sábado, 30 de novembro de 2013

Má-gestão na Economia ?

                                        

         O governo da Presidenta Dilma Rousseff acumula erros na economia, apesar de suas declaradas boas intenções. Antes de percorrer o varejo de tantos equívocos, semelha importante perguntar sobre as causas da controversa e confusa performance.
         Pois Dilma Rousseff tem estudo e experiência na matéria. Em termos de energia, o seu curriculum mostra cargo político exercido no Rio Grande, não sem louvores. A par disso, Lula da Silva, seu criador, foi buscá-la nas Minas e Energia, onde a colocara, para substituir nada menos que o maestro do Mensalão, o então deputado e virtual Primeiro Ministro José Dirceu.

        Há a velha crença religiosa de que não se deve servir a dois senhores. Em termos de credo, este axioma é obedecido por panteísmo e monoteísmo. Assim, mesmo no panteon helênico, Zeus tinha a primazia. Se hoje memória dele só se consente nas ruínas de seus templos, o princípio foi abraçado por seus epígonos, por mais distantes e menos críveis que muitos deles ora se apresentem.
        Se a diarquia não subsiste na religião – este perene refúgio do homem em meio às tempestades - muito menos a lógica mais comezinha poderá admiti-la na governança da economia.

        Pois, malgrado todos os apodos e afrontas com que se visita a sombria ciência (dismal Science) da economia política, na definição famosa de Disraeli, primeiro-ministro inglês no século XIX, há regras firmes e inflexíveis nas suas aparentes incertezas.
        Ora, Dilma Rousseff e seus ministros (que na sua Administração estão bem próximos da servil etimologia do hoje altissonante vocábulo) muita vez dizem uma coisa e fazem outra, ou, o que dá no mesmo, enquanto a Presidenta professa a ortodoxia, por baixo do pano, ou nem tanto, inviabiliza os resultados que afirma perseguir.

        Isto veremos, na coisas mais comezinhas, ou nas mais complexas. O leitor que me honra com a sua atenção poderá isto confirmar na através de um sem-número de blogs.
       Deste modo, a Presidenta parece acreditar na mágica virtude da palavra, mesmo se não acompanhada de ação coerente e diuturna. No calor do pico inflacionário – causado pelo então manietamento do Banco Central e pela habitual gastança sem apoio fiscal –  convoca almoço no Planalto, cujo prato principal é o suposto combate à carestia. Contando com a boa-vontade de quem já sinalizou esta menção, permito-me a ela recorrer uma vez mais, eis que as constantes visitas podem tornar o próprio objeto mais cogente e relevante.

       Na verdade, tal episódio não é tão singelo quanto aparenta, e traz consigo uma lição permanente. Para tratar de luta contra a inflação, ela chama para convivas Antonio  Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo! Está igualmente presente o favorito Arno Augustin. Nesse contexto, também as ausências são importantes: Dona Dilma não convida nem o seu discreto Ministro da Fazenda, Guido Mantega, e tampouco os únicos que têm o que mostrar no capítulo, vale dizer os artífices do Plano Real.
      No entanto,  a  Presidente Dilma Rousseff quer conciliar o inconciliável. Para tanto, ou recorre – como era seu hábito, quando o dragão ainda dormitava – a uma esgrima verbal contra a besta-fera, como se o flagelo de tantas décadas da economia brasileira tivesse medo de ocas e retóricas ameaças, ou num micro-gerenciamento desvairado, multiplica mesuras anti-inflacionárias, com um comportamento oposto, em que se favorecem as capitalizações (as mágicas não-fiscais que tanto agradaram a Lula), a inchação dos gastos correntes (com o desvairado empreguismo público), as mágicas fiscais e a imitação da contabilidade da companheira Cristina, viúva de Kirchner.

      Assim, de que serventia terá um superávit fiscal primário, que encolhe vexaminosamente? Também se ataca a Lei da Responsabilidade Fiscal, a chave da abóbada da boa-gestão econômico-financeira.  E a investida se agrava, pelo tratamento preferencial que se pretende dar à prefeitura ora sob os cuidados do companheiro e também poste de Lula, Fernando Haddad. Trata-se agora de redigir as leizinhas malignas que permitirão aos inadimplentes um tratamento que não foi – e por justa razão – dado àqueles que deveriam pagar as próprias dívidas, e não sobrecarregar a União.

     Multiplica-se em detrimento dos investimentos, seja a opção pelo consumo – com a sobrecarga dos cofres da União na subvenção a compras de eletro-domésticos – ou os subsídios à conta energética, sem falar na farra das térmicas (que não são exatamente ecológicas, com sua contribuição ao aquecimento global), sem falar das desonerações fiscais (verdadeira roleta-russa para os empresários) e o amadorismo clientelista, que a tudo perpassa no seu paranoico temor da resposta das urnas. Para tanto, se sobrecarrega o Estado com o peso de desvairado assistencialismo, cujo escopo é o de assegurar, pela coleira de enganosos benefícios, a preferência de inteiras regiões que torne dispensável o aleatório juízo de partidos e eleitores independentes.
                                                                                        (a continuar)

 

(Fontes subsidiárias:  O Globo, Folha de S. Paulo)

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