sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Lula, o PT e as Trincheiras da Liberdade

                     

        Como a leitura provoca azia no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fica difícil saber o que está motivando o seu comportamento na esfuziante rentrée política em Brasília.
       Ninguém pode transformar a mentira em arma de governo e propaganda política. Não creio que Lula da Silva, o mítico dirigente sindical do ABC, embalado pela mídia nacional e endeusado por repórteres desde os anos 1970 (V.Eliane Cantanhede) queira transformar a negação da verdade como uma forma auxiliar de luta política.

       Bem sabemos quem utilizava a mentira como forma de poder. Sabemos também aonde foram parar.
       Dizer “nós herdamos do FHC um país muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade” é um desrespeito não só a Fernando Henrique e ao Plano Real, mas é igualmente um achincalhe ao cidadão brasileiro, por presumir uma história de pernas para o ar, em que a mentira e a calúnia calçam o alto coturno e desfazem da obra que procuraram destruir em oposição raivosa e sectária.

       Quiçá as declarações de Lula da Silva tenham sido cozinhadas pelas cerimônias da nova dílmica ordem, em que se outorga a medalha ao ex-presidente por uma Constituição que se recusou a assinar.
       Todos sabemos o que disse o deputado Lula da Silva de José Sarney. Agora, na sua desenfreada revisão histórica, ele chega ao cúmulo de equiparar Sarney a Ulysses Guimarães, como se a Constituição Cidadã devesse tanto ao vice de Tancredo Neves, quanto ao líder das Diretas Já.

      Como disse Joseph N. Welch, em junho de 1954, em audiência pública no Senado, pondo fim ao longo período de domínio do Senador Joseph McCarthy, –“ Será que o Senhor não tem nenhum senso de decência ? Será que o senhor não tem vergonha alguma?” É relevante, Presidente Lula, que o Senhor respeite a opinião pública e a Sociedade Civil. É lamentável verificar que as suas delirantes declarações desta semana mostram que as fontes onde se está abeberando não são as da realidade.
      A mentira é o primeiro e último refúgio do demagogo. E com pitadas de ufanismo, a coisa ainda fica mais apetitosa: “nunca tivemos tanto tempo de estabilidade econômica como temos agora”. Para Lula “não há como o Brasil não virar a quinta (maior) economia do mundo até 2016”.  É mais do que oportuno saber que atualmente somos a sétima economia, e o FMI prevê que cairemos para o oitavo lugar (a Rússia nos ultrapassaria em 2014).

       E se as coisas estão tão bem assim com a sua pupila, porque Lula esteve tentando fazer aprovar autonomia para o Banco Central (um projeto decerto sensato e louvável)? Dona Dilma, entretanto, manifestou contrariedade a Lula que, em seguida, se desdisse. O projeto de Renan Calheiros e de Lula vai dar chabu, pois a presidenta com o seu  autoritarismo e devaneios de poder concentrado  mandou o seu atual favorito Aloizio  Mercadante telefonar a várias pessoas para reiterar que o governo é contra a idéia de garantir autonomia formal para o BC.
           Entende-se que o ex-presidente Lula desfaça do movimento do passe-livre e das manifestações que eclodiram por todos esses brasis. Lula passou a ser um dignitário da política, que não pode gostar da contestação dos jovens às obras faraônicas dos estádios de futebol com o padrão-Fifa, em um pais com as deficiências de transporte público que tem, sem falar nas demais, como saneamento básico, educação, saúde, etc.  Entende-se igualmente que ataque  Marina, porque , a despeito de o que foi feito com a Rede – em um processo em que petismo e chavismo se deram os braços – ela  constitui a ameaça mais séria ao PT, como símbolo operante do poder constituído neste país, poder este a que Lula está umbilicalmente ligado.

                                                                                                      (a continuar)


( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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