terça-feira, 20 de maio de 2014

Greve das polícias ou da Política ?


                         

          Nesse grevismo que vem assinalando as semanas que antecedem a Copa do Mundo, a que se depara a cidadania no Brasil?  Quando o presidente Lula da Silva teceu a estratégia para viabilizar a Copa do Mundo no Brasil em 2014, assim como, secundado pelo Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes, levou avante o projeto de sediar as Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, cabe perguntar como via ele este grande desafio para a nacionalidade brasileira?

         Era decerto momento diferente do atual. Havia um sentido de realização e de progressão, que se refletia no avanço do PIB, nas perspectivas dos BRICs e na projeção de uma maior presença de nossa terra, a qual se explicitava na superação pelo Brasil da economia do Reino Unido.

          Mais do que o incremento de um dígito na informal classificação mundial, nos animava a consciência do movimento de progresso, com a abertura de novas e risonhas perspectivas. Vivíamos a fase de otimismo, e era com acrescida confiança que encarávamos  esses eventos, vistos  como etapas em nossa progressão. Nesse sentido, Copa do Mundo e Olimpíadas não se sucediam por acaso, mas constituíam verdadeiras construções na caminhada do Povo brasileiro na senda do desenvolvimento e da realização plena diante das demais grandes nações.

          Em outras palavras, com passadas seguras deixaríamos para trás a sovada imagem do pays de là-bas e galgaríamos, com serena firmeza, ao plano superior, ao andar de cima, dentro de selecionado grupo de países realizados e afirmados.

           Não havia nada de ingênuo nesse plano, que para muitos corresponderia à consequência natural do projeto nacional. A sua organicidade se encaixaria em fluxo natural, como se estivéssemos visualizando a própria ascensão em grande e metafórica escala.

           Não obstante o referido acima, se alguém hoje se animasse a expor como se tal fora um plano em via de realização, seria difícil não sopitar o riso.

           A atmosfera circundante mudou, e de forma radical. A confiança e, mesmo, a convicção de antes, as soprou para longe o vento do descrédito. Mal comparando, talvez estivéssemos diante daquelas bruscas transformações atmosféricas, em que a intempérie e até a borrasca enxotam as remanescentes lembranças de tempos mais felizes e de visões mais gratificantes.

                Com elas veio o pessimismo e outras projeções, em que se encaram os eventos dentro de perspectiva de ponta-cabeça.

                Nessa escadaria, ao invés de subir, nos descobrimos a descambar para o aproveitamento imediatista destas grandes ocasiões. Desse modo, as coisas não têm mais valor por si só, nem refletem a elevação natural da sociedade, mas passam a ser encaradas como oportunidades adjetivas de lucro e benefício.

               Esse ganho, no entanto, não é geral, nem é a consequência da realização bem-sucedida do evento, mas constitui proveito adjetivo e setorial, que cada ramo da sociedade se propõe conseguir, não em movimento conjunto que seria a decorrência de grande e abrangente obra.

               O que se vê é o auge do oportunismo particularista, que busca auferir vantagens através da extorsão junto às direções de governo em todos os seus níveis. Não é  jogo de adição, mas sim de subtração, que manda à breca, por conta de benefícios oportunistas, qualquer consideração de organicidade e de atendimento ao bem comum.

               O cinismo constitui a norma de ação, e a pilhagem, distribuída consoante a capacidade dos grupos sociais envolvidos, o eficaz instrumento da ação motivada pelo grande certâmen.

               E como dizia a velha canção: e que tudo mais vá para o inferno!         

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