabemos que o governador Agnelo Queiroz, por ser do PT, goza de invejável blindagem. Foi de resto o que se viu na última comissão pizza no Congresso, em que o Partido dos Trabalhadores se pôs de acordo com o PSDB (leia-se Marconi Perillo) e PMDB (leia-se Sérgio Cabral) para igualmente pôr a salvo o intemerato Queiroz.

        Agora, na própria ante-sala de Dona Dilma, a bandidagem goza da operação tartaruga da P.M. e da inépcia da governança do D.F., que permite assassínios, esfaqueamentos em super-mercados, e um pico tão acintoso quanto revoltante da criminalidade no próprio terreiro do Partido dos Trabalhadores, seja federal, ou distrital.

       Agnelo Queiroz, volta e meia, chama a si as atenções, pena que tenha o vezo de provocá-las a contrapelo. Não é que na sua campanha eleitoral Queiroz tenha prometido de forma irresponsável que aumentaria os vencimentos da P.M. do D.F. (e em 60%). Como Sua Excelência esqueceu de cumpri-la, manteve a princípio contrafeito silêncio enquanto a polícia permitia com criminoso abandono do dever que a cidadania do distrito ficasse entregue às feras. Somente agora – com o impressionante saldo de 63 assassinatos em 29 dias – é que o Governador resolve discutir a questão com o comandante da PM...

 
 Sempre a Gaiola de Ouro

 
         É um velho nome para a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Data dos tempos do D.F., quando o Rio excelia sob as benesses da Presidência, sendo a Capital da República.

         Faz tempo que JK deu um jeito nisso – que pode ter sido bom para o Brasil, mas para a antiga Corte e depois Distrito Federal tenho as minhas dúvidas – porém numa coisa é mister estar de acordo.
         Os costumes da vereança no antigo D.F. não mudaram muito se comparados com os  atuais vereadores do Rio de Janeiro.

         Como decorrência das oportunas manifestações de rua irrompidas com o Movimento do Passe-Livre em São Paulo, e em seguida  difundidas por esses vastos brasis,  devemos reconhecer que os pobres edis já não gozam do sereno desprezo da cidadania carioca.

         Os infelizes tem sido vítima de iteradas e solertes manifestações, algumas que chegaram ao cúmulo da invasão dos amplos salões da Gaiola, antes utilizados para a discreta aprovação de medidas do gosto do prefeito – hoje o Senhor Eduardo Paes – na presença de um punhado de silenciosos representantes.

        Esses manifestantes que exigem absurdos dos senhores vereadores, como o respeito dos direitos da povoação carioca (notadamente em matéria de transportes, além de um vastíssimo etcétera).

       Pois não é que  os pobres vereadores são de novo incomodados ? Tudo não passaria de mais um malentendido.

      O Tribunal de Justiça determinou que a Câmara de Vereadores do Rio corte 406 cargos comissionados. Todos esses cargos são ocupados por indicação política, sem qualquer concurso público.

      A Câmara de Vereadores descumpre um decreto legislativo de 1991, que limitou em 1.019 o número de cargos comissionados.  Em depoimento prestado em 2012, o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felipe, confirmou que havia 1.425 cargos em comissão. Por outro, segundo admissão da própria Câmara, ela não faz concursos públicos desde 1998 (os  406 cargos custam a bagatela de R$ 5 milhões ao ano).

      A medida foi determinada pela Juíza da 2ª Vara de Fazenda Pública, Alessandra Cristina Tufvesson, por ação do Ministério Público. A medida deve ser cumprida em até sessenta dias.



O empréstimo do BNDES para o porto de Mariel, em Cuba

     
      A visão do porto de Mariel, em Cuba, que já é o melhor do Caribe, provoca várias reações segundo a pessoa interessada. A da Presidenta, não carece gastar muita tinta digital, se virmos a sua expressão beatífica diante do líder máximo de sua juventude, o companheiro Fidel Castro, hoje um tanto alquebrado, mas ainda puxando os seus cordéis.

      Ver Mariel e as instalações magníficas do porto cubano, provoca em muitos a reação de compará-las aos portos brasileiros, com as suas deficiências (conjugadas com as lacunas da armazenagem de nossas matérias primas – entra século, sai século e continuamos a exportar commodities...) e é difícil não pensar no que seria bom se o governo do PT também cogitasse de aparelhar portos brasileiros no mesmo nível de excelência.

         Será que depois de cumprir o que desejavam os gerarcas (Fidel e Raul) de Cuba, não terá assaltado a antiga militante Dilma Rousseff alguma dúvida se retirar 682 milhões de dólares do pau-pra-toda-obra BNDES não é um pouco demais para retirar de um país em que os gastos são muitos (sobretudo em empregos para os companheiros e para o assistencialismo), mas os investimentos em infraestrutura são pífios ?  Que porto temos em Pindorama que se assemelhe com a aventura em Mariel ?    

        E carimbar de Secreto  as razões da concessão do empréstimo – dessarte os detalhes do projeto só poderão ser divulgados em 2027 ! – hão de dar um frisson. Os pormenores da operação – concluída em base de garantia soberana, balizada pelos bancos centrais. É segura quando há um mecanismo de compensação de exportações entre os países, o que não ocorre com Cuba. É inquietante que faltarão dois anos (para 2029) de prazo para que Havana pague.

        O estranho é que também os negócios de estado com Angola sejam carimbados de secreto. Em um país onde até a apuração das eleições é secreta, qual a serventia de tanto segredo. Dadas as características de kleptocracia de tantos países naqueles continente – e tudo fica resolvido com mais um perdão de dívida... – não é brincar um pouco demais com o dinheiro do contribuinte brasileiro ?

       

(Fontes: The Enlightenment, de A. Pagden; Correspondance Générale de J.-J. Rousseau, Grande Enciclopédia Delta-Larousse, Nouveau Larousse Illustré, Der Neue Brockhaus; Rousseau, par Th. Ferenczi; O Globo; Folha de S. Paulo; VEJA)



[1] Porta de Livraria começa como sub-seção da Colcha de Retalhos. O futuro dirá de sua eventual publicação como série autônoma no blog.
[2] Visão do mundo.
[3] No sentido dado ao termo por Thomas S Kuhn, na sua obra ‘A Estrutura das Revoluções Científicas’
[4] Der Neue Brockhaus, vol. III

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