sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Notícias em direto do Front

  
Pizzolato, o mensaleiro evadido

 
          A Corte de Bolonha acaba de denegar a liberdade provisória a Henrique Pizzolato, o mensaleiro que fugiu para a Itália após falsificar os documentos do irmão Celso, morto em 1978. Sem entrar no aspecto ético da instrumentalização por Henrique de documentos emitidos em nome de defunto, o fato de Pizzolato haver tirado todos os títulos a que não tinha direito (pelo fato de serem em nome de um morto), lança, entre outras, fundas dúvidas sobre a confiabilidade na emissão de tais documentos.

          O meticuloso Henrique Pizzolato não se pejou de pedir vários documentos a instituições como a Receita Federal – em 2007, declaração anual de isento em nome do irmão (O Leão que a emitiu, não se deu ao trabalho de verificar por que um homem – com 53 anos na época – tenha ficado tanto tempo sem informar nada ao fisco...). Acertada a situação fiscal, Pizzolato regularizou o CPF de Celso. Assim, para a Receita, ele não deve nada e é um cidadão vivo.

          Chegava a vez do RG. Em Santa Catarina, o Instituto de Identificação do Estado expediu carteira de identidade em nome de Celso Pizzolato. Assim explicam a obtenção do documento: nem Celso, nem Henrique tinham C.I. em Santa Catarina.  Quem pediu o documento apresentou certidão de nascimento expedida pelo cartório de registro civil de Concórdia em 2007. Com comovente sinceridade, o responsável diz: não sabemos se era Celso ou Henrique. Na foto, está sem barba. Agora tem as digitais de quem fez o RG.

          Toda essa gincana burocrática se deveu à obtenção do passaporte. Primeiro, carecia de ter o título eleitoral.  A regularização da situação de Celso no Tribunal Superior Eleitoral – necessária para a obtenção do mágico passaporte – tampouco foi difícil, eis que ‘Celso’ (na realidade, Henrique) já tinha todos os documentos exigidos... Por alistar-se fora do prazo – na época Celso teria 54 anos (se fosse vivo) - Henrique pagou multa de R$ 3,51. Henrique, na suposta pele de Celso, ainda se deu ao luxo de faltar ao 1° e 2° turnos da eleição de 2010, mas, cidadão consciente, pagou a multa por não comparecimento (R$ 7,02 !)

          Duas conclusões: o humor negro do advogado de Henrique – que pleiteou da Corte de Bolonha a liberdade provisória para o cliente, por não apresentar perigo de fuga – não foi engolido pela Corte. Per caritá ! precisa ter muita cara de pau para dizer que o fujão Henrique Pizzolato é confiável !

           A segunda conclusão é também óbvia, mas um pouco mais dolorosa. Toda essa burocracia se escuda na parafernália digital e tecnológica. Em especial, o TSE se apresenta como baluarte contra a fraude eleitoral. Dada a facilidade do senhor Henrique em obter o título do irmão Celso, morto há tantos anos, quantos ‘defuntos’ estão por aí na pele de eleitores abnegados, zombando da Morte e, quem sabe, enchendo a antiga lista de votantes.  Pelo sim, pelo não, isto carece de ser verificado, e por gente especializada, e não por burocratas.

 

Cinegrafista da Bandeirante é ferido gravemente

 
            Muitos repórteres tenha caído vítima da violência dos protestos,  com o despertar, em meados de 2013, do movimento do passe livre. Há pouco, este blog registrou a jovem repórter da Folha que, alvejada por um policial com bala de borracha, perdeu a visão de um de seus olhos.

            As ditas balas de borracha, supostamente não-letais, representam um perigo para todos, e em especial para manifestantes e repórteres. Que as chefias de polícia continuem a permitir o uso desses projéteis, muita vez usados irresponsável ou covardemente por agentes mal-preparados, é algo que infelizmente só ocorre no Brasil ou em países autoritários em que a incolumidade de manifestantes e jornalistas não é respeitada.

           O cinegrafista Santiago Andrade, recolhido de urgência ao Hospital Souza Aguiar, no cenro do Rio,  teve o cérebro atingido por uma bomba de fabricação caseira. É lamentável que um profissional da televisão, empenhado em trabalho em área de risco, tenha sido de alguma forma visado, e com inaudita violência. Santiago, que perdeu muito sangue ainda no local, socorrido por um carro da PM chegou ao hospital em coma. O cinegrafista teve afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda.

          A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou o ataque ao cinegrafista da Band, e assinalou que Santiago é o terceiro jornalista ferido em protestos de 2014. Com a Abraji, é de esperar-se que o ataque ao cinegrafista seja investigado com toda a rapidez.

 

Dilma e os Apagões  
 

           Com o quarto ano de seu mandato presidencial já encetado, Dilma Rousseff – que falara grosso na campanha eleitoral contra os apagões sob o tucanato - agora se descobre a ter de justificar apagões seguidos na rede elétrica. Tampouco foi esquecida a dílmica frase: “no dia em que falarem para vocês que caíu um raio, vocês gargalhem. Raio cai todo dia neste país, a toda hora.  O raio não pode desligar o sistema. Se desligou, é falha humana, não é do raio.”

           E não é que o Sr. Hermes Chipp, Diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) veio a público dizer: “A descarga elétrica (raio) é uma das hipóteses. Vamos ver se há identificação pelos institutos especializados das descargas elétricas.”

           E de novo Super-Dilma se manifesta. Mas, surpresa!, não é a do ‘gargalhem’, ou a da especialista em energia, com o fundo menosprezo pelos apagões do tempo de FHC. Vejam o que diz agora a responsável-geral pelo sistema: “Se raios forem realmente responsáveis pela queda (de energia), cabe ao ONS apurar se operadores estão mantendo adequadamente redes de para-raios”.

          Terá a Presidenta tomado Maracugina ou está mais calminha porque não há outro jeito?

 

(Fontes: O Globo, O Globo on-line, Folha de S. Paulo)

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