sábado, 13 de setembro de 2014

Por que votarei em Marina

                                 
 

        A candidatura de Marina Silva surgiu no movimento do passe-livre, em junho de 2013. Pouco importa que naquele momento histórico tal postulação fosse sequer mencionada.

        Então, a juventude paulistana começava a passar o Brasil a limpo. E essa terra grande da Santa Cruz, a sua maneira, entendeu a mensagem. Pois o fogo, que revive as searas e as liberta do restolho, se espalhou por todos esses brasis, nele carregando os esquecidos princípios que o longo domínio da corrupção e da partidocracia fizera dormitar por muitos anos de cinismo.

         Em todas as revoluções – e ai daqueles que persistirem em aferrar-se ao passado, pensando trazê-lo de volta, travestido em roupas de ocasião – encontraremos sempre os que ou as negam de pé junto, ou acreditam possível, a despeito de o que são, pular na boléia alheia e instrumentalizá-la para os próprios fins.

         Marina traz na sua expressão corporal o reflexo inequívoco de suas ideias que são também os respectivos ideais, que compartilha com um largo movimento.

         O Brasil está cansado da mentira institucional, e de suas múltiplas criaturas. Tomemos a corrupção, por exemplo, que hoje se alastra por toda a parte, mostrando a sua carantonha nos poderes da república e no afinco com que desvia da pesada carga tributária, através de miríades de ralos, o dinheiro público que nos falta nas estradas, nas escolas, nos hospitais e onde quer que a sua ganância ponha as vistas cúpidas.

          É a velha estória da corrupção alçada na curul do palácio, mostrando no riso largo a soberba de longas carreiras feitas de sombras e enganos.

          Marina surgiu na presente eleição pela porta secundária da vice-candidatura. Não foi por guiar-se pela ávida ambição, porque concordou em ser a segunda da chapa de Eduardo Campos, candidato mais jovem, que vindo de bem-sucedido governo de estado postulava, por primeira vez, a presidência.

          Todos sabemos como a candidatura presidencial fora negada à Marina, pela porta de novo partido ambientalista. Em tal ocasião, se assinale, para sua honra, a postura isolada do Ministro Gilmar Mendes.

           Sem embargo, as artimanhas de um poder que se alevanta arrogante e astuto, a fatalidade as golpearia, com força súbita e decisiva.

           Porque as páginas do destino se abrem caprichosas, a desfazer artimanhas e empecilhos de quem se acredita uma espécie de deus ex-machina, como se, nesse latifúndio, pudesse dispor da sorte de um Povo.

           A caminhada de Marina Silva não será fácil. Se, para ela, isto não é novidade – a sua expressão corporal, a ascética magreza – eis que não é dádiva, mas resultado de longa e árdua trajetória, no semblante e na aparência é um retrato de Brasil, confinado e escanteado por muito, e que pede, no gesto a firme delicadeza, passagem.

           Não surpreende que o status quo esteja assustado, e que o Líder Máximo se empenhe de todo modo para vencê-la. Pois se a sutileza não é o seu forte, não medirá esforço ou denodo, e pretende valer-se de todos os petrechos de um poder longamente construído, que não ignora, contudo, ser o mando o sangue que lhe corre nas veias. A sua pujança será também a própria fraqueza, pois a sua condição está no paradoxo do vencer ou vencer.

                Como os anos lhe roubaram a autenticidade,  a sua trajetória não permite reveses de tal natureza.

                Marina traz na singeleza a própria força. Não pleiteia a reeleição – esse câncer que corrói o tecido político do Brasil – e está pronta, como os antigos Cônsules romanos a cumprir um mandato simples, e depois retirar-se.

                O princípio é mais importante do que a ambição pessoal.

                Nós brasileiros, devemos saudá-la e apoiá-la. Por mais que o poder encastelado se lance contra ela, negando-lhe espaços, enquanto se reserva os largos domínios dos seus cantos de sereia, a fé e a  firmeza estão na sua natureza.

                Essa história é antiga.  O poder acaba acreditando na própria húbris, Nem as mentiras do palácio são verdade, nem o Povo, de que Marina é a expressão, será tolo ou ingênuo.

                É nas veredas e vielas da vida de todo dia, que ele convive com a verdade. A ficção representa um retrato oportunista dessa realidade, que, ironicamente, é pago com o dinheiro do Povo.

               Para mim, é mais do que tempo de pôr um termo a essa longa peça que nos é pregada.

               E, eleitor amigo, a saída é simples: basta o voto consciente que, pasmem, tem feito maravilhas através da História.                 

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