Já ao cabo de seu terceiro ano de gestão,
vemos com desconcerto as más notícias da economia brasileira. O desastrado
intervencionismo da Presidenta se vai refletindo em toda parte, com as
previsíveis consequências.
Tome-se, por exemplo, o referido pelo artigo
de Miriam Leitão sobre energia. Ao
assumir, Dilma prometera mudar os erros do passado na falta de planejamento que haviam levado ao apagão de 2001. Hoje, a
energia eólica é a que mais cresce no Brasil, porque ocorreu o previsível. Com
efeito, os investimentos no setor levaram ao barateamento dos custos, o que
permitiu novos projetos. Entretanto, provoca estranheza a falta de linhas de
transmissão, o que faz com que os parques eólicos produzam em vão... Há dois leilões previstos, mas foi feita uma discriminação. O primeiro, no dia 23, é apenas para a eólica, com preço máximo de R$ 117 o MWH , e só serão aceitos projetos perto das linhas de transmissão existentes, como se fosse das eólicas a culpa pelos projetos hoje parados da CHESF. Já no dia 28 haverá segundo leilão, aberto apenas para as pequenas centrais hidrelétricas, as térmicas e a biomassa. Aqui não há exigência de localização e o preço é bem mais salgado, de R$ 140 o MWH. Traduzindo em miúdos: o governo aceita comprar energia suja, como a do carvão, por preço maior do que quer dar pela energia limpa !
O populismo, no entanto, com as suas ‘bondades’ ao consumidor, só faz subir o custo da energia ao consumidor residencial e industrial. As distribuidoras tiveram que reduzir a conta quando o preço estava maior. Solução: fazer pagar a conta pelo Tesouro, o que significa o aumento na dívida pública em dezessete bilhões.
Não param aí as confusões. Resolução do Conselho Nacional de Política Energética determinou o rateio entre todas as geradoras do custo extra do uso das térmicas. Pagam assim as limpas pelas sujas! E há mais confusões do Ministério de Minas e Energia, com falha no planejamento da compatibilização dos sistemas de segurança entre geração e transmissão nas hidrelétricas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio). Se o impasse não for resolvido, o custo adicional mensal será de R$ 200 milhões.
Por outro lado, como as coisas no varejo andam mal, no atacado os problemas se situam na crescente falta de transparência no Orçamento Geral da União. E pelas mesmas razões do descalabro fiscal na Argentina de Cristina Kirchner. Quem não tem muito de bom a mostrar, procura disfarçar ou maquiar a realidade. É de recordar-se sempre neste aspecto os comunicados do Alto Comando da Wehrmacht, quando começou a longa derrocada do exército nazista na Rússia. A principal dificuldade com esse tratamento é o mesmo de tapar o sol com peneira.
Resumindo, nas palavras de Miriam Leitão: O governo arrecada muito, investe pouco, eleva o gasto e escolhe mal onde investir.
Por outro lado, há grande probabilidade de um déficit na balança comercial, o que se deve às intervenções governamentais na Petrobrás. De acordo com o Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, o ‘déficit no ano será culpa do Brasil’. E explica: ‘É provocado pela queda na quantidade exportada de petróleo. A Petrobrás retardou a manutenção das plataformas, provocando queda na produção, o que afetou as exportações. (...) Se a quantidade exportada fosse a mesma de 2012, teríamos superávit entre US$ 7 bilhões e US$ 10 bilhões’.
Por causa das confusões de D. Dilma, a nossa única balança tradicionalmente superavitária – a comercial – terminará o ano com déficit. Isto é mau para a economia e as nossas contas externas, eis que, ao invés de dispormos de saldo neste balanço, teremos mais contas negativas, que se aditarão aos déficits em bens e serviços e, por conseguinte, no balanço de pagamentos.
Como este último não pode terminar no vermelho, ele só será reequilibrado, ou com empréstimos, ou com as nossas reservas. Nesse contexto, tenha-se presente, a despeito do triunfalismo de Lula e Dilma, as nossas reservas internacionais são de US$ 370 bilhões . Que maravilha, não lhes parece ? Há, no entanto, um pequeno detalhe, em geral omitido: a dívida externa brasileira é de US$ 325 bilhões. O saldo real, portanto, no momento, é US$ 45 bilhões. Dessarte, todos os bilhões de déficit sairão desse saldo, que irá por conseguinte encolher...
(Fontes: O Globo, VEJA (Maílson da Nobrega) )
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