Como a leitura provoca azia no
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fica difícil saber o que está
motivando o seu comportamento na esfuziante rentrée
política em Brasília.
Ninguém pode
transformar a mentira em arma de governo e propaganda política. Não creio que Lula da Silva, o mítico dirigente
sindical do ABC, embalado pela mídia
nacional e endeusado por repórteres desde os anos 1970 (V.Eliane Cantanhede) queira transformar a negação da verdade como uma
forma auxiliar de luta política.
Bem sabemos
quem utilizava a mentira como forma de poder. Sabemos também aonde foram parar.
Dizer “nós herdamos do FHC um país muito inseguro,
não tinha nenhuma estabilidade” é
um desrespeito não só a Fernando Henrique
e ao Plano Real, mas é igualmente um
achincalhe ao cidadão brasileiro, por presumir uma história de pernas para o
ar, em que a mentira e a calúnia calçam o alto coturno e desfazem da obra que
procuraram destruir em oposição raivosa e sectária.
Quiçá as
declarações de Lula da Silva tenham
sido cozinhadas pelas cerimônias da nova dílmica ordem, em que se outorga a
medalha ao ex-presidente por uma Constituição que se recusou a assinar.
Todos sabemos o
que disse o deputado Lula da Silva de José
Sarney. Agora, na sua desenfreada revisão histórica, ele chega ao cúmulo de
equiparar Sarney a Ulysses Guimarães,
como se a Constituição Cidadã devesse tanto ao vice de Tancredo Neves, quanto ao líder das Diretas Já.
Como disse Joseph N. Welch, em junho de 1954, em
audiência pública no Senado, pondo fim ao longo período de domínio do Senador Joseph McCarthy, –“ Será que o
Senhor não tem nenhum senso de decência ? Será que o senhor não tem vergonha
alguma?” É relevante, Presidente Lula, que o Senhor respeite a opinião pública
e a Sociedade Civil. É lamentável verificar que as suas delirantes declarações
desta semana mostram que as fontes onde se está abeberando não são as da
realidade.
A mentira é o primeiro
e último refúgio do demagogo. E com pitadas de ufanismo, a coisa ainda fica
mais apetitosa: “nunca tivemos tanto
tempo de estabilidade econômica como temos
agora”. Para Lula “não há como o
Brasil não virar a quinta (maior)
economia do mundo até 2016”. É mais do que oportuno saber que atualmente
somos a sétima economia, e o FMI
prevê que cairemos para o oitavo lugar
(a Rússia nos ultrapassaria em 2014).
E se as coisas
estão tão bem assim com a sua pupila, porque Lula esteve tentando fazer aprovar
autonomia para o Banco Central (um projeto decerto sensato e louvável)? Dona Dilma, entretanto, manifestou
contrariedade a Lula que, em seguida, se desdisse. O projeto de Renan Calheiros
e de Lula vai dar chabu, pois a presidenta com o seu autoritarismo e devaneios de poder
concentrado mandou o seu atual favorito
Aloizio Mercadante telefonar a várias
pessoas para reiterar que o governo é contra a idéia de garantir autonomia
formal para o BC.
Entende-se
que o ex-presidente Lula desfaça do movimento do passe-livre e das manifestações que eclodiram por todos esses
brasis. Lula passou a ser um dignitário da política, que não pode gostar da
contestação dos jovens às obras faraônicas dos estádios de futebol com o padrão-Fifa, em um pais com as
deficiências de transporte público que tem, sem falar nas demais, como
saneamento básico, educação, saúde, etc.
Entende-se igualmente que ataque Marina,
porque , a despeito de o que foi feito com a Rede – em um processo em que petismo e chavismo se deram os braços – ela constitui a ameaça mais séria ao PT, como
símbolo operante do poder constituído neste país, poder este a que Lula está
umbilicalmente ligado.(a continuar)
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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