No mesmo dia em que se registram mais 610
mortes pela Covid-19, o presidente Jair
Bolsonaro, após reunir-se com um grupo de empresários, e realizar a sua
já mencionada caminhada na Praça dos Três Poderes, com o escopo de pressionar o
Supremo, deve-se admitir, com sensação de vergonha, que essa jóia urbanística
de Lúcio Costa e Niemeyer que já presenciou horas nacionais de inegável relevo e
histórica magnitude, e não deveria passar por
momentos como aqueles ontem registrados pela televisão.
Essa equipée, que visava pressionar o STF, parece um teatro do absurdo,
ao pensar na economia, e ainda por cima
tentar forçar mudança na política de isolamento social, em um país em
que estão confirmados mais de 135 mil registros da Covid-19, enquanto o número
de mortos já se acha em nove mil e 146, situação que, ao parecer, teria menor relevância
que a retomada da atividade econômica e fabril.
Cabe assinalar que definir como inadequada a atitude presidencial é dizer
pouco, tendo presentes não só o número de mortos, muitos por deficiência na
falta de equipamentos, como respiradores, para não dizer leitos. Ao menosprezar
a hora favorável da administração Mandetta na saúde, Bolsonaro abriu os
portões para situações trágicas, como as que vive a população brasileira,
desperdiçado o bom momento produzido pelo isolamento social, que, como se sabe, (v. Lombardia, Espanha e New York) é a arma principal na prevenção da Covid-19, ao
cortar-lhe a força inercial. Perguntem à Frau Angela Merkel e ao próprio novel Primeiro
Ministro Boris Johnson, porquê Alemanha e Reino Unido podem apresentar quadros
mais promissores quanto à vida e ao próprio respeito, sem carecer de passar
pelas tragédias sofridas por outras terras como Espanha e Itália ?
Mesmo sob o mais utilitário e cego modus faciendi, de que serve proclamar a
construção civil e a indústria como atividades essenciais, se se abandona à própria sorte a boa
gente brasileira ?
(
Fontes: O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo)
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