A Triste Estória dos Médicos Cubanos
Cuba, a gerontocrática
ditadura dos irmãos Castro, sempre foi uma fraqueza de Lula da Silva, que lá
costumava aparecer amiúde, para pedir a bênção socialista de Fidel Castro.
Todos sabemos
que o Brasil tem um sério problema com a saúde de seu povo. Os privilegiados,
como o ex-presidente, quando carecem de cuidados médicos, tratam de
internar-se, de preferência, no Sirio -
Libanês, ou no Einstein.
No
SUS, nem pensar. Entra
ano e sai ano, e tudo continua na mesma. Em época eleitoral –
cuidado cidadão, que 2014 vai sê-lo – chovem
as promessas de melhor atendimento, e as pirotecnias, como as famosas UPAs do
governador Cabral !
A corrupção de um lado, e de outro, a velha
incompetência acoplada com a indiferença das elites, tratarão de vender ao
povão gato por lebre, e dizer, por enésima vez, que desta feita tudo será
diferente...
Surpreendeu, no
entanto, que o regime petista tenha pensado recorrer aos médicos cubanos para
tentar resolver, inda que seja pelas bordas, o problema da falta de tratamento
clínico de que padecem as populações interioranas. Não é que não haja
deficiência nas principais cidades, mas pelo menos aí
existem estruturas – que podem ou não estar disponíveis.
Já em certas
faixas do Brasil profundo, o problema muda, pela falta de médicos e de
ambulatórios. Será para esse desafio que o Ministério da Saúde resolveu apelar
para o corpo médico estrangeiro. Chamam a atenção as regras para os médicos
cubanos.
O exemplo que
estão imitando é o venezuelano. Para a sua extremada admiração pelo regime
cubano, não havia limites para o Coronel Hugo Chávez Frias.
Por isso, uma
tal associação entre Havana e Caracas tornaria compreensível e quase natural,
um contubérnio do gênero. Os pobres médicos cubanos são tratados como gado. O
regime a que estão sujeitos é o de servos da gleba. O acordo entre os dois
governos, quiçá acertado muito antes de divulgado pela imprensa, possibilita
que esses profissionais venham para o Brasil,mas sem família e sem dinheiro. O
seu salário não lhes concerne, eis que o Brasil paga, de forma indireta, para o
governo cubano o montante global. Depois, Cuba manda para cá uma parcela do
total, quase uma mesada. Entrementes, para alimentar-se o médico depende da
generosidade do município respectivo a que estará alocado.
Que o governo de
um país que se diz democrático e constitucional, possa tolerar um esquema desse
teor, em que a exploração do profissional aparece por todo o lado, é uma página
das mais deploráveis do governo brasileiro.
Mutatis
mutandis, nem no regime militar há
exemplo
que se lhe compare, eis que, por toda parte repontam os desrespeitos à
legislação.
O Brasil não
pode pactuar com essa afrontosa operação dos médicos cubanos. É um acinte
contra os direitos humanos, e a sua eventual duração seria prova eficiente da
existência ou não de Justiça neste país.
Ataques ao Grupo Femen
O Grupo Femen, nascido na Ucrânia, multiplica-se em vários países, nas suas desenvoltas
demonstrações em prol do gênero feminino, e das diversas limitações e abusos de
que sofre por esse mundo afora.
Até no
Brasil, no Rio e em São Paulo, os protestos femininos ocorreram da forma que
constitui a sua marca registrada, vale dizer os seios expostos, e de
preferência diante de algum empertigado formalismo oficial.
Foi assim, por
exemplo, em importante feira comercial na Alemanha, e defronte não só de
Frau Angela Merkel, mas sobretudo de
gospodin Vladimir Putin, a quem o exercício visava especialmente, quem sabe,
talvez, pela prisão e condenação de jovens moscovitas, que tinham encenado
rápida demonstração em igreja ortodoxa.
Agora, na
terra do Presidente
Viktor Yanukovych, três dirigentes do grupo
Femen sofreram em Odessa um violento
ataque de desconhecidos. Com efeito,
Anna Hutsol e
Alexandra Shevchenko,
assim como
Viktor Svatsky, foram surrados em Odessa, no pátio do prédio em
que estavam arranchados.
É
a quinta investida de que o grupo
Femen sofreu nas últimas semanas. No mês
passado, Svatsky sofreu sevícias perto do escritório em
Kiev, e teve de ser internado por duas semanas em hospital. Também
sofreram golpes a Shevchenko, mais duas mulheres do
Femen e um fotógrafo, além de passarem a noite na prisão.
Diante da
situação, e das tropelias que sofre, o
Grupo
Femen dirigiu-se ao Ministro do Interior
Vitaly Zakharchenko, solicitando a concessão de segurança integral.
“De outra forma, ativistas de
Femen
correm perigo mortal”.
Tudo indica que
a intenção do
Governo Yanukovych é a
de forçar a expatriação do grupo
Femen,
que se afigura demasiado incômodo para o regime.
Uma estranha Maracutaia Legal
Pensa-se, por vezes, que, em termos de
vigarices, não há limites para a imaginação brasileira. No entanto, pelo resumo
que acredito oportuno fazer de artigo de
Sarah Stillman,
publicado em
The New Yorker, de 12 e
19 de agosto de 2013, há concorrentes sérios na terra de
Tio Sam.
