terça-feira, 19 de maio de 2020
Governador Witzel: injustiçado ?
O governador Wilson Witzel , ao revogar no dia 23 de março último, a decisão que desqualificara o Instituto Unir Saúde, como organização social (OS) apta a prestar serviço do Estado, desprezou dois pareceres jurídicos contrários a um recurso apresentado pela citada entidade.
O Unir, conforme foi demonstrado pela Operação Favorito, desencadeada pela força tarefa da Lava Jato na semana passada, tem como sócio oculto o empresário Mário Peixoto, que foi preso.
Procuradores do Rio enviaram na última quarta-feira à Vice-Procuradoria-Geral da República trechos da investigação com supostas menções ao Governador Wilson Witzel.
Em tais condições, por causa dos indícios levantados, tornou-se alvo de uma investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que corre em sigilo. Nesse sentido, o Governador do Rio de Janeiro declarou anteontem que teve seu nome envolvido em "negociações espúrias" e que dará todas as explicações à corte acima referida.
Além do Unir, empresas de Mário Peixoto têm contratos com o Estado do Rio desde a gestão do hoje prisioneiro da Justiça Sérgio Cabral (MDB) e também prestam serviços ao governo de Witzel. De acordo com o Ministério Público Federal, vários contratos foram renovados por meio de pagamento de propina. A Unir Saúde é responsável pela administração de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Essa Organização Social (OS) havia sido proibida de firmar contratos com o poder público em outubro de 2019, após terem sido constatadas inúmeras irregularidades.
Sem embargo, o que levantou sobrancelhas, Witzel revogara a proibição por decreto, datado de 23 de março último. Para os Procuradores da República, não há justificativa técnica para a medida em apreço.
Obtido pelo jornal O Globo, um dos pareceres ignorados pelo governador Witzel foi assinado pela assessora jurídica da Secretaria da Casa Civil Ana Carolina Souza Correia e também ratificado pelo Procurador do Estado Denis Moreira Monassa Martins, em dez de janeiro último. Eles alegaram que as irregularidades do Unir "impactam sobremaneira na qualidade da assistência presta-da à população, inclusive com risco à saúde, incolumidade e à vida dos pacientes, acompanhantes e colaboradores". O outro parecer que está vazado no mesmo teor, e que é citado por Ana Carolina em sua análise, foi produzido pelo Departamento jurídico da Secretaria estadual da Saúde.
É de notar-se que o então Secretário da Saúde, Edmar Santos, confirmou a desqualificação do Unir como OS, seguindo parecer da Subsecretaria Jurídica da Saúde do Estado. Nesse contexto, Santos assinou ato conjunto com o Secretário estadual da Casa Civil.
Ontem, 18 de maio, uma nova denúncia veio à tona. Auditoria interna da Secretaria Estadual de Saúde detectou irregularidades em contrato de R$ 166 milhões, sem licitação, para execução dos serviços do SAMU. O caso em tela também é analisado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE). Há o entendimento de que não existe uma relação direta da pandemia do coronavírus com a justificativa utilizada para realizar a contratação emergencial.
Uma das irregularidades é que uma mesma empresa fará a locação de veículos, o teleatendimento e o fornecimento de medicamentos, o que vai exigir subcontratações de outras firmas. Procurada, a Secretaria de Saúde informou que a investigação é resultado de uma determi- nação do então Secretário Edmar Santos, que instituíu uma auditoria permanente para acompanhar todos os contratos feitos durante a pandemia.
(Fonte: O Globo )
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