sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Picadinho à Brasileira

                                          

A amarga prudência

              Lembram-se da fanfarronada do Ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, dizendo-nos, literalmente às vésperas de um apagão, que o risco de desabastecimento de energia no país era “zero”?

              Agora, escaldados pelo ridículo da bazófia, o Comitê do Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) afirma que ‘o fornecimento de energia está garantido em 2014’, mas, por primeira vez, admite que, se a situação dos reservatórios piorar nos próximos meses, existe o risco de desabastecimento.

 

Esquecida a Fanfarronada ?

 
               Recordam-se da declaração de Dilma Rousseff, então candidata a presidente, desfazendo da suposta incompetência do Governo de FHC em matéria de apagão, afirmando com a sua tonitruante presunção, que tais deficiências jamais ocorreriam em governo do PT?

               Pois, como as coisas mudaram, não seria o caso de relembrar o respeitável público dessa vazia promessa, com que as assertivas de seu ministro agregam uma cômica pitada de desastrado compromisso?

 

Semelhanças com o  PRI ?     

                 No México, o PRI (Partido Revolucionário Institucional) começou desfraldando a bandeira da revolução mexicana, e com o passar do tempo institucionalizou a corrupção como instrumento do poder.

                Em todo documento governamental, se estampava o duplo mote: Não reeleição e sufrágio efetivo. Na sua longa permanência à testa do estado, o PRI respeitou a proibição da reeleição, lembrando-se da longa ditadura de Porfírio Diaz, mas utilizou a fraude eleitoral como meio de eternizar-se no poder.

               Seria interessante que os gerarcas do PT, com Lula da Silva à frente, não repetissem o vezo de considerar como inventor da pólvora o regime petista. Com feito, Nosso Guia tem o entranhado hábito de só reportar-se ao período em que assumiram o poder (acercam-se de doze anos). Será que algum ignaro há de pensar que os petistas construíram o Brasil moderno, e tudo de bom a eles se deve? Essa deturpação histórica é faca de dois gumes, eis que, se d.Dilma continuar a trapalhona na economia, ficará mais fácil lembrar-se dos tempos do Plano Real, com a inflação enfim domada? Será que o que aconteceu depois – notadamente no dílmico governo – com a volta da carestia possa ser explicado pela oposição frenética do P. T. ao Plano Real e a tudo que lhe dissesse respeito?

 

A Histeria contra as Manifestações

                 Só à má-fé aproveita pôr as manifestações em único saco, como se todas fossem reprováveis. Por isso, não poderia estar mais de acordo com o artigo de mestre José Murilo de Carvalho, ontem publicado em O Globo, sob o título ‘O perigo White Bloc’.

                 Existe um ataque à liberdade de expressão, e só à direita – a raivosa e instrumentalizadora – interessa aplicar de forma genérica as supostas lições dos black blocs.  Se se parte para a legislação antiterrorista, os gritos de democracia ameaçada e a mentalidade de pôr todo protesto no mesmo saco, cabe citar a observação do historiador e cientista político: ‘prestar um serviço ao poder e  um desserviço à consolidação de uma democracia que consiga lidar com o protesto, preservados a integridade física das pessoas e o patrimônio público.’

 

E o desacato, quando nos veremos livres dele?

 
               Não há penalidade de índole mais repressiva e intimidatória do que a do desacato. Esse resquício fascistóide é um instrumento desigual, que arma, entre outras, a autoridade policial com artifício do código fascista que inspirou o da ditadura do Estado Novo.

               É mais do que tempo de livrar a nossa legislação desse ranço de viés impositivo e antidemocrático, eis que fornece às autoridades policiais  ferramenta muito útil para culpar inocentes, ou mascarar a respectiva incompetência sob a subjetividade de supostas afrontas ao poder constituído.

             O instituto do desacato tem de ser expurgado de nossa legislação. Para tanto, será sempre interessante verificar quem são os campeões da manutenção desse instrumento de coerção e de desigualdade jurídica.

 

 
(Fontes: O Globo;  Folha de S. Paulo)

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