Reza o velho dito que assombração
sabe para quem aparece. E as contas do governo de Dona Dilma mostram que os
resultados, tanto no campo fiscal, quanto no comercial, dificilmente poderiam
ser piores.
Como assinala
a colunista Miriam Leitão, o governo
resolveu usar tática recomendada por Maquiavel e dar todas as más notícias num
único dia. Por isso, Fazenda e Banco Central divulgaram suas contas a 31 de
outubro. Pelas contas do BC, o Brasil teve déficit nominal (incluindo o pagamento
de juros) de R$ 22,8 bilhões, o pior da série histórica (iniciada com o Plano Real - as estatísticas anteriores são distorcidas pela
hiperinflação).
Por outro
lado, faltaram R$ 10,75 bilhões no
caixa do Tesouro. Esse déficit primário é igualmente o pior da série.
Essa queda na
disponibilidade do Tesouro se deve ao incremento das despesas de caráter
permanente. A irresponsável bondade
da Presidenta concedendo redução geral nas contas de luz criou novos custos
para o Erário no mês passado (R$ 2 bilhões !). O aumento das
despesas de caráter permanente, em especial na área social (bolsa
família, Minha Casa-minha Vida, pletora de desonerações fiscais) já
acumulam alta de 16% neste ano.
Entrementes, os investimentos aumentaram pouco menos de 3%, abaixo da inflação.
Os analistas tiveram reforçada a percepção de
que Guido Mantega e sua equipe não só não conseguirá cumprir a
meta fiscal de 2013, senão – o que é ainda mais grave – perdeu o controle das
despesas ao longo do ano.
O setor público
terá de economizar R$ 65,9 bilhões
no último trimestre, para conseguir atingir a meta do superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida
pública) de 2013, que monta a R$ 110,9
bilhões (o saldo acumulado até setembro é de R$ 45 bilhões).
A pouca
probabilidade de que o superávit fiscal
seja atingido já é evidenciada pelos números acima. Se em nove meses, só se
economizou 45 bilhões, semelha quase
impossível que se acrescente, nos três meses finais do ano, quase 70 bilhões.
Como era de
esperar-se, a maior contribuição negativa para o cômputo veio das contas de D.
Dilma, sem a contrapartida do aumento dos investimentos (cresceram 2,9% até
setembro). Quanto aos rendimentos do leilão do campo de Libra do pré-sal (R$ 15
bilhões), são ingressos una tantum
(de uma única vez). As parcelas do patrimônio da Nação que se privatiza (com
licença da má palavra, D.Dilma) se perdem sem remédio, e servem apenas para uma
amortização pontual da dívida.
O único aspecto
positivo nada tem a ver com o governo federal, na toada eleitoreira de D.
Dilma. Não é que o Tesouro recebeu R$ 2
bilhões em dividendos de estatais e as contas dos estados e municípios
apresentaram alguma recuperação, com superávit
de R$1,75 bilhão.
Por sua vez, a
Balança Comercial (exportação & importação de mercadorias) tem um déficit
até outubro de US$ 1, 8 bilhão. No mês
passado, o saldo ficara negativo em US$ 224 milhões.
Como se verifica,
uma vez mais, é a conta do petróleo a vilã. Ao contrário da propalada (e por
enquanto mítica) autossuficiência em petróleo,o cômputo entre as exportações de
óleo bruto e as importações de combustíveis derivados no período ficou negativo
em US$ 18,9 bilhões. Já o saldo dos
demais produtos, conforme nossa tradição
de superávit na balança comercial, está positivo em US$ 17,1 bilhões.
Assinale-se que tal
déficit comercial se explica porque a produção da Petrobrás não está acompanhando o aumento da demanda interna
(devido ao incremento na produção de veículos das montadoras estrangeiras,
graças em parte às desonerações fiscais
determinadas pelo governo federal).
Se neste ano pré-eleitoral, a Presidenta e o
governo federal já contribuíram para esses resultados pouco alvissareiros, como
há de ficar a situação em um ano em que D. Dilma e o PT lutarão com todos os
meios públicos à sua disposição para manter-se no poder, e afastar os mouros da
oposição, quem há de duvidar – salvo a velhinha de Taubaté – do ulterior
agravamento dos problemas na gestão econômico-financeira?
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo)
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