Jornalistas assassinados no Mali
Confirmando
indicações sobre a precariedade da situação no Mali, dois jornalistas
franceses, da Radio France Internationale, logo depois de entrevistar um líder
separatista na cidade de Kedal, no norte desértico do Mali, foram sequestrados
e, pouco depois, mortos.
Especula-se
que a razão principal do bárbaro assassínio de Ghislaine Dupont e Claude Verlon
se deveria à circunstância de que o alerta tenha sido dado em brevíssimo prazo.
Dentro da violência e da selvageria que prevalece nessa região contígua ao
deserto do Saara, os tuaregs (povo nômade que está presente em vários países
que partilham o Saara) não hesitaram em matar os infelizes pela degola. Este é,
de resto, o modo usual de fanáticos islâmicos de desfazer-se de suas presas
(cortar a garganta é um modo supostamente infamante de pôr fim à vida de um
‘infiel’, como foi a sorte de muitas vítimas estrangeiras inocentes na guerra
civil argelina da virada do século).
Esta
tentativa de rapto malograda terá sido incentivada pelo pagamento de resgate em
soma equivalente a US$ 34 milhões por quatro franceses, que estavam em poder da
al-Qaida no deserto do Níger, por cerca de três anos.
Nessa vasta
área desértica do Mali – que, como se sabe, fora ‘liberada’ recentemente de
ocupação por fanáticos islâmicos e assemelhados, por uma intervenção militar
ordenada pelo Presidente François Hollande – permanece um pequeno destacamento
francês, que não tem condições de dar plena segurança aos jornalistas que se
aventuram naquelas paragens.
Egito – julgamento do ex-presidente Morsi
O povo egípcio
desejaria a volta da normalidade e para tanto acredita que o condestável general
el-Sisi (nomeado para o posto ironicamente por quem iria poucos meses depois
destitui-lo) é a personalidade
apropriada para a presidência do país.
Dada a
predominância das Forças Armadas no país desde o golpe que derrubou em 1952 o
rei Faruk, este é um fenômeno sócio-político compreensível, por mais difícil que seja aceitá-lo.
Prepara-se agora
o julgamento do presidente Mohamed Morsi, acusado de incitação à violência.
Existe no gabinete egípcio – ou o que resta dele, depois de renúncias de
próceres prestigiosos como o ex-presidente da AIEA, Mohamed el-Baradej – pequeno
grupo de que o ministro Ziad Bahaa
el-Din seria a personalidade mais visível, e
que tem despertado suspicácias pelo fato de preconizar a clemência para o
ex-presidente Morsi. Dada a
impopularidade daquele que no exercício do poder mais parecia pender para a
velha Irmandade, do que para o sofrido povo egípcio, compreende-se que esta
posição crie dificuldades e até inimizades para o ministro el-Din.
A deslavada Censura
Talvez a
notícia da Folha de hoje, com o
levantamento em 27 Tribunais de Justiça e em centenas de editoras, seja ou um
autêntico epitáfio do sonho da
Constituição de 1988 de Censura - nunca mais! – ou da inoperância do
Supremo Tribunal Federal, que malgrado seja a nossa Corte Constitucional, parece conviver com essa situação que
abertamente desrespeita cláusula pétrea da Carta de 5 de outubro de 1988, que o
grande Ulysses Guimarães chamara de Constituição
Cidadã.
E diante
das obras biográficias contestadas por motivos diversos que não encontram
amparo na Constituição Cidadã e da censura ao Estado de São Paulo pelo
empresário Fernando Sarney, filho de José Sarney, que como nos ensinou o grande
Lula da Silva não é um homem comum, e inumeráveis outros exemplos de censura
judicial inconstitucional, só podemos afirmar que tal nefasto estado de coisas
persiste por um único e gritante motivo: a inoperância do Supremo Tribunal
Federal, que não prepara uma Súmula Vinculante para coibir todos esses abusos.
Pensávamos que na presidência de Joaquim
Barbosa as coisas fossem mudar, mas pelo visto estávamos enganados. Ou não?
(Fontes: The New York Times, Folha de S.
Paulo, O
Globo)
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