sábado, 2 de novembro de 2013

Problemas na gestão econômica e financeira.

                            

        Reza o velho dito que assombração sabe para quem aparece. E as contas do governo de Dona Dilma mostram que os resultados, tanto no campo fiscal, quanto no comercial, dificilmente poderiam ser piores.
        Como assinala a colunista Miriam Leitão, o governo resolveu usar tática recomendada por Maquiavel e dar todas as más notícias num único dia. Por isso, Fazenda e Banco Central divulgaram suas contas a 31 de outubro. Pelas contas do BC, o Brasil teve déficit nominal (incluindo o pagamento de juros) de R$ 22,8 bilhões, o pior da série histórica (iniciada com o Plano Real - as estatísticas anteriores são distorcidas pela hiperinflação).

        Por outro lado, faltaram R$ 10,75 bilhões no caixa do Tesouro. Esse déficit primário é igualmente o pior da série.
       Essa queda na disponibilidade do Tesouro se deve ao incremento das despesas de caráter permanente. A irresponsável bondade da Presidenta concedendo redução geral nas contas de luz criou novos custos para o Erário no mês passado (R$ 2 bilhões !). O aumento das despesas de caráter permanente, em especial na área social (bolsa família, Minha Casa-minha Vida, pletora de desonerações fiscais) já acumulam alta de 16% neste ano. Entrementes, os investimentos aumentaram pouco menos de 3%, abaixo da inflação.

       Os analistas tiveram reforçada a percepção de que Guido Mantega e sua equipe não só não conseguirá cumprir a meta fiscal de 2013, senão – o que é ainda mais grave – perdeu o controle das despesas ao longo do ano.
       O setor público terá de economizar R$ 65,9 bilhões no último trimestre, para conseguir atingir a meta do superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida pública) de 2013, que monta a R$ 110,9 bilhões (o saldo acumulado até setembro é de R$ 45 bilhões).

      A pouca probabilidade de que o superávit fiscal seja atingido já é evidenciada pelos números acima. Se em nove meses, só se economizou 45 bilhões, semelha quase impossível que se acrescente, nos três meses finais do ano, quase 70 bilhões.
      Como era de esperar-se, a maior contribuição negativa para o cômputo veio das contas de D. Dilma, sem a contrapartida do aumento dos investimentos (cresceram 2,9% até setembro). Quanto aos rendimentos do leilão do campo de Libra do pré-sal (R$ 15 bilhões), são ingressos una tantum (de uma única vez). As parcelas do patrimônio da Nação que se privatiza (com licença da má palavra, D.Dilma) se perdem sem remédio, e servem apenas para uma amortização pontual da dívida.

      O único aspecto positivo nada tem a ver com o governo federal, na toada eleitoreira de D. Dilma.  Não é que o Tesouro recebeu R$ 2 bilhões em dividendos de estatais e as contas dos estados e municípios apresentaram alguma recuperação, com superávit  de R$1,75 bilhão.
     Por sua vez, a Balança Comercial (exportação & importação de mercadorias) tem um déficit até outubro de US$ 1, 8 bilhão.   No mês passado, o saldo ficara negativo em US$ 224 milhões.

     Como se verifica, uma vez mais, é a conta do petróleo a vilã. Ao contrário da propalada (e por enquanto mítica) autossuficiência em petróleo,o cômputo entre as exportações de óleo bruto e as importações de combustíveis derivados no período ficou negativo em US$ 18,9 bilhões. Já o saldo dos demais produtos, conforme  nossa tradição de superávit na balança comercial, está positivo em US$ 17,1 bilhões.
     Assinale-se que tal déficit comercial se explica porque a produção da Petrobrás não está acompanhando o aumento da demanda interna (devido ao incremento na produção de veículos das montadoras estrangeiras, graças em parte às desonerações fiscais  determinadas pelo governo federal).   

     Se neste ano pré-eleitoral, a Presidenta e o governo federal já contribuíram para esses resultados pouco alvissareiros, como há de ficar a situação em um ano em que D. Dilma e o PT lutarão com todos os meios públicos à sua disposição para manter-se no poder, e afastar os mouros da oposição, quem há de duvidar – salvo a velhinha de Taubaté – do ulterior agravamento dos problemas na gestão econômico-financeira?

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo)

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