Ontem a direção paulista do PSDB veio a público com acusação de que
documentos, encaminhados ao CADE e à
Polícia Federal pelo PT e o
Ministério da Justiça, haviam sido adulterados.
Consoante tal
versão, endossada por dirigentes do PSDB,
o documento original não tem qualquer citação ao PSDB, que estranhamente
aparece na versão traduzida para o português. Nesse sentido, o Secretário do
Governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido, acusou o deputado petista Simão
Pedro, que repassou os papéis ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de
incluir indevidamente as citações aos tucanos (a que acusa de supostos cartel e
pagamento de propina no Metrô de São Paulo, durante os governos do PSDB de Mario Covas, José Serra e
Geraldo Alckmin).
Perpassa a questão um ar de polêmica
pré-eleitoral. Ainda de parte do PSDB,
encontram-se semelhanças com outro escândalo, o dos chamados (na expressão de
Lula da Silva) aloprados, com o
dinheiro vivo apreendido, às vésperas da eleição de 2006.
O Ministro Cardoso, que é o titular da
Justiça, repassou à Polícia Federal, o documento que, segundo declarou, é maior
de que o ontem exibido pelo Secretário José Anibal.
Essa troca de
acusações – o PSDB chegou a pedir a
demissão pela Presidente Dilma de seu Ministro José Eduardo Cardozo, iniciativa
a que não se associou o próprio candidato virtual à Presidência, Senador Aécio
Neves – semelham bastante indicativas das polêmicas pré-eleitorais, que, no
Brasil, como as tempestades de verão, apesar dos trovões e raios prometidos,
vêm e vão.
A interpretação
corrente dos setores interessados é que o Partido
dos Trabalhadores se serviria com grande desenvoltura dos instrumentos do
Estado, como se fora modo admissível de engajar na luta política.
Há também outra
leitura que seria a de introduzir o escândalo da Siemens como contraponto aos
estragos do mensalão (Ação
Penal 470).
A história
política do Brasil – escrita com letra minúscula - parece enorme lombriga que teima em
repontar a cada pleito com escândalos e montagens. Agindo sob a pressão da
possível perda do poder, o submundo da politiquice, malgrado ignorante do
conselho de Beaumarchais [1]– caluniai sempre porque alguma coisa há de
ficar! – costuma vir, em toda eleição, com novas falsas montagens para
lançar a confusão nas hostes adversárias.
A cada pleito,
pelo menos um escândalo sob encomenda. Assim, as cartas (apócrifas) do seu Mé,
no caso Artur Bernardes, vinham com acusações sob medida contra o Sargentão do Marechal Hermes. As crises,
no Brasil, podem mudar de vestuário (na república velha, o fantasma do golpe
militar), mas terão sempre no seu âmago o propósito inconfessável de fazer
sangrar o adversário, assim como os picadores nas touradas, dessangram os
pobres touros...
Nelas acredite, quem quiser... pois fazem
parte do cenário.
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário