quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Diário da Mídia (VIII)

                        
 Criação de Partidos

             Dois novos partidos – Solidariedade e Pros -  foram autorizados pelo Tribunal Superior Eleitoral. O TSE terá acaso indicado que prefere partidos sem voto ? Agora, de acordo com os últimos cômputos, o Brasil dispõe de 32 partidos.
            Em má hora o Supremo derrubou legislação que dispunha sobre barreiras percentuais para os partidos. E agora, se entra em terreno bastante diverso. Cada partido, independente dos deputados e senadores, terá R$ 600 mil por ano. Além da autorização da chamada propaganda eleitoral obrigatória, em que o subdesenvolvimento extrapola, assumindo toda a semana para cada uma dessas agremiações que são pobres de voto, mas ricas de privilégios herzianos nos espaços nobres do noticiário.
            Temos agora o Solidariedade, de Paulinho da Força, e o Pros, do ex-vereador de Planaltina (GO), Eurípedes Júnior, de tendência governista.
           Como O Globo assinala com oportunidade, são partidos sem votos, mas com dinheiro.

           Duas perguntas: o que foi feito da fidelidade partidária ?  Houve tempo em que o STF parecia empenhado em fazê-la respeitar.  E o que será feito da Rede Sustentabilidade ? É sabido que o Solidariedade e o Pros não têm votos. Quiçá os seus interesses são outros, como o mercado do tempo na TV. Mas e a Rede? Será que partido com voto não será admitido a esse clube, já não tão seleto, pois o número inchou para mais de três dezenas. Isso é muito, se há intenção de acolher diferentes gradações de ideologia... Mas então, o que prejudica a Rede ?  Porventura será ter voto e para valer, ao contrários dos dois aprovados e de tantos outros aqui não mencionados ?
  
A  Mídia  quis  subjugar  o  Ministro  Celso de Mello ?


           O Ministro Celso de Mello, decano do Supremo, concedeu entrevista a Monica Bergamo.  O Ministro Mello acha que foi submetido a brutal pressão midiática. Como, segundo a entrevistadora, Mello parece estar com o assunto entalado na garganta (meu o grifo). Paira, no entanto, na entrevista uma certa contradição. “Eu imaginava que isso (pressão da mídia para que votasse contra o pedido dos réus) pudesse ocorrer e não me senti pressionado. Nada impede que você critique ou expresse o seu pensamento. O que não tem sentido é pressionar o juiz.”
           Aí reponta a primeira dúvida. Os jornais em sua maioria, muitas revistas, estão querendo pressionar o juiz ou expressar a sua opinião, contrária aos embargos infringentes, por muitos juristas (e juízes !) já considerados derrogados? Por outro lado, a maior parte da opinião pública considera o mensalão um dos mais graves escândalos no Brasil, e fica incomodada que os réus, considerados culpados, não são mandados para a cadeia. E fica outra dúvida: um pobre diabo foi parar na cadeia porque arrancou de uma árvore um pedaço de casca. Fê-lo não por maldade, e sim porque estava com fome. Como é pobre, não tinha advogado, e por isso, cadeia nele! Assim, é natural que a permanência de tantos condenados em liberdade alimente a impressão de que continuam livres, porque têm dinheiro e bons causídicos.
           Se não se deve – nem pode ser admitido – que se tente subjugar juízes, seja do Supremo, seja de paz, a opinião pública tampouco gosta de privilégios. E, data vênia, ela os entrevê tanto em juízes – quer em juizados simples, quer em tribunais – ousam calar a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação – quanto em julgamentos que se estendam por um tempo desmedido, em função do excesso de recursos e da aparente dificuldade de reconhecer-lhes o aspecto protelatório.
           O Supremo deveria pôr um termo à Ação Penal 470.  E cuidar de apresentar uma Súmula Vinculante sobre a ignava questão da Censura. O arrocho do pensamento por algumas togas é mancha para a Constituição e  vergonha para a nacionalidade.

 
( Fontes:  Folha de S. Paulo,  O  Globo )  

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