Neste sábado, 23
de novembro, foram retomadas as negociações em Genebra entre os membros
permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia, de um
lado, e o Irã, de outro.
Com a nova
postura do presidente Hassan Rouhani – que sucedeu ao
radical Mahmoud Ahmadinejad – terão sido
criadas condições naquela república islâmica de entendimento acerca do projeto
nuclear iraniano.
Há um certo
otimismo, tanto de Catherine Ashton,
que é a ‘ministra’ da U.E. para as
relações exteriores, e de seu correspondente iraniano, Javad Zarif. A própria vinda do Secretário
John Kerry para participar das conversações é interpretada nesse contexto.
Estarão igualmente
presentes o Secretário do Exterior de
Sua Majestade Britânica, William Hague,
e os ministros do exterior de França, Laurent
Fabius, da Federação Russa, Sergei
Lavrov, e da República Popular da China, Wang Yi.
Malgrado a
aparente boa disposição do delegado iraniano, deve-se ter presente que o Líder Supremo Ali Khamenei, em recente
alocução para as milícias Basij[1], que estão entre
as áreas mais radicais da teocracia iraniana, assegurou que não vai ceder no direito iraniano de enriquecer o urânio. A
intervenção do ayatollah se insere em
manobra interpretada por analistas como tentativa de acalmar as alas mais
extremadas quanto às implicações das negociações de Genebra.
As divergências
sobre o enriquecimento do urânio e o fabrico do reator de águas pesadas de
Arak, de parte iraniana, constituem os principais obstáculos para o Acordo com
o Irã. Se a intervenção de Khamenei se destina apenas a conter os extremistas no
campo iraniano, sob o argumento de que o Líder Supremo não permitirá que os ‘sagrados
direitos da República Islâmica’ sejam mercadejados, tampouco se deve ignorar
que o ódio ao Ocidente e sobretudo aos Estados Unidos (como o grande Satã dos tempos do Imã Khomeini) depois de alimentado
com tal intensidade, não há de desaparecer facilmente.
Desse modo, se
no seu discurso Khamenei destacou o interesse em “laços amigáveis com todos os
países, inclusive os EUA”, ouviu, dos milicianos Basij, em troca, clamores de “morte
aos EUA”...
Há, por outro
lado, expectativa acerca da posição francesa, que no primeiro ‘round’ de negociações se assinalara por postura menos flexível, que Teerã interpretou
como próxima da posição israelense.
Resta verificar,
por conseguinte, se o alardeado otimismo quanto ao êxito das reatadas
negociações corresponderá à realidade.
Não há dúvida
que as sanções impostas ao regime islâmico pesam bastante sobre a economia e a população daquele país. Daí o interesse do
novo presidente Hassan Rouhani em
chegar a acordo, que possa agilizar o levantamento das sanções. Tampouco se
deve esquecer, no entanto, que as sanções não tenderão a evaporar-se do dia
para a noite, eis que – e notadamente nos Estados Unidos – a sua supressão
implicaria em processo legislativo complexo e de alguma lentidão.
(Fontes: CNN, O Globo)
[1] As milícias Basij estão
entre os mais truculentos partidários do regime islâmico, como se verificou na
violência praticada contra o movimento verde de Mir Mousavi e do clérigo
Kerroubi, quando da reeleição fraudada de Ahmadinejad.
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