A passagem da Primeiro Ministro Theresa
May na reunião comprida em Bruxelas pode não ter sido assim tão patética quanto
demonstrada durante o longo desfazer-se de um plano inviável - deixar, após 46
anos de permanência na U.E., como então armar um hard Brexit, que permitisse de algum modo uma saída soft, acolchoada,
em que o despreparo do atual governo fosse de algum jeito desculpado, como se
todos os antics e as fanfarronadas dos políticos ingleses e da incrível
incompetência do gabinete de Theresa May, e da própria, pensando sempre
possível uma saída macia, malgrado toda a mediocridade de seus preparativos e
dos continuados desacertos, com os infindáveis adiamentos de um processo, que
encetado por David Cameron e ultimado pela May, mais parece um patético procedimento
de políticos ou medíocres, ou sem visão, ou irremediavelmente inferiorizados
diante daqueles dirigentes ingleses que pensaram contornar o arrecife de Gaulle
e ambicionar uma exitosa permanência na comunidade europeia, em que a velha e
orgulhosa ilha de Sua Majestade crescesse diante do desafio de uma nova
organização nacional, em que a hoje decrépita Albion mergulhasse confiante no
Continente, no qual encontraria o hinterland indispensável para um novo sonho de
grandeza, de muitas mãos construído.
Agora, diante do novo-velho desafio,
será estranhável que, a par dos pranks dos gêmeos Johnson, o povo inglês confronte a realidade
do Continente - e assim como tem neste mês de arregaçar mangas para viabilizar as
eleições da comunidade europeia - volte as costas para as fantasias do passado,
e revirando a página das incompetências de Theresa May, submeta-se a um
processo de repensar o que faz pouco lhe parecia impensável, e se aproveite das
aberturas dos antigos companheiros precursores na aventura do Mercado Comum, e
produzam sem tardar um novo referendo, em que os erros do passado próximo
tenham a página virada, como se tudo fosse um mau sonho, que as nostalgias do
passado sejam ninadas, e que o destino europeu de um continente comum esteja
aberto à indústria, à imaginação e a verve da juventude que carece de mais
espaço para fruir das oportunidades que os jovens e menos jovens anseiam ver
realizadas, não em mofinas imitações de passadas glórias, hoje gloriolas, em
que o futuro da Europa está por exigir a busca incessante de um amanhã sem as
velhas fronteiras, de novo entregue aos sonhos dos jovens e dos menos jovens,
que jamais se acovardaram diante dos desafios - sejam eles toynbeeanos ou até
mesmo spenglerianos - de uma nova
tentativa para lidar com o amanhã, esquecendo por um instante as glórias de um
passado que hoje está morto, e que por isso há de motivar os jovens e menos jovens
em revisitar uma Europa que sempre
será um grande, imenso e por que não, maravilhoso desafio da inteligência e do
saber . Cada idade tem os seus pesos, obstáculos, inconvenientes e mesmo
incômodos. Todo povo tem que encontrar
dentro dele próprio a maravilhosa porta para o futuro. Não me venham por isso
macaquear o passado, como se um velho pensasse melhor a mediocridade dos
terrenos batidos e muita vez revisitados, ao invés do desafio de um amanhã, em
que ao contrário de arrastar-nos em torno das cercas de arame das duanas,
revisitemos,com a coragem dos jovens,os reptos de um porvir que já está meio
construído!
( Fontes: The Independent,
Arnold Toynbee e... Oswald Spengler)
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