quarta-feira, 7 de maio de 2014

Mundo, mundo, vasto mundo

                            

Caos climático anunciado

 
      Os líderes mundiais, com muito poucas exceções, não estão nem aí para tomar as medidas necessárias e indispensáveis para enfrentar o desafio do aquecimento global. Para os incautos, eles adotam posições ditas proativas, mas que na verdade apenas contornam o problema. Com promessas que não terão respaldo mais adiante, eles pensam ganhar o dia, enquanto perdem o futuro.

      O que deveria ser causa de união incentiva o dissídio. Julgando que o desafio é problema geral, muitos se encolhem, e outros falam, mas não agem. Em lógica insana, pensam que se a questão é geral, na verdade não seria de ninguém, na medida em que a falência isolada lhes parece mais facilmente escamoteável. Quando a união é mais do que necessária, eles crêem contorná-la com falsos questionamentos, que, em verdade, a nada conduzem em termos positivos.

      É difícil classificar essa atitude dos políticos das primeiras décadas do século XXI. Fortes no discurso, mas fracos, indigentes na práxis. Nesse campo, há dois tipos de negacionistas: os de má-fé, que encontramos no setor petroleiro, entre outros, que se recusam a encarar o evidente, sendo capazes inclusive de engajar falsos (ou desonestos) cientistas  para emprestar enganosos fundamentos para as suas teses, que poderiam ser descritas ‘estou me lixando do desastre mais-além, desde que não seja para a minha geração’; e os mais que antes se denominava de burros dinâmicos, que têm o fraco de descrer das evidências e de acreditar nas lorotas que lhes servem.

      Quanto aos mais preparados, muitos são fortes no discurso e nas avaliações do momento. Mas infelizmente, por miopia ou oportunismo, preferem cortejar aqueles que pensam poder ir levando, sem tomar providências com o peso que a situação exige, mas borrifando as crises com frases de efeito, que parecem desvelar um empenho e continuidade que os meses seguintes desmentirão.

      Os cientistas – quiçá o diga o futuro – semelham cassandras que com textos concisos e objetivos apontam para verdades do amanhã, sem que quem lhes ouve ou lê empreste maior tento e ameaça para a situação que desenham.

      Essas observações me vieram  ao ler notícia no New York Times acerca de relatório de cientistas que acaba de ser divulgado:

      As mudanças climáticas induzidas pelo homem estão sendo sentidas em todos os cantos dos Estados Unidos, assevera o relatório.

      A água escasseia nas regiões áridas, as chuvas torrenciais aumentam nas úmidas. As ondas de calor ficam mais prováveis e mais rigorosas.

      Por outro lado, os incêndios florestais pioram e as florestas vão desaparecendo sob o ataque de insetos que gostam do calor (heat-loving).

     Tais mudanças foram causadas por aquecimento de menos de dois graus Fahrenheit (pouco mais de um grau Celsius) em quase todas as áreas dos Estados Unidos no século passado (sec.XX). Se os gases estufa como dióxido de carbono  e metano  continuarem a avançar rapidamente, o aquecimento poderá exceder a dez graus Fahrenheit no fim do corrente século XXI.

     Como conclusão os cientistas estadunidenses afirmam: ‘A mudança climática, antes considerada uma questão para o futuro distante, adentra firmemente no presente’.

     Será que tal advertência vai ser levada a sério? Se levarmos em conta o passado, os prognósticos não são bons.

     Mas como a esperança é a última que morre, pode ser que desta vez...

 

 

( Fontes: Carlos Drummond de Andrade, ‘The New York Times’ )

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