Prisão absurda
A detenção do
brasileiro David Miranda no aeroporto
de Heathrow, quando em trânsito para
o Brasil foi clara instrumentalização da chamada lei antiterrorismo do Reino
Unido.
Além do agrado feito à Superpotência, que fora
informada pelos britânicos antes da efetivação da prisão, há vários aspectos
que caracterizam o emprego abusivo da legislação: (a) o descabido recurso a
esta lei, eis que no capítulo nada
poderia ser imputado ao nacional brasileiro; (b) o viés intimidatório, sublinhado pelas contínuas ameaças a que foi
submetido David; (c) o tempo máximo utilizado, ao contrário das detenções
baseadas neste recurso, que não costumam ir além de uma hora; (d) falta de
qualquer aviso à chancelaria brasileira.Bem houve o Ministro brasileiro Antonio Patriota, que além de convocar o embaixador britânico em Brasília, protestou junto a seu homólogo inglês, William Hague.
Como seria de esperar, a descabida ação – mais própria de Estado policial – foi questionada no Parlamento e na imprensa, pelo cínico emprego de instrumento com escopo específico que, no caso, nada tem a ver com prevenção e/ou combate ao terrorismo.
Estripulias do dólar
Depois do
longo letargo, a economia estadunidense começa a crescer. Em breve a Federal Reserve deverá aumentar a taxa
de juros – que, no momento, para facilitar a recuperação e o emprego, está
próxima de zero. O capital internacional acompanha os primeiros sinais do
despertar do dólar americano. Daí, a agitação nos mercados financeiros,
inclusive os denominados emergentes.
Com o
redespertar do gigante, é de entender-se que os tempos hão de ser outros, em
termos de atrações comparativas. O Globo de hoje já nos proporciona uma
lista da desvalorização das outras moedas em relação ao dólar.Não é necessária muita bagagem financeira para antecipar que nesse embate mais sofrem as divisas cujos sinais vitais apresentem pontos mais débeis. Infelizmente, por cortesia de D. Dilma, o Real já não parece mais aquele que encantava os mercados.
Nesse contexto, teria sido talvez melhor que o Ministro Guido Mantega nas suas declarações à imprensa, ao bater o Real na paridade R$ 2,42 por US$ dólar, tivesse ficado com a boca presa, sem dizer que não sabe onde isso vai parar.
Em fim de contas, quem tem a ver mais diretamente com a cotação da moeda americana é o Banco Central que, junto com o Tesouro, tem gasto fortunas para tentar segurar-lhe a cotação.
Se os irresponsáveis republicanos na Câmara de Representantes, quando da vindoura fixação do teto da dívida americana – no passado, uma situação burocrática, e hoje, instrumentalizada pelo GOP, produziu recentemente o rebaixamento do Tesouro americano por uma agência de classificação – tentarem forçar nova crise de fechamento do cofre, e da capacidade do Tesouro estadunidense de honrar os respectivos compromissos, essa gente poderá estar desfazendo o meritório trabalho do Presidente do Fed, Ben Bernanke. A única esperança na matéria é que dê nessa turma uma espécie de estalo de Vieira, ao exagerarem na provocação (sem falar que ao pensarem prejudicar Obama e os democratas, estão na verdade dando um tiro no próprio pé), correm o risco de um castigo exemplar nas próximas eleições intermediárias.
Insanidade em fim de mandato
No passado distante, o sistema das Capitanias Hereditárias deu no que deu, e este despautério da vez deve ter vida curta, dado o manifesto abuso de desvirtuar uma autorização para dirigir veículo de aluguel em benefício vitalício.
Cabral, que gozou de bondades petistas e peemedebistas, para não ser incluído nos investigados pela CPI do Cachoeira (que aliás terminou em pizza), já não mostrara muito bom senso ao associar-se à turma do lenço. Agora, em que teria dificuldade de eleger vereador, resolve firmar esse documento do contra-senso assemblear, com o que perde boa ocasião de mostrar que, no fim de contas, ainda tem algum juízo.
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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