segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Notícias do Front (XXIV)

                          
Lupi e a Presidente

      Será que o comportamento da Presidente Dilma Rousseff no que tange ao sexto ministro, Carlos Lupi, vai imitar a propaganda de um serviço de telefonia, como se também nesse caso não houvesse limite para a capacidade do Ministro do Trabalho em constranger a Chefe da Nação ?
      A coluna de Ricardo Noblat no Globo elenca a série de constrangimentos alinhados por Lupi. Para quem tem pavio curto, conforme mostram as duas páginas da Folha de domingo, provoca estranhável surpresa a tardança em fazer valer a clara prerrogativa de reafirmar o respeito que lhe é devido.
      Em fim de contas, além das negativas para o Congresso de que voara em jatinho de empresário, e a assertiva de que mal conhecia Adair Meira, um dono de ONGs, a quem se aquinhoaria com contratos no governo, beira o ridículo e é inaceitável o dito: “Presidente,me desculpe se fui agressivo. Dilma, eu te amo.”
      Se fingir que não é com ela, vai passar imagem de tigre de papel. Que ralha e humilha subordinados, mas não ousa enfrentar  donatários do poder ministerial.


O Presidente do Conselho Mario Monti  
 
       Designado pelo Presidente da República, Giorgio Napolitano, o Senador Mario Monti vai  empenhar-se na formação do gabinete. Enfrentará agora as forças políticas que apoiaram Silvio Berlusconi, e tentará talvez formar um ministério amplo, em que a própria oposição esteja representada.
      Se tivermos presente o seu comportamento passado, Silvio Berlusconi terá realmente a intenção de voltar ao poder. Se conseguirá levar a cabo essa ambição, já  é outra coisa. Agora, eventual intento de retorno terá pela frente os inúmeros processos pendentes, a deterioração de sua imagem que se acentuou nos últimos anos, a própria situação da economia italiana, a par de seu envelhecimento e da atmosfera de descalabro moral que marcou os seus últimos anos.
      Por outro lado, il Cavalieri não medirá esforços, nem deixará de recorrer a todos os truques de seu repertório – inclusive a sovada política de quanto pior melhor – para aplanar o caminho de sua volta, por absurda e despropositada que hoje se afigure. Terá il onorevole[1] Mario Monti a estâmina e a argúcia que os capitães da esquerda Massimo d’Alema e Romano Prodi a seu tempo não tiveram ?


A Ocupação da Rocinha
 
      Com a experiência adquirida pela operação no Complexo do Alemão, não houve da parte do governo estadual (com a ajuda dos blindados da Marinha) as mesmas concessões anteriores – tão bem marcadas pelas centenas de marginais que se escafederam pela estrada de terra. Desta feita, a iniciativa começou com a prisão do traficante Nem, em que luziu a integridade dos dois PMs que impediram a fuga do ex-senhor da Rocinha.
     A recuperação para o poder público de enormes favelas como Rocinha e Vidigal não são iniciativas de uma ou duas jornadas. Pressupõem muitos requisitos, a que a multiplicação das UPPs tem chamado a atenção.
     Há muito ceticismo entre os especialistas no ramo. Sem a exultação e o oba-oba da implantação do poder do governo estadual no Alemão, a retomada da Rocinha, há trinta anos nas mãos de traficantes, já semelha indicativa da dificuldade da empresa e da necessidade de uma série de providências suplementares, para que as vistas dos moradores ganhem a segurança de uma presença para valer.
   

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )



[1] Sua Excelência, designação habitual para os membros do Congresso na Itália.

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