domingo, 24 de maio de 2020

Vídeo abre novas frentes


                          
      O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, revelado por decisão do ministro Celso de Mello, decano do STF, abre inúmeras frentes de investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros de seu governo.
       Tal avaliação parte do pessoal do ramo. Com efeito, investigadores da P.F. e da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam o incrível ataque do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Celso de Mello reservou um capítulo específico da decisão para criticar "a descoberta fortuita de prova da aparente prática, pelo ministro da Educação, de possível crime contra a honra dos ministros do STF". Nesse sentido, determinou a entrega de cópia integral do vídeo aos colegas do Supremo para que possam "adotar as medidas que julgarem pertinentes" com respeito à declaração de Weintraub de que, por ele, botaria "todos esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF".
          Nesse contexto, o decano do STF classificou o discurso como "gravíssimo" e "aparentemente ofensivo ao patrimônio moral" dos integrantes do Supremo.

          Outro que está em maus lençóis é o ministro  Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Um dos questionamentos levantados pelo vídeo, é que ele ressalta que é hora de edição de medidas de desregulamentação e simplificação (hora de passar a boiada), uma vez que os veículos de imprensa estão, neste momento, concentrados no combate à pandemia da Covid-19.
            Nesse sentido, um dos caminhos apontados por investigadores é rever as ações ambientais durante a pandemia. Dessarte, os alertas de corte raso na floresta feitos pelo sistema Deter do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)  apresentaram um aumento  de 64% no desmatamento, em comparação ao mesmo período de 2019.

             Também despertou espécie as repetidas assertivas de Bolsonaro de que dispunha de um serviço particular de informações, de que se valia pela alegada incompetência das fontes oficiais.A despeito das observações do presidente quanto ao fato de ser informado por serviço particular, o que é, no caso, ilegal, o mais provável é que não passe de bazófia, malgrado a maneira leviana com que ele se jacta de dispor de tais informações de amigos e pessoas de seu círculo de relações.

              Ainda a tal propósito, segundo informa a Folha, "o risco de uma excessiva judicialização, tanto na área penal como civil, com eventuais objetivos políticos, era um dos argumentos  usados pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, a assessores, ao justificar o pedido para que o vídeo da reunião não fosse divulgado."  Nesse parecer, Aras defendeu que apenas alguns trechos da agenda presidencial fossem tornados públicos.

              Outra informação adicional proporcionada pela divulgação do vídeo confirma os indícios de que Bolsonaro tentou interferir  na Polícia Federal, ainda que não haja revelado novos  para o caso em tela.
               Quanto a um dos motivos principais da reunião ministerial, que levou à exoneração do Ministro Moro, o presidente fala de seu interesse em trocar equipes de segurança no Rio para não prejudicar seus parentes e aliados.
                "Já tentei trocar gente da segurança nossa  no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui. E isso acabou. Eu não  vou esperar f... a minha família toda, de s ...., ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa.  Vai trocar!  Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!, bradou.

                  Em entrevista no Alvorada após a divulgação do vídeo, Bolsonaro disse que tinha preocupação que algum filho seu fosse  alvo de busca e apreensão para plantar provar falsas  e pediu a ajuda de Moro para impedir isso.
                    A esse propósito, o ex-ministro disse que essa declaração foi outra pressão por mudanças na P.F.  Bolsonaro, no entanto, sustenta que se referia naquele momento à troca  de equipes do Gabinete de Segurança Institucional, responsáveis por proteger seus familiares.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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