segunda-feira, 12 de maio de 2014

Diário da Mídia (XVII)

                
 
A releitura das pesquisas

 
                Segundo o colunista Ricardo Noblat o mais importante de uma pesquisa eleitoral não é isoladamente o índice da intenção de votos de cada candidato. O que valeria mais seriam as eventuais tendências que uma pesquisa fosse capaz de detectar.
                Nessa linha de raciocínio, o Datafolha e outros institutos assinalam o signo da mudança. Nesse contexto, 74% dos ouvidos pelo Datafolha responderam  que o futuro presidente deve governar diferente da maneira com que o país vem sendo governado no último quadriênio. 

               Em tal contexto, a mensagem não poderia ser mais clara: a mudança é o signo!

              E quem reúne mais preferências nesse sentido? Lula ! O ex-presidente tem 38% dos favores nesse sentido, e no PT, chega a 75%. No entanto, se Dilma persistir, Lula da Silva não concorrerá.

             De acordo com suas declarações, Dilma não pretende ceder a vaga a Lula. No entanto, se a sua popularidade continuar com viés de queda – e o ex-presidente a subir, a dinâmica política tenderá a fazer-se sentir.

             Além disso, permito-me acrescentar que o fator salvação in extremis poderá precipitar as coisas. Afirmações de intransigência voluntarista muita vez fenecem rápido, diante de quadro negativo e uma situação manifestamente fora de controle. A perspectiva da derrota tende a afastar as boas maneiras, e a criar situações novas, que antes não eram nem imagináveis, nem admissíveis.

             Quanto um transatlântico ameaça afundar, não são só as ratazanas que saem dos porões na busca de uma saída – qualquer saída.

 

Excesso de Lixo Nuclear

 
            Por vezes me pergunto em que planeta vivem os nossos expertos energéticos. Se há uma tendência clara no campo das fontes de energia, está na recusa por diversos países de prosseguir na via nuclear. Tal se deve sobretudo aos efeitos deletérios relacionados com a produção dessa energia. Não são apenas Three Mile Island, Tchernobyl e Fukushima. Esta última foi a usina no Japão que, por força de tsunami recente, veio a tornar inutilizável por largo período o entorno dessa planta. Tal correspondia à então política japonesa, em que, por causa da pobreza energética do arquipélago, Tóquio  instalara naquela área, como se a opção nuclear fosse a única.

           Na Europa, a Alemanha de Angela Merkel tem sinalizado a reversão no emprego da opção nuclear.
           Não é apenas por considerações ambientalistas estritas que tais preferências tem sido externadas, com marcado viés anti-nuclear.

           Que o Brasil, país-continente, com toda a gama possível de opções energéticas que existem em nosso território, já tenha construído três usinas nucleares – e pense ainda numa quarta – é o cumulo da insensatez.

           Hoje o noticiário nos diz que o “Lixo nuclear ameaça parar usinas de Angra”. Em ulterior sinal de falta de planejamento, se indica que os “depósitos de rejeitos radioativos estão à beira do esgotamento”.

         Que em Pindorama se continue a pensar em usina nuclear diante dos perigos que esse tipo de opção apresenta, e além disso de construí-las próximas de núcleos demográficos relevantes, como as localizadas em Cubatão, foge por inteiro ao bom senso.

         A chamada indústria limpa apresenta mais problemas do que a razão possa imaginar, como os desastres ambientais a ela conexos mostram com sinistra e abundante cópia de pormenores.

         Já se falou que um parque de indústria eólica permanece inaproveitado por falta de conexão com ...  a rede energética. A par da eólia, o Brasil, este país ensolarado, é milionário na energia solar, e, sem embargo, nada se faz para que mais esse setor receba a atenção e a prioridade devidas.

         E além das malfadadas térmicas – chamadas às carreiras – para suprir o déficit da energia hidrelétrica (que permanece uma grande opção, malgrado os acidentes das secas, muitas delas causadas pelo bicho homem)  - há muitas  outras fontes de energia, que não trazem o malefício da nuclear.

 
Imperdível

 
 Está realmente imperdível a crônica “Retrato Falado”, de Ferreira Gullar, na Ilustrada, da Folha de S. Paulo, de ontem. Apenas acrescento que o dito retrato se refere a Lula.

 

 

(Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )  

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