Pesada herança de Dilma
Não cabe agora
chorar sobre o leite derramado, mas é sempre oportuno recordá-lo, se se deseja
evitar que o erro se repita. Quiçá somente no eleitorado brasileiro, sujeito a
aceitar ‘postes’ ou o fenômeno ‘mulher do Lula’ que tal possa ocorrer.
De todo modo, o
colunista da Folha, Fernando Rodrigues, se refere, com
oportunidade, ao desastre no manejo político. Reporta-se ao chamado “orçamento
impositivo”, que dá a cada deputado e senador a soma anual de R$14 milhões (total por legislatura R$ 56 milhões!). Cada parlamentar terá
o direito – que o Executivo não poderá vetar – de apresentar emendas ao
orçamento nesse montante, que da cabeça de cada excelência dependerá
exclusivamente.
É uma soma de enorme
desperdício, se tivermos presente que são 513
os deputados e 81 os senadores.
Parodiando o criador da Presidenta, nunca
antes o Brasil desperdiçará tanto do dinheiro do orçamento, o que na
prática engordará ainda mais as despesas correntes. Bem sabemos que o Brasil
não pode permitir-se tal sobrecarga no orçamento, de que carecemos não para “as
traficâncias daí derivadas” como acentua F. Rodrigues.
Se tal absurdo
é o resultado do “vácuo de liderança por parte do Planalto (...), (O) desfecho
trágico se dá após uma sucessão de equívocos. Foi o que se passou na
administração de Dilma Rousseff, desde o início, no manejo das relações entre Executivo
e Legislativo.”
Como diria o senador Vitorino Freire, que precedeu
José Sarney no mando político do Maranhão, se ‘jabuti aparece em galho de
árvore’, isso não acontece por acaso. Alguém pôs lá o bicho.
Pois Dona
Dilma, com a contribuição de seu mentor, Lula da Silva, entre outras várias,
permitiu, nas palavras de F.Rodrigues, se “um Poder submisso como o Congresso
começa a aprovar bobagens, não é porque está se tornando mais independente”
(...) o que se passa é que “essa decisão
tresloucada deve ser compartilhada com o Palácio do Planalto”.
Como se sabe, a
União Europeia condicionou acordo comercial com a Ucrânia à libertação do
cárcere da Tymoshenko, dados os
indícios de que a sua condenação se deve a motivações políticas.
Yanukovych
respondeu, na aparência, positivamente. Disse que providenciaria projeto de lei
do Parlamento ucraniano para ensejar a partida da Tymoshenko. Esta sofre de hérnia de disco, e carece de
tratamento urgente em país para tanto
habilitado, como a Alemanha.
Ao ensejo da
manifestação do presidente, não pude omitir uma palavra de advertência, eis que
o seu comportamento pregresso induz à dúvida sobre a sinceridade de Sua
Excelência.
Até o momento, reina o silêncio. Será que o
temor de Yanukovytch de uma recuperada Tymoshenko represente para ele razão
bastante para jogar pela janela o acordo comercial com a U.E.?
Negociações com o Irã sobre o levantamento das sanções
O otimismo
quanto ao eventual êxito dos trabalhos havia sido acentuado pela decisão do Secretário John Kerry de interromper
tournée no Oriente Próximo para juntar-se aos demais partícipes.
No entanto,
a Ashton e o Ministro Zarif, conquanto tenham observado que houve progressos,
não lograram ultimar acordo. Houve
discordância do Ministro francês Laurent Fabius, que objetou que a proposta não
atenderia tanto a controlar (curb) o
enriquecimento de urânio pelo Irã, bem como
deter a construção do reator nuclear de Arak, de água pesada (capaz
de produzir plutônio).
O relativo
otimismo perdura, visto que as negociações se realizem em atmosfera bem diversa
dos contatos anteriores com o governo Ahmadinejad, eis que o Ministro Zarif
procurou mostrar confiança no sucesso das negociações. A próxima reunião foi
marcada para daqui a dez dias. Não está prevista, contudo, para ministros do exterior, como a primeira
(participaram além de Zarif e Ashton, o
secretário Kerry e os ministros da França, Reino Unido,Alemanha, Rússia e
vice-ministro da RPC). Marcou-se o próximo encontro em nível de
diretores políticos, o que, em linguagem diplomática, significa menos confiança
das partes em solucionar as diferenças existentes na rodada vindoura.
Outra
dificuldade para a conclusão do acordo, com a eventual suspensão das sanções,
está na circunstância de que o Senado americano as referendou. A Administração
Obama, por conseguinte, não depende só dela própria para viabilizar um possível
degelo com o Irã. Precisará convencer os senadores, que tendem a não possuir a
mesma flexibilidade do Executivo.
(Fontes: O Globo, Folha de S.
Paulo, New York Times)
3 comentários:
Pesada herança Dilma
Os pesados acertos financeiros do poder legislativo parecem " fichinha" frente aos acertos financeiros entre o poder estatal e a iniciativa privada nos grandes negócios para viabilizar a Copa 2014
Infelizmente a observação não procede. Desde 2003, os gastos correntes têm aumentado bastante, com ênfase no setor de empregos públicos. Além de não terem flexibilidade, oneram o Estado. O ônus agora vai crescer, com as emendas impositivas que são decorrência direta da incompetência do Governo Dilma. O Brasil precisa de recursos para investimentos em infraestrutura, saneamento básico, educação, etc. Além disso não foi mencionado e o faço agora, o nosso Congresso das quartas-feiras é um dos mais caros do mundo.
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