sábado, 11 de agosto de 2012

Vergonha em Wembley


       Há tantos anos perseguimos o ouro olímpico no futebol. Também desta feita não seria a hora. Levamos um gol no início da partida, gol besta, fruto da displicência do nr. 02 Rafael  que, ao final, voltaria a mostrar a mesma irresponsabilidade. O zagueiro Juan com esforço hercúleo recupera a bola, e a  passa limpa para Rafael. O lateral direito acha oportuno exibir a sua habilidade, e tenta dar passe de letra. Só então o técnico Mano Menezes resolve tirá-lo da equipe, mas o jogo está nos minutos finais. Na saída, Juan repreende o companheiro, e não creio houvesse alguém na nossa torcida que discordasse da atitude do zagueiro que se esforça, e não consegue entender o que vai na cabeça de Rafael.
       O Brasil chegou a final, mas não querendo parecer adivinho, em verdade nunca me transmitiu a impressão de que estava fadado a ser campeão.Nossa equipe, desajeitada, descosida, tinha o condão de endurecer jogos fáceis, como aquele com o Egito, no qual fizemos três a zero no primeiro tempo, levando,no segundo tempo, dois do bisonho time egípcio, para sofrer um sufoco difícil de entender nos 45 finais.
      As vitórias do Brasil, todas elas de três gols, nenhuma delas trazia a  chancela inequívoca  de um grande time.  Com a  Coreia do Sul,  nossa sorte  foi homérica.  Aos nossos três gols, o árbitro retribuíu com a não-marcação de três penaltis em faltas praticadas pelos nossos beques. Foi o anti-choro: todas as penalidades máximas foram reconhecidas e apontadas pelos próprios comentaristas brasileiros...
      Por isso, quando chegou a hora de a onça beber água, a equipe mal estruturada e mal orientada de Mano Menezes, passou o primeiro tempo, correndo desordenadamente em busca do empate, que nunca chegou, porque Oscar errava muitos passes e Neymar – bem, Neymar é um capítulo à parte. Na verdade, ele lutou muito, mas hoje em nenhum momento justificou todo o futebol que costuma exibir no Santos.
     Errou muitos passes e chutou para fora em instantes nos quais a chance de gol era real. Se um grande jogador sozinho não decide uma partida, então o que vai acontecer quando ele se apresenta de modo sofrível (nesta Olimpíada, o grande craque Neymar foi um cometa que se viu pouquíssimo. Talvez a única exceção haja sido na partida contra a Coreia do Sul. Apesar de desestabilizado pelas vaias da torcida inglesa, teve a calma necessária para converter o pênalti).
     Mano Menezes fracassou duplamente. Não montou taticamente um time – como o fez o técnico mexicano – e para surpresa do deputado Romário, que em futebol sabe das coisas, não conseguiu valer-se da superioridade numérica (no jogo contra a Coreia do Sul) em nenhum momento.
     A seleção do México não é nenhuma maravilha, mas tem  Contreras, goleiro muito superior ao Gabriel (o titular Rafael ficou contundido). Por outro lado, se sente que há um técnico na margem do campo. Soube empregar a arma grupal para inviabilizar a nossa eventual maior habilidade técnica. Essa tal destreza nos brasileiros não a devemos exagerar. Hoje estivemos muito mais para Hulk (que aliás marcou o tento de honra) do que para Neymar.
     O grande mistério na escalação da seleção brasileira foi a sistemática preterição de Lucas, que em verdade jamais receberia a chance de apresentar o seu futebol no São Paulo e agora na sua próxima equipe europeia. Nem em situações calamitosas como a de hoje em Wembley – o juiz inglês, bem fraquinho aliás, deixou correr o jogo e os fouls dos mexicanos, e até não viu a mão na bola de Peralta, em  lance a que só não virou gol mexicano, pela intervenção do providencial Sobrenatural de Almeida. 
     No pandemônio geral da partida, o gol brasileiro, em mais esta derrota contra a seleção azteca, ocorreu já nos acréscimos, quando faltava cerca de um minuto para o fim. E não é que Oscar ainda conseguiu pôr para fora uma cabeçada na pequena área, com tudo a seu favor ?
      Como Dunga no passado, que me desculpe o senhor Mano Menezes mas não há condição para deixá-lo à frente de uma seleção digna de envergar a malha canarinho. Com tais vexames – e não se vá dizer que disputamos o ouro olímpico, e que por azar perdemos – só teremos a ganhar quanto mais prontamente se chamar um técnico para a seleção.
      Resta ao Sr. José Maria Marin, o novo valor a quem Ricardo Teixeira passou a batata quente, como novo presidente da CBF,  agradecer o esforço de Mano Menezes e entregar-lhe o envelope do bilhete azul. 
      É hora de encontrar alguém que esteja à altura das cinco estrelinhas na camisa da seleção. Senão daqui a pouco vão pensar que essas estrelinhas azuis são apenas para efeito estético, bolação de algum costureiro.



(Fonte subsidiária:  Rede Record)

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