quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mundo Cão

                                              
A sina da defensora de causas difíceis

           Lynne F. Stewart foi no passado uma figura controversa, que se assinalara por defender clientes impopulares. Aceitava patrocinar causas de réus acusados de terrorismo, como o xeque Omar Abdel Rahman, o clérigo cego que foi condenado por conspirar para explodir o prédio das Nações Unidas e outros monumentos de New York.
          Impetuosa e incansável, e sem papas na língua – certa feita Lynne declarou que poderia ditar uma sentença mais curta com a cabeça no chão e de pernas para o ar – a advogada foi condenada em 2010 a dez anos de prisão, por passar mensagens do xeque prisioneiro para os violentos seguidores no Egito. Em 2012, a sentença foi confirmada por tribunal superior de apelação.
           Agora, com 73 anos e paciente terminal de câncer, reclusa em hospital prisional no Texas, a senhora Stewart requereu a um juiz que comutasse o restante de sua pena. Ela tramitou tal pedido depois que o Bureau Federal de Prisões rejeitou a sua demanda ‘liberação compassiva’, dentro de um programa para prisioneiros que sofrem de enfermidades terminais.
            Na sua carta manuscrita ao juiz, de doze páginas, a senhora Stewart acentuou “que bem sabe que não quer morrer na prisão – um lugar estranho e sem amor. Quero ficar  aonde tudo me seja familiar – numa palavra, em casa.”
            A notícia inclui as razões do Bureau: “ao sopesar a questão, o escritório considera a condição do prisioneiro e se poderia representar uma ameaça fora da prisão, assim como consulta os promotores”.
            Diante da situação, a advogada da senhora Stewart, Jill R. Shellow resolveu dirigir-se diretamente ao meritíssimo John G. Koeltl, da Corte do Distrito Federal, o juiz que a condenou, encarecendo a sua ajuda.
            A Dra. Shellow descreveu as condições da prisão de sua cliente.  Como ela tem de usar um andador  para movimentar-se, e quando é transportada para centro de tratamento de câncer fora da prisão, ela tem de estar agrilhoada, com uma corrente na barriga, e algemas. Como, então, não considerar tal punição cruel, inusitada e excessiva?  Segundo aduziu, esta  é uma das razões pela qual a advogada requer a liberação da Sra. Stewart.
            A sra. Stewart teve detectado câncer na mama em 2005. Operada e submetida à radiação, a que se seguiu terapia hormonal por cinco anos. Não obstante, em 2012, a equipe médica na sua prisão  - o Centro Médico Federal Carswell, em Fort Worth, descobriu um nódulo no pulmão esquerdo. Mais tarde, os  médicos  nela encontraram câncer metastático, que se espalhara a pulmões, sistema linfático e ossos.
            O Juiz Koeltl disse a propósito que em audiência a ser realizada nesta semana ouvirá as partes.

 
Os Soldados não se suicidam por causa das guerras

 
           Acaba de ser publicado on-line um estudo pela  Revista da Associação Médica Americana. Os pesquisadores médicos chegaram à conclusão que o serviço em áreas de guerra, assim como a exposição ao combate não são os fatores principais por trás de um incremento significativo nos suicídios entre o pessoal militar estadunidense de 2001 a 2008.
          Sempre de acordo com a análise publicada pela Associação Médica,  a conclusão corroboraria o que muitos especialistas militares médicos dizem há anos: que as forças responsáveis pela elevação nos suicídios de militares são similares às do mundo civil.  Incluiriam doença mental, abuso de drogas e problemas financeiros e de relacionamento.
          As conclusões do estudo não corroboram a premissa que as características ligadas a missões com a sua extensão, o número de empregos ou experiências de combate estejam diretamente associadas com o incrementado risco de suicídio. Ao invés, os fatores de risco associados com suicídio no pessoal militar não discrepam daqueles na população civil, inclusive o sexo masculino e perturbações mentais.
          Embora considere os fatores não ligados à mobilização como os mais relevantes,  o estudo sublinha a complexa interação da guerra e da sanidade mental das tropas, mesmo aquelas que não saíram dos Estados Unidos.
           Antes das recentes guerras, a taxa de suicídio nos militares estava bem abaixo da dos civis. Mas a diferença começou a diminuir a partir de 2001, quando o coeficiente civil também se elevava.  Em 2012 os suicídios em tropas no serviço ativo alcançaram o record de 350, duas vezes mais que o da década anterior, e maior que o número de militares abatidos em combate ou em acidentes de transporte, do mesmo ano.
           Hoje, o coeficiente do suicídio nos militares é quase idêntico ao dos civis, quando este último é ajustado para levar em conta o alto percentual de jovens brancos alistados no exército.

 
O  Inimigo  Populista da Reforma Imigratória

            D.A. King deixou o seu emprego como corretor de seguros para dedicar-se integralmente a uma campanha contra a imigração ilegal na Georgia.
            Não é por acaso que a Georgia dispõe de legislação repressiva contra os imigrantes, comparável àquela do Arizona.
            Segundo Mr. King, os EUA se estão enchendo de imigrantes que não respeitam a lei ou o modo de viver americano (American way of life). Refere-se aos grupos de latinos como “os tribalistas”, dizendo que buscam imprimir uma agenda étnica divisiva.
            King assim se refere a seus adversários: “O lobby dos estrangeiros ilegais nunca muda. É a ala de Wall Street do Partido Republicano que se une à Câmara de Comércio, a extrema esquerda e os democratas no esforço de expandir o trabalho barato e aumentar a votação para o Partido Democrata.”
            O objetivo de King e de seus aliados é o de anular o trabalho de democratas e republicanos no Senado, com o projeto aprovado pela Câmara alta de reforma imigratória. King deseja convencer o Speaker da Câmara, John Boehner, que se proporia a apresentar uma proposta de reforma na imigração – posto que muito aquém do projeto do Senado. No entender de King, qualquer voto pela legalização dos imigrantes seria matéria de consideração por todos os que sufragaram os congressistas conservadores da Georgia.
             Alimentada pelo preconceito e por velhos rancores, a atuação de Mr. King pode ainda preocupar, como fator regressivo, dada a dinâmica da imigração nos Estados Unidos e o interesse de tornar os ‘latinos’ cidadãos ativos na União americana. Jerry Gonzalez, um líder latino na Georgia, e um velho adversário de King, aponta para a nova demografia de que os legisladores da Câmara precisam, por seu próprio interesse, tomar conhecimento. Os votantes latinos inscritos aumentaram de dez mil em 2002 para 184 mil em 2012, e com mais de duzentos mil imigrantes legais em condições de se tornarem cidadãos.  A respeito, declara Gonzalez: Se o Partido Republicano ficar com a narrativa extremista xenofóbica de King,  eles se estarão encaminhando para um futuro fracasso.
             O que mais preocupa a King é que os donativos não estão aumentando...

 

(Fonte: International Herald Tribune)   

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