quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Quem com ferro fere...

                                            

        Ontem a direção paulista do PSDB veio a público com acusação de que documentos, encaminhados ao CADE e à Polícia Federal pelo PT e o Ministério da Justiça, haviam sido adulterados.
       Consoante tal versão, endossada por dirigentes do PSDB, o documento original não tem qualquer citação ao PSDB,  que estranhamente aparece na versão traduzida para o português. Nesse sentido, o Secretário do Governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido, acusou o deputado petista Simão Pedro, que repassou os papéis ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de incluir indevidamente as citações aos tucanos (a que acusa de supostos cartel e pagamento de propina no Metrô de São Paulo, durante os governos do PSDB de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin).

       Perpassa a questão um ar de polêmica pré-eleitoral. Ainda de parte do PSDB, encontram-se semelhanças com outro escândalo, o dos chamados (na expressão de Lula da Silva) aloprados, com o dinheiro vivo apreendido, às vésperas da eleição de 2006.
      O Ministro Cardoso, que é o titular da Justiça, repassou à Polícia Federal, o documento que, segundo declarou, é maior de que o ontem exibido pelo Secretário José Anibal.

      Essa troca de acusações – o PSDB chegou a pedir a demissão pela Presidente Dilma de seu Ministro José Eduardo Cardozo, iniciativa a que não se associou o próprio candidato virtual à Presidência, Senador Aécio Neves – semelham bastante indicativas das polêmicas pré-eleitorais, que, no Brasil, como as tempestades de verão, apesar dos trovões e raios prometidos, vêm e vão.
      A interpretação corrente dos setores interessados é que o Partido dos Trabalhadores se serviria com grande desenvoltura dos instrumentos do Estado, como se fora modo admissível de engajar na luta política.

      Há também outra leitura que seria a de introduzir o escândalo da Siemens como contraponto aos estragos do mensalão (Ação Penal 470).
      A história política do Brasil – escrita com letra minúscula  - parece enorme lombriga que teima em repontar a cada pleito com escândalos e montagens. Agindo sob a pressão da possível perda do poder, o submundo da politiquice, malgrado ignorante do conselho de Beaumarchais [1]caluniai sempre porque alguma coisa há de ficar! – costuma vir, em toda eleição, com novas falsas montagens para lançar a confusão nas hostes adversárias.

      A cada pleito, pelo menos um escândalo sob encomenda. Assim, as cartas (apócrifas) do seu Mé, no caso Artur Bernardes, vinham com acusações sob medida contra o Sargentão do Marechal Hermes. As crises, no Brasil, podem mudar de vestuário (na república velha, o fantasma do golpe militar), mas terão sempre no seu âmago o propósito inconfessável de fazer sangrar o adversário, assim como os picadores nas touradas, dessangram os pobres touros...
        Nelas acredite, quem quiser... pois fazem parte do cenário.

 

 
(Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo)  



[1] Caron de Beaumarchais (1732-1799), escritor e teatrólogo francês.

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