A Greenpeace respeitou seus ativistas ?
O aquecimento
global, com o fenômeno do acrescido degelo no Ártico, decerto favorece a exploração
do petróleo, além de abrir à navegação o antes congelado oceano. Tais benesses,
no entanto, vem acompanhadas de efeitos colaterais desastrosos, e, em especial,
sobre o permafrost dos grandes
espaços siberianos (e do Alaska!), e a consequente liberação do gás venenoso metano.
Mas não é disso
que pretendo ocupar-me. Como se sabe, a operação do Greenpeace, que visava protestar contra a exploração de petróleo no
Ártico pela Federação Russa, terminou com a detenção dos trinta dedicados
militantes do Greenpeace, a princípio
com a ridícula acusação de pirataria
à tripulação da pequena embarcação. Mais tarde, a justiça russa rebaixou a
imputação para vandalismo, o que
também não procede.
Os militantes –
e a brasileira Ana Paula, entre eles -
sofrem a traumática experiência de uma das justiças mais e atrasadas do planeta.
Não há muitas diferenças entre o que sofreu o escritor oitocentista Fiodor
Dostoievski (que nos deixou Recordações da Casa dos Mortos de sua prisão de quatro anos na Sibéria), e o
dia-a-dia nas masmorras sob gospodin
Vladimir V. Putin, que agora
enfrentam os corajosos militantes da Greenpeace
(primeiro na gelada Murmansk
(Sibéria) e presentemente, em São
Petersburgo, em condições um pouco menos ruins ).
O fato de que
os acusados sejam colocados em jaulas individuais constitui indício não tão
sutil das características da justiça sob
(e põe sob nisso!) do Presidente de todas as Rússias, Vladimir V.
Putin. Não é preciso pesquisar muito para determinar que a justiça na Rússia (e
as respectivas prisões) ainda não foram muito influenciadas pelo tratado
(século XVIII) Dos Delitos e das Penas,
de Cesare Bonesana, marquês de Beccaria...
A gaúcha Ana
Maciel, a par de sua simpatia, vem demonstrando muita firmeza, enquanto ergue
seus cartazes para salvar o Ártico, além de agradecer ao governo brasileiro, e
na embaixada em Moscou, ao que presumo seja
auxiliar-local, Clara Solon, a quem considera quase uma segunda mãe.
Como previsto,
o fato de pertencer ao BRIC não
parece ter comovido gospodin Putin
(presumo que a Presidenta Dilma lhe terá enviado alguma mensagem). Por outro
lado, Ana Maciel não se refere a nenhum diplomata brasileiro. Será que nenhum
teve tempo de aparecer para visita de apoio à pobre moça?
E não por último,
creio de toda oportunidade sublinhar a
irresponsabilidade da Greenpeace ao realizar essa operação demonstrativa contra a exploração do petróleo no Artico pela Russia. Além de ser mais
do que previsível a mão pesada do governo autoritário de Vladimir Putin, e a
discutível oportunidade de colocar em risco seus militantes (não é o mesmo que
enfrentar os navios-usina do Japão na pesquisa científica das baleias no
Mar Antártico), creio que teria sido muito mais humano e sensato poupar os
respectivos militantes desse arriscado stunt
(invasão acrobática) da base russa. Será
que a alta direção da Greenpeace não teria outro meio mais responsável e mais
respeitador da integridade física e mental de seus dedicados ativistas, para divulgar a falta de consciência ecológica de
Vladimir Putin e de seu governo ?
Inspirado pelo
estelionatário Bernard Madoff, as fraudes do
personagem Hal (Alec Baldwin), marido
de Jasmine (Cate Blanchet) constituem
o subtexto do filme, proporcionando à mulher uma vida de socialite em
Manhattan, Paris e adjacências. O filme começa com a vinda de Jasmine para San
Francisco, onde viverá com a irmã, a atriz inglesa Sally Hawkins, que a recebe
com boa vontade no seu apartamento chinfrim. As duas irmãs foram adotadas e Ginger não guarda rancor da maneira
com que Jasmine a tratara, em que um menosprezo light estava sempre presente.
Jasmine tem
igualmente vergonha do marido da irmã, Augie
(Andrew Dice Clay), por ser brega e de baixo nível. No entanto, ao saber
que o casal ganhara na loteria – o que permitira a vinda a Manhattan – Jasmine (que desconhece a base
fraudulenta das operações financeiras do marido) sugere que o cunhado empregue
o dinheiro com Hal (o que vai decretar a perda do que ganharam na loteria, e
também o naufrágio do casamento da irmã).
