quarta-feira, 24 de julho de 2019

O Fanfarrão no Poder


                         

       O conservador britânico Boris Johnson foi oficializado a 23 de julho corrente como novo Primeiro Ministro do Reino Unido.  Substitui  Theresa May, que em uma reunião inicial surgira sentada em um trenzinho, com as mãos dadas a Donald Trump.
          Vejamos se esse Prime Minister, que dizem parecer-se com o modelo Trump será tão eficaz quanto ao seu profuso otimismo, que ele exibe nas fotos com os polegares levantados, ou com as mãos abertas em gesto que parece a muitos ou desconexo, ou de cheer leader de uma estranha banda que por perto não se vê.  

            Há algo de juvenil nesse cinquentão, em quadro que pode parecer até inquietante. Piruetas à parte,  o legado de Theresa May não é decerto invejável, inclusive com a bancada do Ulster que fora chamada às pressas pela antecessora,  para consertar a desastrosa tentativa da May de ter um gabinete com forte sustentação no Parlamento.  A tentativa de independência dessa última deixa Johnson com o apoio de um partido menor, da Irlanda protestante,  que em termos de votos tem poucos e bastante caros em termos de consequências para  o atual suporte do partido governante.
                 Também em termos de Europa, o panorama visto da ponte não é nada animador.  Por enquanto, Boris fala grosso, pensando que vai incutir medo ô nas raposas europeias.

                    David Cameron, o antecessor da antecessora May,  passava, os pés leves e ligeiros, pelos grandes salões de Bruxelas, com o nariz levantado, naquela jeitão conhecido do leve desconforto com os continentais. Culminou a passagem  com a renúncia depois da vergonhosa calinada  - convocando um referendo desnecessário e, portanto, errado, na estação errada... Deu no que deu...

                      Agora, o juvenil Boris Johnson fala grosso, quando deveria não falar fino, mas modular a voz.  Bancar o valentão não lhe ajudará muito, e muito menos ameaçar quando tem as mãos vazias.  Não vejo o Brexit nos jovens da Inglaterra, e naqueles que lamentam as oportunidades perdidas  além dos brancos penhascos de Dover. Porque essa estória de debochar dos continentals e desses países longínquos de que um senhor  - que não era Winston Churchill - disse que de nada sabia, nem deles, nem de suas paragens, tudo isso pertence a História, e foi para que ela não se repetisse que tantos pensaram em reatar perdidas amizades e perdidos contatos.

(Fontes: O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Sir Arthur Neville Chamberlain.)

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