domingo, 10 de novembro de 2013

Colcha de Retalhos A 41

                                 

Pesada herança de Dilma

       
        Somente a história determinará o porquê da escolha de Lula da Silva para sucedê-lo. Por ora, temos a versão já aqui referida de que o presidente foi alertado por mais de um do círculo de sua confiança. Nesse sentido, consoante a coluna de Ricardo Noblat, tentaram dissuadi-lo da indicação de Dilma Rousseff.

        Não cabe agora chorar sobre o leite derramado, mas é sempre oportuno recordá-lo, se se deseja evitar que o erro se repita. Quiçá somente no eleitorado brasileiro, sujeito a aceitar ‘postes’ ou o fenômeno ‘mulher do Lula’ que tal possa ocorrer.
       De todo modo, o colunista da Folha, Fernando Rodrigues, se refere, com oportunidade, ao desastre no manejo político. Reporta-se ao chamado “orçamento impositivo”, que dá a cada deputado e senador a soma anual de R$14 milhões (total por legislatura R$ 56 milhões!). Cada parlamentar terá o direito – que o Executivo não poderá vetar – de apresentar emendas ao orçamento nesse montante, que da cabeça de cada excelência dependerá exclusivamente.

       É uma soma de enorme desperdício, se tivermos presente que são 513 os deputados e 81 os senadores. Parodiando o criador da Presidenta, nunca antes o Brasil desperdiçará tanto do dinheiro do orçamento, o que na prática engordará ainda mais as despesas correntes. Bem sabemos que o Brasil não pode permitir-se tal sobrecarga no orçamento, de que carecemos não para “as traficâncias daí derivadas” como acentua F. Rodrigues.
       Se tal absurdo é o resultado do “vácuo de liderança por parte do Planalto (...), (O) desfecho trágico se dá após uma sucessão de equívocos. Foi o que se passou na administração de Dilma Rousseff, desde o início, no manejo das relações entre Executivo e Legislativo.”

       Como diria o senador Vitorino Freire, que precedeu José Sarney no mando político do Maranhão, se ‘jabuti aparece em galho de árvore’, isso não acontece por acaso. Alguém pôs lá o bicho.
       Pois Dona Dilma, com a contribuição de seu mentor, Lula da Silva, entre outras várias, permitiu, nas palavras de F.Rodrigues, se “um Poder submisso como o Congresso começa a aprovar bobagens, não é porque está se tornando mais independente” (...) o que se passa é que “essa decisão tresloucada deve ser compartilhada com o Palácio do Planalto”.

 
Por que Yanukovytch não liberta a Tymoshenko? 

 
       Não faz muito este blog reportava a notícia de que o Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovytch, se teria manifestado disposto a permitir que a líder da oposição,  Yulia Tymoshenko – que permanece em hospital-prisional, na cidade de Kharkov – seja liberada para tratamento na Alemanha.

      Como se sabe, a União Europeia condicionou acordo comercial com a Ucrânia à libertação do cárcere da Tymoshenko, dados os indícios de que a sua condenação se deve a motivações políticas.
      Yanukovych respondeu, na aparência, positivamente. Disse que providenciaria projeto de lei do Parlamento ucraniano para ensejar a partida da Tymoshenko.  Esta sofre de hérnia de disco, e carece de tratamento urgente em  país para tanto habilitado, como a Alemanha.

      Ao ensejo da manifestação do presidente, não pude omitir uma palavra de advertência, eis que o seu comportamento pregresso induz à dúvida sobre a sinceridade de Sua Excelência.
      Até o momento, reina o silêncio. Será que o temor de Yanukovytch de uma recuperada Tymoshenko represente para ele razão bastante para jogar pela janela o acordo comercial com a U.E.?

 

Negociações com o Irã sobre o levantamento das sanções       

 
          A presente rodada de negociações entre o Irã, com o Ministro Mohamad Javad Zarif, e as principais potências, encabeçadas pela Ministra do Exterior da U.E., Catherine Ashton, começou de forma promissora neste sábado, nove de novembro, e estendeu-se até a madrugada de domingo dez. O progresso havido é ainda mais de atmosfera, refletindo a maior abertura do novo Presidente iraniano, Hassan Rohani, em comparação com o anterior, Mahmoud Ahmadinejad. Sob a premissa de que o Irã é uma teocracia, e o poder máximo se acha com o dito  Lider Supremo, Ali Khamenei, há indício de que até mesmo o ayatollah se convencera da necessidade de desfazer-se do radical (e ineficaz) Ahmadinejad.

          O otimismo quanto ao eventual êxito dos trabalhos havia sido acentuado pela decisão do Secretário John Kerry de interromper tournée no Oriente Próximo para juntar-se aos demais partícipes.
          No entanto, a Ashton e o Ministro Zarif, conquanto tenham observado que houve progressos, não lograram ultimar acordo.  Houve discordância do Ministro francês Laurent Fabius, que objetou que a proposta não atenderia tanto a controlar (curb) o enriquecimento de urânio pelo Irã, bem como  deter a construção do reator nuclear de Arak,  de água pesada (capaz de produzir plutônio).

          O relativo otimismo perdura, visto que as negociações se realizem em atmosfera bem diversa dos contatos anteriores com o governo Ahmadinejad, eis que o Ministro Zarif procurou mostrar confiança no sucesso das negociações. A próxima reunião foi marcada para daqui a dez dias. Não está prevista, contudo,  para ministros do exterior, como a primeira (participaram além de Zarif e Ashton, o secretário Kerry e os ministros da França, Reino Unido,Alemanha, Rússia e vice-ministro da RPC).  Marcou-se o próximo encontro em nível de diretores políticos, o que, em linguagem diplomática, significa menos confiança das partes em solucionar as diferenças existentes na rodada vindoura.
           Outra dificuldade para a conclusão do acordo, com a eventual suspensão das sanções, está na circunstância de que o Senado americano as referendou. A Administração Obama, por conseguinte, não depende só dela própria para viabilizar um possível degelo com o Irã. Precisará convencer os senadores, que tendem a não possuir a mesma flexibilidade do Executivo.

 

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, New York Times)

3 comentários:

Maria Dalila Bohrer disse...
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Maria Dalila Bohrer disse...

Pesada herança Dilma

Os pesados acertos financeiros do poder legislativo parecem " fichinha" frente aos acertos financeiros entre o poder estatal e a iniciativa privada nos grandes negócios para viabilizar a Copa 2014

Mauro M. de Azeredo disse...

Infelizmente a observação não procede. Desde 2003, os gastos correntes têm aumentado bastante, com ênfase no setor de empregos públicos. Além de não terem flexibilidade, oneram o Estado. O ônus agora vai crescer, com as emendas impositivas que são decorrência direta da incompetência do Governo Dilma. O Brasil precisa de recursos para investimentos em infraestrutura, saneamento básico, educação, etc. Além disso não foi mencionado e o faço agora, o nosso Congresso das quartas-feiras é um dos mais caros do mundo.