Já
dizia Octávio Mangabeira que a democracia é uma plantinha tenra que se deve
regar com cuidado. Essa turma
verde-oliva trazida por Bolsonaro para os círculos do poder parece haver
aprendido pouco com o desfazer - lento, mas seguro - da margarida da
impunidade, que caracterizara, com o óbvio desequilíbrio do chamado regime militar, a longa noite a que foi introduzida para pelo
menos uma geração de brasileiros.
A
embriaguez do poder discricionário já se pôde entrever pela cortina que mestre
Celso de Mello tratara em boa hora de descerrar, em respeito à própria
biografia e à sua iluminante presença no Supremo, que infelizmente, muito mais
cedo que devera, há de findar neste ano de 2020.
A húbris do poder boçal pensava dispor das
pesadas cortinas do mando discricionário na dita reunião do dia 22 de abril. Saboreavam
eles que o esporte de quebrar vidraças iria continuar impune, e dessarte,
pequenos e grandes desvelariam e despejariam os próprios nefandos rancores, num
jogo do vale-tudo que o fascistão-mor
está aí para presidir, passar a mão na cabeça e, sobretudo, permitir.
Não
é necessário, de resto, perder muito tempo com os maus propósitos desse bando
que envergonha ao Brasil. Cabe, ao
invés, estar atento para atalhar a seus maus propósitos, e mostrar com a
firmeza da democracia - que é esse governo que os gregos inventaram do próprio
povão, fundado na maioria, no princípio em cidades-estado, antes dominadas pelas
grandes famílias (aristocracias), e mais tarde pelas assembleias regularmente
constituídas, com os tijolos de mando não baseado em rancores, nem em
virulentas minorias, mas no sentir majoritário do demos (povo).
Em outras palavras, é mister no futuro eleger os nossos governantes dentre aqueles que realmente representem a
maioria do sentir de nosso Povo, de tudo aquilo que é bom e justo para a
comunidade brasileira, e não só ao que aproveita a grupos rancorosos e sempre
minoritários porque alimentados de estranhos ressentimentos e de bizarras fantasias,
cortadas e ajaezadas por alfaiates da laia de B.Mussolini e A. Hitler, que os
seus povos respectivos já repudiaram faz muito, esses mesmos que apenas sobrenadam
nos recessos e nos pântanos que são por vezes encontrados nos lixões da
Humanidade.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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