Numa tarde de
quinta-feira em 2007,
Jennifer Boatright,
garçonete de bar de Houston, dirigia o seu carro, levando os dois filhos e o
namorado,
Ron Henderson, na estrada
59 no caminho de
Linden, a cidade
natal de Henderson, perto da divisa entre os estados de
Texas e
Lousiana.
O casal fazia tal viagem em Abril, para
passar temporada com o pai de Henderson. Naquele ano, os dois tinham
decidido
comprar um carro usado em
Linden, e por isso colocaram a poupança em espécie no porta-luvas do carro.
Após uma
paradinha em um mini-mercado de
Tenaha, para beliscar uma merenda, o
casal Boatright (uma
redneck) e
Henderson (de origem latino-americana) achou esquisito que a viatura policial,
antes parada no parking, os estava seguindo. Perto da divisa da cidadezinha, o
policial
Barry Washington forçou o
seu acostamento. Perguntou de saída se Henderson, sem ultrapassar, se dera
conta de dirigir na pista da esquerda, e por mais de oitocentos metros? Diante
da negativa, o policial perguntou se havia droga no carro. O casal negou,
Washington e seu auxiliar procederam a uma busca no veículo. Encontraram o
dinheiro e um cachimbo de vidro porcelanado que a Boatright
disse ser presente para a sua cunhada. A família
foi então levada para a delegacia.
Lá
toparam com duas mesas cheias de jóias,
DVDs,
celulares, e coisas do gênero.
De acordo
com os policiais, o casal tinha o perfil dos correios da droga. Estavam
viajando de Houston (“
um ponto conhecido para
a distribuição de narcóticos ilegais”) para Linden (“
um lugar conhecido para receber narcóticos ilegais”). O relatório
policial descreve as crianças como possíveis disfarces (
decoys),
com o intuito de
desviar a atenção policial, enquanto o casal rodava e fumava maconha. (Embora
nenhuma maconha tenha sido encontrada, Washington disse que lhe tinha sentido o
cheiro).
Uma hora
depois, chegou a promotora da cidade,
Lynda
K. Russell, que foi logo dizendo que o casal tinha duas opções: (a) podia
ser submetido a acusação criminal (felony charges) por ‘lavagem de dinheiro’ e ‘pôr
a vida de criança em perigo’. Neste caso, os dois iriam para a prisão e as
crianças entregues a um asilo infantil; e (b) ou poderiam entregar o dinheiro
para a cidade de
Tenaha. Neste último
caso, não haveria acusação, e nem as crianças seriam entregues ao Serviço de
Proteção Infantil (
CPS).
Mais tarde,
Boatright, que caíra em prantos quando confrontada com a ‘alternativa’, viria a
saber que o esquema ‘dinheiro em troca da liberdade’ era um ponto de orgulho
para Tenaha, e outras versões da mesma tática estavam sendo usadas por todo o
interior americano.
A estória é
longa, há muitos episódios de abusos do gênero, que são praticadas por delegacias
de polícia para coletar recursos de modo a financiar as respectivas operações,
além de lograr favorecimentos pessoais no mínimo questionáveis.
Os principais
objetos – as vítimas da vez – estatisticamente estão entre os afro-americanos, latino-americanos,
idosos, e todos aqueles que não aparentam ter muitos recursos (e por
conseguinte dificilmente terão um advogado para orientá-los).
Esse
instrumento policial, a chamada
civil
forfeiture (alienação civil de bens) vem sendo muito usado, e não só no
Texas. Ao contrário da
alienação criminal,
não é necessário ser culpado no caso civil: uma suspeita de ‘provável causa’
já é suficiente. Basta para que exista um processo arquivado quanto ao confisco
da propriedade. No caso, é irrelevante a culpa ou inocência de quem tinha a
posse do valor.
Outra
surpresa estava reservada para o casal Boatright e Henderson, quando
reivindicaram no condado, na esperança de reaver a respectiva poupança. A
promotora distrital lhes disse que tinha ‘repetidas vezes’ avisado que não
precisavam assinar a dispensa (
waiver),
mas se persistissem em denegar a acusação, eles poderiam ser acusados
criminalmente.
Jennifer Boatright
e Ron Henderson insistiram, subscrevendo-se como partes em ação comum temática,
a despeito da dificuldade processual e da possibilidade muito comum que não
fosse aceita pelo juiz. Até o momento, no entanto, os advogados
David Guillory,
cujo escritório é sediado em
Nacogdoches,
e
Tim Garrigan cuidam da ação. Nem sempre o resultado corresponde à expectativa
inicial, pelos óbices da causa, o caráter imprevisível dos depoimentos, e a
reação dos magistrados.
No entanto, a
repercussão nacional, os manifestos abusos policiais, e os confiscos repetidos
têm forçado as delegacias policiais a tomarem mais cuidado com os respectivos
procedimentos, de que o comissariado de
Tenaha se tornou uma espécie de
anti-modelo (pelas diversas injustiças cometidas de que o sofrido pelo casal
Boatright e Henderson constitui significativo exemplo).
( Fontes: VEJA, International Herald Tribune,
The New Yorker )