sexta-feira, 8 de maio de 2020

A Presidência Bolsonaro (III)


                                           
      No mesmo dia em que se registram mais 610 mortes pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro, após reunir-se com um grupo de empresários, e realizar a sua já mencionada caminhada na Praça dos Três Poderes, com o escopo de pressionar o Supremo, deve-se admitir, com sensação de vergonha, que essa jóia urbanística de Lúcio Costa e Niemeyer que já presenciou  horas nacionais de inegável relevo e histórica magnitude, e não  deveria passar por momentos como aqueles ontem registrados pela televisão.

        Essa equipée, que visava pressionar o STF, parece um teatro do absurdo, ao pensar na economia, e ainda por cima  tentar forçar mudança na política de isolamento social, em um país em que estão confirmados mais de 135 mil registros da Covid-19, enquanto o número de mortos já se acha em nove mil e 146, situação que, ao parecer, teria menor relevância que a retomada da atividade econômica e fabril.

        Cabe assinalar que definir como inadequada a atitude presidencial é dizer pouco, tendo presentes não só o número de mortos, muitos por deficiência na falta de equipamentos, como respiradores, para não dizer leitos. Ao menosprezar a hora favorável da administração Mandetta na saúde, Bolsonaro abriu os portões para situações trágicas, como as que vive a população brasileira, desperdiçado o bom momento produzido pelo isolamento social, que, como se sabe, (v. Lombardia, Espanha  e New York) é a arma principal  na prevenção  da Covid-19, ao cortar-lhe a força inercial. Perguntem à Frau Angela Merkel e ao próprio novel Primeiro Ministro Boris Johnson, porquê Alemanha e Reino Unido podem apresentar quadros mais promissores quanto à vida e ao próprio respeito, sem carecer de passar pelas tragédias sofridas por outras terras como Espanha e  Itália ?

          Mesmo sob o mais utilitário e cego modus faciendi, de que serve proclamar a construção civil e a indústria como atividades essenciais, se se abandona à própria sorte a boa gente brasileira ?  

( Fontes: O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo)

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