segunda-feira, 8 de abril de 2019

A irresponsável aposta de Netanyahu



        A falta de princípios parece ser a característica-mor de Bibi Netanyahu.  Instigado, talvez, pela irresponsável decisão de Donald Trump  de desrespeitar uma antiga posição estadunidense quanto a Jerusalém - até Trump, sequer alvitrada por um antecessor seu na Casa Branca -  o 45º presidente americano não trepidou em quebrar o respeito à comunidade árabe, ao trazer para Jerusalém - cidade santa para as religiões judaica, cristã e árabe - a capital do estado de Israel, dando assim à direita israelense um peso e uma força que jamais tivera antes.
         Para levar avante o seu propósito, como trator de terraplenagem, Trump, - com o escopo de agradar à ultra-direita americana - sequer trepidou em pesar essa quebra frontal do respeito entre as três religiões,  mais pensando em reforçar-se junto à ultra-direita (e ao grupo de pressão israelense), do que nas disposições sensatas, que buscavam assegurar um mínimo de direitos aos Povos do Livro, e por conseguinte não só ao povo judaico, mas aos demais do Livro, vale dizer a árabes e  cristãos.

           Detalhes não são o forte de Mr Donald Trump, e dessarte ele pensa tudo poder resolver à la longue como se fora máquina de terraplanagem.

            Os grandes demagogos convivem com dificuldade com a democracia, dado o complexo jogo que a caracteriza, na sua busca constante de que os direitos de cada um venham a ser respeitados.
              Netanyahu, hoje chefe do Likud, e resolvidos (por ora) os seus problemas com a Lei,  pensa aproveitar-se da atmosfera permissiva criada por seu modelo Trump, e solucionar estranhamente as suas dificuldades eleitorais com promessas realmente deletérias, como esta última extrema irresponsabilidade, a de anexar uma área ocupada - a dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.
     
               Bibi Netanyahu se crê um homem prático, e por isso quer vencer o general Benny Gantz, através da declaração da "soberania israelense sobre a Cisjordânia". Como disse Riad Malki, chanceler da autoridade palestina, "Mas se Netanyahu declarar a soberania israelense  sobre a Cisjordânia, então terá de lidar com 4,5 milhões de palestinos.O quê fazer com eles ?".  Estamos diante do cúmulo da irresponsabilidade, mas também diante do ápice do desrespeito ao povo árabe.
    
                  Será que Netanyahu pensa nas diversas e graves consequências  que uma decisão desse gênero poderá desencadear ? Ou pouco se importa, ao trazer para o mundo moderno um equivalente pré-revolucionário do après moi le déluge ? 


( Fontes:  The Economist, O Estado de S. Paulo )

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