domingo, 21 de setembro de 2014

Corrupção de Regime na Petrobrás ?


                       
         Os escândalos na Petrobrás se sucedem. Como se verifica, não se tratam de operações isoladas na megaempresa.

          Há uma sequência (pattern), que se estende às grandes operações (Pasadena, refinaria Abreu e Lima). Dá para entender agora as dificuldades da Petrobrás, a maior empresa nacional, garroteada por preços inflados.

          Infelizmente, a absurda diferença de preço nas transações relativas à refinaria de Pasadena não pôde ser examinada para valer, pela fraqueza numérica da oposição e o esmagador domínio da maioria, dominada pelo PT.

          O sonoro, estridente despacho de Dilma Rousseff em resposta à pergunta de repórter,  mereceu muito alarde, mas no final de contas não correspondeu às expectativas levantadas.

          No caso dessa velha refinaria, o que choca é a brutal diferença nas cotações e o quanto a empresa teve de pagar a maior. Por mais circunspectas e compostas que tenham sido as explicações dos dirigentes implicados na operação, pairou sempre, teimosa, a estranha discrepância nos valores. Assim, por mais técnicos que fossem os esclarecimentos, persistia a sensação de que os dados não batiam, e por isso devoravam – como nos enigmas – a credibilidade das autoridades.

           Graças à Polícia Federal e à Operação Lava-Jato, se pôde pilhar uma série de ilícitos ligados à Petrobrás, como a transferência pelo doleiro Alberto Youssef  de US$ 444,6 milhões, por meio de operações fictícias de exportação e importação.

            A atividade de Youssef se iniciou, no que tange a ‘contratações de bens e serviços para a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco’ que eram negociadas por Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da estatal, que hoje também está preso.

             Dessa teia de ilícitos que pesou sobre a empresa, teriam participado mais dois diretores – apontados por Paulo Roberto no esquema da delação premiada – Renato Duque (que teria sido indicado por José Dirceu) e que seria próximo de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. O outro diretor incriminado é Nestor Cerveró.

             Todo esse escândalo parece ainda mais grave, pela maneira com que se tentou justificar o injustificável. Ficou no respeitável público – que somos todos nós, ainda mais porque a Petróleo Brasileiro S.A. sempre foi considerada como a jóia da coroa, a maior empresa nacional, fonte de orgulho para quem ainda se crê patriota – uma impressão de que há muita coisa não respondida.

            A Petrobrás não é propriedade do partido do governo. A grita com a tentativa da Petrobrax era válida, e por isso foi apoiada pela opinião pública. Mas essa do PT de se apossar dos órgãos públicos e loteá-los, tampouco deve ser aceito.

             A Petrobrás, cuja lei inicial foi assinada pelo Presidente Getúlio Vargas, em seu último governo, é propriedade do Povo brasileiro, e por isso os governos – como o do PT – devem tratá-la com o respeito devido, e não com o que estão fazendo com ela agora, a exemplo de tantas outras empresas públicas.

 

( Fonte:  O Globo )

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