De tudo isso e
muito mais o espectador tomará conhecimento por sucessivos flash-backs que se inserem à perfeição na estória. Vindo quebrada
de New York – sabe-se que o marido se suicidou por enforcamento, e que todos os
seus pertences foram vendidos em hasta pública. A única coisa que Jasmine
trouxe de New York foi o conjunto Vuitton de malas, salvo pelo uso excessivo
que lhe tirou o valor de venda.
Blue Jasmine não é uma comédia, nem uma tragicomédia. Em nenhum momento Woody Allen nos faz rir. Constrói essa tragédia americana – em que a socialite sofisticada e superficial tem de conviver com o ambiente brega e o baixo nível de um bairro de San Francisco – através das experiências, fantasias e desejos nostálgicos de uma virada de jogo impossível de parte da protagonista. Cate Blanchet nos dá uma interpretação impressionante pela facilidade com que trafega da realizada e superficial Jasmine para a amargada, por vezes incoerente, atendente de dentista, que sonha coisas impossíveis, como terminar o curso de antropologia que abandonou para casar-se com a falsa fortuna de Hal. Cate é a coluna mestra do filme, e nos presenteia com representação digna de Oscar.
Além de
recomendar vivamente este avatar do gênio filmográfico de Woody Allen, apenas
uma vinheta a mais, em que a personagem central experimenta autêntica peripeteia
(a reviravolta). Encontra em uma festa o diplomata Dwight (Peter
Saarsgaard), a quem ilude a princípio pelos seus conhecimentos amealhados
enquanto circulava na alta sociedade nova-iorquina. Parece predestinada a
desvencilhar-se da maldição de Hal,
quando estreita os laços da união com Dwight
(que tem ambições políticas) se não se encontrasse com o ex-marido de Ginger, Augie (Andrew Dice Clay). Na cena, como
um coro grego, Augie irrompe e despeja todo o seu rancor em Jasmine que,
inadvertidamente, fizera com que ele empregasse todo o dinheiro da loteria com
o vigarista Hal. Por isso, separado de Ginger, ele não poupa qualquer detalhe
dos podres de Jasmine, queimando assim cego de raiva qualquer possibilidade de o viúvo Dwight unir-se a Jasmine, como
antes pretendia.
Sem mais
esperança, completa-se o círculo. Quando o marido Hal, de muitas conquistas, resolve enfim abandoná-la por uma jovem,
Jasmine se vinga, destruindo Hal,
através de denúncia para o FBI. Tudo
ela admitiria sob a condição de que o laço conjugal fosse mantido. Quando Hal lhe diz que vai se mudar para um
hotel, Jasmine mostra que a sua pretensa ignorância das falcatruas do cônjuge
fazia parte de visão seletiva da realidade, fundada sob a condição que a união
permanecesse. Como tudo se desfaz, nos despedimos da personagem em banco de
praça a falar sozinha, sem outra perspectiva que a própria loucura.
.
Guerra Civil Síria
Assim, a
iniciativa tanto em Aleppo, quanto
nos subúrbios de Damasco, não mais se
acha com os rebeldes, e sim com as tropas do governo.
Ao sul da
capital, os subúrbios voltaram a ser contestados pelo regime alauíta. A perda
de Qusayr enfraqueceu a resistência
rebelde. Nesses termos, a ‘limpeza’ da área continua. O domínio de Qusayr assegurava à Liga Rebelde livre acesso a Damasco. A retomada
dos subúrbios é uma decorrência dessa alteração no quadro geral, em terras onde
ganhos táticos podem somar vantagem estratégica, eis que aumenta a dificuldade
de provisão de meios e de movimentação de pessoal.
A mesma
impressão prevalece em Aleppo, a principal cidade ao norte da Síria. Dividida
em dois por muito tempo a situação se vai tornando mais precária para as bravas
defesas da revolução.
Depois da longa
permanência do equivalente a um confronto
de trincheiras, o lado rebelde começa a evidenciar maiores problemas com
as características do conflito. Para Bashar
al-Assad tanto a Federação Russa, quanto o Irã nunca cessaram a remessa de
armamentos, sofisticados ou não. No caso, Teerã conta com o suporte do Hezbollah, para quem a vitória sobre a
Liga Rebelde não é apenas questão de prestígio, eis que tem a ver com as bases
vitais da milícia de Hassan Nasrallah.
Da parte
rebelde, o apoio tem vindo do Qatar e da Arábia Saudita. Quanto ao Ocidente, a
movimentação é diplomática...
(Fontes: O Globo; Folha
de S. Paulo; New York Times)
Um comentário:
Blue Jasmine é realmente um grande filme. O espectador vai descendo na vida esvaziada da personagem, punida pelos cineasta por sua arrogância. Fica apenas a sua loucura.
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