quinta-feira, 15 de maio de 2014

Inflação

                                                

       Mais uma vez, o Governo Dilma Rousseff promete uma coisa e faz outra. A partir de dezembro de 2006 até março de 2014, o total dos empréstimos do Tesouro ao BNDES saltou de R$ 9,9 bilhões  (0,4% do PIB) para R$ 414 bilhões (8,4% do PIB). Nesta semana, o governo pediu ao Congresso a liberação de R$ 30 bilhões. Esses falsos empréstimos são manobra para enganar a contabilidade da dívida líquida.  Pois salta aos olhos que o BNDES jamais pagará isso ao Tesouro. Esses supostos empréstimos ao Banco na verdade configuram criação de dinheiro.

       Ora, dinheiro público carece de uma base fiscal (v.g., corresponder a fundos oriundos de tributos) para que não seja inflacionário. ‘Criar’ dinheiro para atender às respectivas despesas é voltar ao tempo das emissões sem lastro fiscal. De novo a chamada contabilidade ‘criativa’, que não engana a ninguém e muito menos ao dragão.

      Com relação a esse governo – que gasta muito além de seus fundos orçamentários – não é possível logicamente acreditar na possibilidade que estaria reformado, vale dizer, disposto a respeitar os compromissos de administrações ortodoxas, aquelas que fazem o dever de casa.

     O ‘discurso da austeridade’ não durou três meses. A esse respeito, semelha muito relevante o testemunho do economista Felipe Salto, da ‘Tendências Consultoria’, que é citado na coluna de Miriam Leitão: ‘Quando houve o anúncio do contingenciamento, demos um voto de confiança. O governo parecia ir pelo caminho de mais austeridade e controle de gastos porque havia o risco de rebaixamento da nota de crédito. Erramos nessa análise, porque o compromisso não durou três meses.’

     Infelizmente, acreditar nas promessas de Dilma Rousseff e de seu Ministro Guido Mantega, como os seguidos desmentidos factuais apontam de forma incontornável, não é mais dar prova de credulidade e sim de falta de um mínimo de razão prática.

     Toda a atuação desse governo indica claramente que as suas mudanças de rumo tem compasso e tempo certos. Quem acredita nessa administração e nas suas promessas, e assim continua se pautando pelos suaves discursos da esperança e da reencontrada retidão, dá embaraçosa prova de irresistível inclinação a ser iludido. É como diz o personagem: ‘me engana que eu gosto’.

 

 

(Fonte: O Globo)

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