Além de determinar mais
uma medida que prejudica - e muito - a brasileiros, o grande amigo de Bolsonaro, Donald
Trump, proibiu a entrada nos Estados Unidos de brasileiros, sob o argumento
de que a pandemia no Brasil continua a crescer em número de mortos e infectados,
e tal preocupa ao presente morador da Casa Branca, que apesar de muito amigo do atual presidente
brasileiro, sente-se mais próximo de tudo aquilo que, direta ou indiretamente,
possa de algum modo facilitar-lhe a antojada vitória contra Joe Biden nas eleições presidenciais de
novembro próximo.
O número de mortos continua a
aumentar no Brasil (os Estados Unidos estão, no entanto, à frente), e o que de
certa maneira desalenta é por um lado a falta de consciência de nossos
patrícios, não implementando, como deveriam, o afastamento (ou isolamento)
populacional.
O Poder público se esmera, em
vários estados, em inventar ou espichar feriados, na esperança de estabelecer a
contenção do contágio, através do respeito do isolamento doméstico, que é a
única maneira de deter o contágio do coronavírus.
Se não há muita firmeza da
autoridade, o que tem mais colaborado para a continuação desse miasma do coronavirus ou é a pouca educação de boa parte da população, ou a sua falta de
responsabilidade em ceder aos dúbios atrativos da socialização, que é a maior
amiga quanto ao crescimento nefando da pandemia.
Mas a falta de respeito não
para por aí. Além de não colaborarem, há prefeitos como Crivella no Rio de
Janeiro, que faz demagogia com a religião, liberando festividades
evangélicas. A par disso, falta energia
na aplicação do combate de política que realmente motive uma população
indisciplinada a respeitar normas simples (mas eficazes) de contenção da
pandemia. O que outros países conseguiram, o individualismo brasileiro e as
suas evidentes dificuldades em assumir uma conscientização social vão tornando miragem
esse controle da pandemia.
Há outros episódios ainda
mais lamentáveis, como o fracasso na implantação dos hospitais de campanha do
Rio de Janeiro, com o amargo resultado de que o acesso a respiradores continua
difícil, assim como avança o escândalo das deficiências dos nosocômios em
matéria de leitos de UTI. A sua escassez faz que muitos infelizes sofram uma branca condenação à morte (são inúmeros os relatos de famílias que
lamentam a perda de um ente querido, porque ele sofreu virtual condenação à
morte: não pôde ser transferido da rudimentar UPA que não dispõe dos
respiradores das UTIs e que, por conseguinte, ao serem relegados à assistência
comum e não àquela das UTIs, os pobres infelizes e as respectivas famílias já
padecem o inferno de uma prévia condenação
à morte).
Por outro lado,
a par desse coronavírus que no Brasil
ainda mais aflige e envergonha, ao tornar-se um dos países com maior número de
mortos, até a corrupção resolveu no Rio de Janeiro, atraída pelas torpes
ofertas ensejadas por processos com dispensa de licitação, a pensarem no ganho
ignóbil de tais operações, que em nível estadual, levam a hospitais
mal-aparelhados, que não podem atender ao que se deveriam propor, a saber, o
tratamento da epidemia da forma que exige o respeito a um povo sofrido, cujo
atendimento mereceria correção e
consciência cívica, além do instrumental médico indispensável.
Estaremos,
acaso, para sempre condenados a sermos o país do jeitinho e das maracutaias?
Ao vermos
países como a Itália e a Espanha que, apesar das hecatombes
iniciais souberam vencer o desafio da ignorância inicial (como, v.g., na Lombardia) - sem falar de outros, como a Alemanha e a proficiência de países insulares, e, até mesmo, da China Comunista,que já parecem ter vencido essa magna prova, pergunto-me por quê o Brasil esteja dando um
exemplo que o mantém nas funduras de uma verdadeira catástrofe.
Essa pandemia
constitui na frieza abismal de suas estatísticas mortuárias o retrato cruel e sem retoque de uma tragédia brasileira. Além do heroísmo
de muitos, da dedicação do corpo médico, de enfermagem e dos serviços de
limpeza - que se traduz em sacrifícios irrespondíveis, por terem, pela causa dessa
gente, sido também expostos, e em
inúmeros, imprevisíveis casos, sido levados por esse maldito rio que carrega para a doença contraída e o óbito, por causa
da honra em servir e se possível salvar ao próximo, quem quer que ele seja.
Tanta abnegação, tanto heroísmo, não pode conviver com a súcia de gente
que vê na pandemia e no sofrimento e, porquê não dizer, na morte de milhares e
milhares de pessoas, entre velhos, anciãos, mulheres, mães, jovens, crianças,
bebês de colo,e homens, como se fora uma oportunidade dessa pressa insultuosa,
a pressa da dispensa de licitação por urgência pública, que é desvirtuada e
lançada ao lamaçal de um sórdido, macabro oportunismo, que pensa se valer de
uma desgraça pública para transformá-la em ganho imundo de riquezas que o
próprio poeta no horresco referens
confessava a sua quase incapacidade de mencionar tanta baixeza e tal tenebrosa
e maldita ambição, que pensa em enriquecer nesse caso à custa do sofrimento
alheio.
(
Ref. Virgílio )
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