quinta-feira, 25 de julho de 2019

Um País, dois sistemas ?


                                   

         Os termos do acordo entre o Reino Unido e a República Popular da China foram relembrados pelo porta-voz do Ministério da Defesa,  coronel Wu Qian, e de uma forma que mostra claramente quem pensa estar intitulado a interpretar o princípio básico do acordo  da China com o Reino Unido, um país, dois sistemas.
             Na virada do século, Londres negociara a sua saída da colônia, sob a condição de que se respeitaria o lema acima: um país, dois sistemas.

              A decisão de Beijing afirma, como seria de esperar pelo seu comportamento precedente, o princípio leonino da lei do mais forte. Além de encarregar da resposta o Ministério da Defesa, através do coronel Wu Qian, é o caso de perguntar de que vale o dito princípio basilar de "um país, dois sistemas" na cínica interpretação do poder central chinês, se ele sequer assegura que o princípio da democracia - por que é disso que se trata - valha em qualquer recanto do Império chinês, e muito menos  no pequeno enclave de Hong Kong?

                 O que deve ser dito de maneira inequívoca é que Beijing desrespeita  - e o faz acintosamente - a base do acordo entre o Reino Unido e a RPC. Não há mais abrigo para a democracia nesse Império, nem em Xikiang, nem no Tibet, e muito menos, por conseguinte, na pequena colônia de Hong Kong. É a pesada lei de Breno, nos primórdios da República Romana, quando jogou sua espada na balança para reforçar os próprios direitos que os romanos intentavam contestar.   


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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