terça-feira, 9 de setembro de 2014

Percalços na Campanha


                                      
Dilma não sabia de nada

 
      Com o lenço no nariz, Dilma diz que nunca soube de ‘malfeitos’ na Petrobrás. Como é notório, malfeito em dilmês quer dizer, trocando em miúdos, corrupção. Mas trata-se de descrição vaga, feita com o lenço no nariz, que não se arrisca a prejulgar a gravidade ou não do ‘erro’ cometido por algum auxiliar.
       Apareceu bastante, como se recordará o leitor, na chamada faxina, que, apesar de render boas avaliações do público, foi deixada pelo caminho, a ponto de um ministro  ser demitido pelo motivo oposto - era demasiado honesto. A Presidenta teve de exonerá-lo, por imposição partidária.

       Este anti-fasto mereceria maior atenção, não fosse por assinalar quão baixo podem descer os costumes políticos. Sem falar da fraqueza de presidente que admite curvar-se à tal absurda exigência.
       Não surpreende, de resto, que a grande imprensa como a Folha trate de forma irônica a assertiva da Primeira Mandatária. Basta olhar seu currículo, que ,se não inclui nenhuma eleição até 2010, tem longo registro de atividade no campo das minas e energia desde os tempos rio-grandenses. Afinal de contas, ela não acompanhou como Ministra das Minas e Energia as questões da Petrobrás, não integrou-lhe o Conselho quando na chefia da Casa Civil, a ponto de inscrever, em insólita entrevista ao Estadão, opinião que foi furou na mídia pela alegada imprudência do desabafo ?

       Como no poema famoso, terá sempre passado a vida em branca nuvem, nada vendo de questionável ou intrigante com a auxiliar tão próxima Erenice Guerra e agora com a nossa tão maltratada Petróleo Brasileiro S.A., a que estultamente quiçá muitos brasileiros pensaram seria melhor tratada pela gente de Lula e de todas as corrente do PT do que pelos neoliberais da  safra de FHC ?

 

Marina e o Pré-Sal

 
          Surpreenderam igualmente, mas desta feita pela inépcia, as declarações da candidata Marina no que tange ao pré-sal e a sua prioridade. A postulante presidencial pelo PSB cometeu singular imprudência ao     tratar desse tópico – de que tanto se espera ou se diz esperar – e de que Nosso Guia enche a boca para entoar as loas.
            É uma riqueza que dizem imensa, mas cujas implicações exigem estudo aturado e abrangente, além de expor-se à maior prova de todas, que é  passar dos cânticos e panegíricos para o terreno pedregoso e íngreme da realidade dos fatos.

            Como está no futuro, que dizem a Deus pertence, há muito a sondar, testar e determinar antes que se chegue aos finalmente. Nesse contexto, cabe sempre consultar o que diz o mercado.

            O Brasil e seus preclaros líderes, como o gárrulo ex-torneiro mecânico, a quem a leitura provoca azia, e que não cessa de elogiar o que nos propiciará esta cornucópia que os fundos mares encerram.

            Por isso, imitando talvez aquela candidata que faz tempo no aperto de campanha municipal resolveu mandar às favas a biografia e a coerência, Lula da Silva não pergunta como o mercado reagirá ao súbito e miraculoso acúmulo da oferta do ouro negro, nem se a sua riqueza aguentará o tranco do excesso de combustível fóssil em tempos de efeito estufa e de mal-avisada preferência por aqueles não-poluentes, e que menos contribuem para a temperatura média nos oceanos ?

 

Marina é a bola da vez ?

 
                  Por vezes, me vejo forçado a concordar com o Imortal Merval Pereira. Não há negar que para os dois assustados candidatos – Dilma e AécioMarina constitui um alvo de circunstância dos mais tentadores.

                 A campanha de Aécio Neves fora construída sob a premissa de que seria o desafiante, dada a situação de júnior, nas pesquisas, de Eduardo Campos. A imprevisibilidade das Parcas pôs tudo isso a perder,  e eis que o maior governador de Minas de todos os tempos  - a fonte é conhecida – se viu de repente em madrasta situação.

                  Não lhe resta, no seu entender, outra saída, senão o ataque contra a rival Marina, o que faz com inegável desenvoltura e largas pitadas de cinismo, pois lhe increpa imaginárias culpas em coisas com que ela pouco tem a ver, e por outras em que de cara deslavada lhe exige renúncias ou decisões que mais parecem saídas das apóstrofes de desesperados que não se preocupam com um mínimo de respeito à justiça ou à própria realidade.

                   Dentro do respeito à ética que o candidato das Alterosas  apregoa, outra postura  que deveria ter sempre presente seria a de evitar contradições nos próprios reclamos.

 

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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