Todo erro tem uma
origem e neste caso presente, em que a pandemia do coronavirus se espalha pelo mundo, a pobre Inglaterra será forçada
a uma vez mais reconhecer o equívoco inicial - a palavra inglesa blunder se aplica com particular força -
da incrível decisão do então Primeiro Ministro Brad Cameron submeter uma vez mais o UK a um processo de referendo
(sobre a sua posição na União Européia) continua a ter danosas e até mesmo
ruinosas consequências para a velha Ilha, que, por um estúpido capricho, volta
a sofrer, movida por insondáveis e, na realidade, estúpidos processos de pano
verde quanto ao seu destino na Europa.
Como o planejamento de Cameron deu
errado e o referendo saíu contra os seus pouco brilhantes planos - to say the least - , que levaram a um
acréscimo de castigo, em cruel e mesmo incrível
reviravolta, à gente do Reino Unido, por concordar meter-se nessa gigantesca
fria, será forçoso lembrar-lhe graves e inóspitas verdades - decerto já
reiteradas na imprensa inglesa - eis
que, embora não mais seja parte da U.E. desde janeiro último, esse mesmo U.K.
vive período de transição até 31 de dezembro p.f.. Até lá, o país terá
acesso aos mercados vizinhos, mas
precisa decidir ao longo do próximo mês se pedirá a extensão desse estágio. Com os dois lados da Mancha
sob brutal pressão de inesperadas e implacáveis contingências factuais, a previsão
mais fácil é a de que afigurá-se, no mínimo, muito pouco provável a finalização
de acordos comerciais até o fim de 2020.
Nesse contexto, em que a
irresponsabilidade de Cameron - e as
ajudas posteriores de seus ressabiados apoiadores tories - terá sido castigada pela sorte (no caso o azar ou a fúria dos
deuses por exagerar na respectiva leviandade e, porque não dizer, estupidez) e
os danos causados pela pandemia mundial, sem dúvida amarga e pesada punição e que
multiplicará as consequências negativas da reckless
and stupid decisão daquele Primeiro
Ministro que contrariou a toda uma geração de brilhantes políticos britânicos -
de a maior parte dos analistas acredita
que o governo de Sua Majestade britânica
estaria disposto a chegar ao fim abrupto da transição do malsinado Brexit
sem qualquer acordo, forçado pela irresponsabilidade de tantos gabinetes e pela
incrível má-sorte de uma hecatombe fora de qualquer previsão no passado recente.
The English fickleness terá consequências decerto cruéis para o
Povo inglês, que será submetido a condições que semelhariam de todo
desnecessárias, se o bom senso junto com a leviandade de Cameron e de diversos
companheiros seus, que preferiram seguir o caminho dos lemmings, ao invés de
terem a coragem de rever a estupidez pregressa e a repetida dúvida em tentar
reviver um passado já de todo superado,
com confusas jogadas que parecem formas de acirrar forças de todo
desnecessárias se a solução lógica e razoável do Remain houvesse
prevalecido. Isso tudo me faz lembrar ditado de minha terra: não desejes muito
alguma coisa (absurda ou pouco razoável), porque ao fim ela pode acontecer...
(
Fonte: O Globo )
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