terça-feira, 17 de setembro de 2013

Notícias direto do Front

                              

Problemas para Angela Merkel ?

 
       Como já foi referido, a eleição na Baviera, se concluída com a vitória da CSU[1], que substitui a CDU[2] naquele estado, levantou um problema, que pode ou não refletir-se no pleito nacional de 22 de setembro.
       É tranquila a vantagem, em termos pessoais, da Chanceler Merkel sobre o seu concorrente Peer Steinbruck, da SPD[3]. Sem embargo, a eleição bávara acendeu luz vermelha de alarme no que tange ao FDP[4], enquanto os democratas livres patinaram em 3% no percentual de votos, o que, dada a exigência mínima de 5%, os afastaram de participação naquele governo estadual.
      A questão que se coloca é se o FDP logrará atingir a quota legal de 5%. Se tal não for possível - o que somente as urnas do domingo vindouro podem determinar - a votação para a CDU não a habilitará a formar um gabinete sem alianças de partidos menores, colocando-se,então, a alternativa da chamada grande coalizão, vale dizer CDU-SPD.
      Em tais condições, o social-democrata SPD, estando mais à esquerda, teria uma posição relativamente mais favorável para dar ao novo gabinete uma orientação determinada, menos dependente da posição da CDU e da Chanceler Merkel.
      Tudo há de depender – diante da vantagem dada como certa da Merkel sobre Steinbruck – da possibilidade ou não dos democratas-livres  de alcançarem a barra dos 5%. É um obstáculo perene para os pequenos partidos na Alemanha – além do Reno não é muito apreciada a pulverização partidária. Nesse contexto, me parece relevante que se contraponha a regulamentação alemã (que estabelece a barreira dos 5% para evitar a proliferação de pequenos partidos), com a orientação imposta por nosso STF, que não admite cerceamentos ideológicos, a ponto de admitir 32 partidos em Pindorama, com a consequente proliferação de legendas oportunistas por estas bandas. Nesta faixa eleitoral, a 22 de setembro, será o obstáculo principal para os verdes e para partidos oportunistas, como o derradeiro, formado em oposição ao euro.
      De qualquer forma, se a grande coalizão for a única saída, o candidato da SPD já fez saber de que não participaria de gabinete sob a direção de Angela Merkel. Como tal já ocorreu no passado, não se sabe se a recusa se deve à experiência pregressa, ou é ulterior demonstração de independência, com vistas a não dar eventual sinalização de subordinação do candidato da SPD à Chanceler Merkel.

 
A saída de Larry Summers

 
      O preferido da Casa Branca, Lawrence H. Summers, para suceder a Ben S. Bernanke, como presidente do Federal Reserve Bank, resolveu renunciar à sua pretensão.  O fundamento da decisão é que Larry Summers verificou não ter o apoio da maioria dos democratas no Congresso.
      Ficaria então o campo aberto para Janet L. Yellen, que é a presente segunda na Administração do Fed ?  Seria a candidata do consenso, no quadro da administração de Ben Bernanke, com quem tudo indica a senhora Yellen esteja bastante afinada.
         A questão se coloca, no entanto, diante da tépida postura de Barack Obama no que respeita à senhora Yellen.  Se o seu apoio a Summers, dado o passado do ex-presidente da Universidade de Harvard como Secretário do Tesouro de Bill Clinton – quando favoreceu menos controle a derivativos, o que o 42º presidente veio depois a considerar como um mau conselho – tendeu a ser visto de forma crítica pela bancada no Senado, tampouco o presidente Barack Obama semelha ter entusiasmo pela atual segunda da equipe de Bernanke.
          De todo modo, a possível nomeação de Summers  deixou o mercado financeiro bastante nervoso, em função sobretudo do liberalismo desse ex-chefe da assessoria econômica de Obama, no ambiente acadêmico e um tanto autista do primeiro biênio da presidência Obama, que resultou no shellacking (tunda), com a passagem da Casa de Representantes para maioria republicana, com consequências que até hoje permanecem em Washington, dado o prevalente gridlock (paralisia).
         Com as indecisões da crise síria, a postura de Obama, colocado diante de uma respeitada economista, como sucessora de Bernanke no Fed,  é difícil de entender. Trazer a senhora Yellen para a presidência do Federal Reserve Bank representaria mais um passo para que um outro cargo relevante fosse ocupado por uma mulher. Não se sabe bem porque Barack Obama não semelha muito entusiasta quanto à hipótese.
         Dada a circunstância de que nem sempre é fácil intuir o porquê das posições de Obama, as perplexidades quanto ao preenchimento da chefia do Fed de certo modo não fogem à regra no que concerne ao comportamento do Presidente.

 

(Fonte: International Herald Tribune)




[1] CSU – União Cristã-Social (bávara)
[2] CDU – União Cristã-Democrática (nacional)
[3] SPD – Partido social-democrata alemão
[4] FDP – Partido dos Democratas Livres (Liberais)

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