segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Rescaldo do Fim de Semana

                                    
Declarações de Beltrame

       Parece-me haver um certo descompasso entre o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e o Comandante da PM, Coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, quanto à portaria deste último, concedendo anistia a policiais militares desde quatro de outubro de 2011.
      O Chefe não se pergunta em público se cabe ou não uma iniciativa de subordinado seu.  Segundo a notícia de O Globo, Beltrame cobrará hoje de Erir justificativas sobre o decreto (sic), publicado na última sexta-feira. E acrescentou: ‘Precisamos, sem dúvida nenhuma, explicar melhor o que são estes pequenos delitos, sobretudo para a sociedade.’ Segundo o diário, o ‘secretário ameaçou revogar a decisão, fato que abre uma crise na segurança.’
      Se o comandante da PM extrapolou da própria autoridade,  seu superior hierárquico não deve trazer a público um processo decisório que deve ser sigiloso. Se a portaria permanecer, a autoridade de Beltrame fica arranhada. Se ela cair, a situação do comandante da PM se tornaria insustentável.
      Trazer a imprensa para uma situação destas, não aproveita a ninguém. Nem ao Secretário, que reclama de decisões que lhe deveriam em princípio ser submetidas, nem ao comandante da PM, que vê contestada uma iniciativa que pode ser de sua alçada.  E nem à sociedade civil, a que não interessa haja aparente litígio entre autoridades diretamente responsáveis pela defesa da tranquilidade pública.   
 

Perdoar dívidas a ditadores africanos ?

       A infeliz África se vê em geral assolada por ditadores corruptos. Naquele continente, a corrupção é infelizmente a regra, e a honestidade a exceção. Dentre esses últimos, o presidente da Guiné-Conakri é exemplo da autoridade incorruptível, e por isso na estranha lógica africana, corre cotidiano risco de ser assassinado.
       Mas não é de seu país que o Governo Dilma deseja perdoar dívidas. Mais quatro serão incluídos na lista, se o Executivo prevalecer: a medida incluiria Congo, Zâmbia, Costa do Marfim e Tanzânia. A riqueza mineral desses países é em geral prejudicada pela endêmica corrupção e/ou por guerras civis (Congo e Costa do Marfim).
       O que a bancada da oposição se pergunta é se cabe desperdiçar os nossos recursos, aceitando perdoar atrasados de países atolados em dívidas e supostamente incapacitados de honrar as prestações devidas, enquanto os respectivos ditadores alardeiam agressiva riqueza, em geral invertida fora  de seu país, em contas bancárias ou em propriedades suntuárias, como disso constitui o triste exemplo do defunto Mobutu.

 
Outra vez a Al-Qaida ?

        Além dos consuetos avisos para viajantes (em especial ao Oriente Médio) para que tomem especial cuidado, dezenove missões diplomáticas dos Estados Unidos no Oriente Médio, na África do Norte e no Sul da Ásia foram fechadas para o público. Tais medidas são válidas até o próximo sábado, dez de agosto.
        Alegadamente com base em comunicações por e-mail (com semelhanças ao chamado chatter (tagarelagem) que precederam o ataque às Torres Gêmeas em onze de setembro de 2001, a partir de uma afiliada no Iemen, a al-Qaida, os Estados Unidos toma medidas de segurança extrema para evitar o que poderiam ser ataques no Iraque, Paquistão e Líbia.
          No mês passado, houve uma onda de evasões de prisão nos referidos Iraque, Paquistão e Líbia. Há o temor de “operações coordenadas ou ligadas”.  No caso presente, as providências da Administração Obama têm o apoio da oposição republicana. Nesse sentido, o Senador  Saxby Chambliss, que é o representante sênior o GOP no Comitê de Inteligência do Senado, disse que os fechamentos das missões eram justificados, pelo que considerou como “a mais séria ameaça terrorista” dos últimos anos.


A Vitória de Mugabe no Zimbabue


          No poder desde 1980, quando derrubou o domínio dos brancos no Zimbabue (antiga Rodésia) – a que, na prática, expulsou do país, de forma mui diversa da conciliação implementada na vizinha Africa do Sul por Nelson MandelaRobert Mugabe, na flor de seus oitenta e nove anos, não teria tido maiores dificuldades para vencer o chefe da oposição, Morgan Tsvangirai, com quem, no mandato  anterior, partilhara, na prática, o governo.
          O  ZANU-PF, o partido de Mugabe está solidamente implantado em todas as expressões do Estado, o que tende a muito contribuir para facilitar a forrar  as urnas, dentro do sistema de fraude eleitoral, também praticado no Magreb (norte africano).
          Por outro lado, a velha raposa Mugabe, ao atrair o oposicionista-mor Tsvangirai para compartilhar segmentos da governança, prejudicou o MDC, por envolvê-lo na endêmica corrupção do ZANU.
          Assim, comprometendo Morgan Tsvangirai, Mugabe retirou do chefe da oposição a sua melhor arma, a do combate à corrupção.  Os totais da votação final (66% para Mugabe e 33% para Tsvangirai) se foram, igualmente, distorcidos pela fraude, hão de refletir de certo modo o desconforto das massas no Zimbabue, ao dar-se conta de que tampouco o oposicionista está acima de qualquer suspeita.   

 

(Fontes: O Globo, International Herald Tribune; New Yorker).

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