sábado, 23 de novembro de 2013

Acordo Nuclear com o Irã ?

                       

        Neste sábado, 23 de novembro, foram retomadas as negociações em Genebra entre os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia, de um lado, e o Irã, de outro.
       Com a nova postura do presidente Hassan Rouhani – que sucedeu ao radical Mahmoud Ahmadinejad – terão sido criadas condições naquela república islâmica de entendimento acerca do projeto nuclear iraniano.

       Há um certo otimismo, tanto de Catherine Ashton, que é a ‘ministra’ da U.E. para as relações exteriores, e de seu correspondente iraniano, Javad Zarif. A própria vinda do Secretário John Kerry para participar das conversações é interpretada nesse contexto.
       Estarão igualmente presentes  o Secretário do Exterior de Sua Majestade Britânica, William Hague, e os ministros do exterior de França, Laurent Fabius, da Federação Russa, Sergei Lavrov, e da República Popular da China, Wang Yi.

       Malgrado a aparente boa disposição do delegado iraniano, deve-se ter presente que o Líder Supremo Ali Khamenei, em recente alocução para as milícias Basij[1], que estão entre as áreas mais radicais da teocracia iraniana, assegurou que não vai ceder  no direito iraniano de enriquecer o urânio. A intervenção do ayatollah se insere em manobra interpretada por analistas como tentativa de acalmar as alas mais extremadas quanto às implicações das negociações de Genebra.
       As divergências sobre o enriquecimento do urânio e o fabrico do reator de águas pesadas de Arak, de parte iraniana, constituem os principais obstáculos para o Acordo com o Irã. Se a intervenção de Khamenei se destina apenas a conter os extremistas no campo iraniano, sob o argumento de que o Líder Supremo não permitirá que os ‘sagrados direitos da República Islâmica’ sejam mercadejados, tampouco se deve ignorar que o ódio ao Ocidente e sobretudo aos Estados Unidos (como o grande Satã dos tempos do Imã Khomeini) depois de alimentado com tal intensidade, não há de desaparecer facilmente.

       Desse modo, se no seu discurso Khamenei destacou o interesse em “laços amigáveis com todos os países, inclusive os EUA”, ouviu, dos milicianos Basij, em troca, clamores de “morte aos EUA”...  
       Há, por outro lado, expectativa acerca da posição francesa, que no primeiro ‘round’ de negociações se assinalara por  postura menos flexível, que Teerã interpretou como próxima da posição israelense.

      Resta verificar, por conseguinte, se o alardeado otimismo quanto ao êxito das reatadas negociações corresponderá à realidade.
      Não há dúvida que as sanções impostas ao regime islâmico pesam bastante sobre a economia e a população daquele país. Daí o interesse do novo presidente Hassan Rouhani em chegar a acordo, que possa agilizar o levantamento das sanções. Tampouco se deve esquecer, no entanto, que as sanções não tenderão a evaporar-se do dia para a noite, eis que – e notadamente nos Estados Unidos – a sua supressão implicaria em processo legislativo complexo e de alguma lentidão.

 
 
(Fontes: CNN, O Globo)



[1] As milícias Basij estão entre os mais truculentos partidários do regime islâmico, como se verificou na violência praticada contra o movimento verde de Mir Mousavi e do clérigo Kerroubi, quando da reeleição fraudada de Ahmadinejad.

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