quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Marina : Sabatina de O Globo

                               

         De início, um comentário genérico, mas indispensável. Não entrevi em nenhum momento durante o longo interrogatório a que foi submetida, que a candidata Marina Silva (PSB) aparentasse dificuldade ou intentasse desviar a pergunta, como se nela houvesse algum aspecto que devesse ser ocultado.

         Questões tolas, artificiais e até maldosas, não faltaram. Marina demonstrou, como sempre, o que os brasileiros se estão conscientizando cada vez mais. Se alguém deseja colocá-la em dificuldade, com   desígnio  de atraí-la a declarações que possam ser instrumentalizadas posteriormente, não está dito que isso seja impossível, mas pelo conhecimento demonstrado nas matérias debatidas, pode-se adiantar aos candidatos a acusadores que as suas possibilidades são diminutas e na maior parte dos casos tendem para zero. Tal foi verificado com a colaboração involuntária de alguns medalhões da equipe global.

         Para dar à sessão conotação positiva, o espectador só pode reclamar das deficiências ocasionais de manutenção pelo site da Globo, no que tange à entrevista. Por cerca de três vezes, a imagem caíu e o som desapareceu. Felizmente, mais para o fim da entrevista isso não mais ocorreu.

         Marina pôde esclarecer o possível quanto às diversas cascas de banana que alguns experientes repórteres tentaram jogar-lhe. Ela manteve sempre a fleuma, respondeu à eventual pergunta de forma ampla, sincera e, quando possível, exaustiva.

          Com abrangente conhecimento do programa de sua candidatura – frise-se que recebe perguntas quem submete esse tipo de documento, o que não foi feito nem pelo PT de Dona Dilma, nem pelo PSDB de Aécio – Marina respondeu de forma ampla e satisfatória as diversas questões, a começar pelas inverdades relativas ao pré-sal.

           Ouvi-la falar, com a sua segurança e domínio dos temas, já é experiência que impressiona e cativa. Não teve dificuldade em responder ao que quer que fosse, mesmo em se tratando de intentos à maneira dos antigos partas (que, de costas e em retirada, costumavam lançar perigosas  setas contra adversários que pensavam estar em vitoriosa perseguição).  Não gaguejou, não titubeou e sobre tudo tinha um raciocínio coerente e estruturado. Não estava respondendo a questionário que conhecesse de antemão, e, não obstante, enfrentava a questão de forma aberta, clara e sem tergiversações.

              Tampouco atacou os seus dois adversários. Somente lamentou que intentem desconstrui-la com colocações não corroboradas pelos fatos, feitas em geral na sua ausência.

              Marina me impressionou pela firmeza na argumentação, que se estendeu a temas delicados e mesmo difíceis, como o reservado para o fim, relativo à situação do avião de Eduardo Campos. Desarmou a questionante o fato de responde-lo sem evasivas, e limitando-se ao que está em processo.

              Outras intervenções lapidares foram aquelas concernentes ao pré-sal (e às ilações fantasiosas), de religião (e da conversão evangélica), de implicações da fé na política, do instituto da reeleição, de projeto de novo Brasil, de tempo (ou falta de tempo) para a publicidade eleitoral, da sua  experiência política e de todas as versões e ocasionais inverdades a que os adversários não se cansam de recorrer.

                Uma recomendação aplicada a todos os telespectadores ou ouvintes, no caso de falta ocasional de imagem (por culpa do site do jornalão): se estiverem armados de boa fé, não esperem aí encontrar matéria para alavancar as campanhas adversárias.

                Por isso, recomendo: se V. é adversário de Marina, mesmo sem conhecê-la, encareço vivamente que evite assistir a suas entrevistas. Pois corre o grave risco de aí verificar que no Brasil de hoje cresce formidável candidata, que tem caráter, conhecimento, prática e experiência no mister para tornar-se uma grande presidente.

 

( Fonte:  Site de O Globo )   

Nenhum comentário: