A despeito das consideráveis somas despejadas por Mitt Romney em dez estados da chamada Super-Terça, o ex-governador de Massachusetts não logrou vantagem determinante nas votações de forma a tornar irrelevantes as candidaturas de Rick Santorum e Newt Gingrich (Ron Paul, o libertário, corre em raia separada, com o intúito de obter concessões na plataforma da Convenção de Tampa, mas sem maiores esperanças de obter a nomination).
Com efeito, Romney venceu em seis estados, inclusive na primária mais cobiçada, a de Ohio. Ganhou, igualmente, na Virgínia, Idaho, Vermont e Massachusetts. Além dessas, as projeções indicam também a conquista do Alaska.
Já Rick Santorum, que perdeu de forma apertada para Romney em Ohio (cerca de doze mil votos), ganhou nos estados de Tennessee, Oklahoma e Dakota do Norte.
Por sua vez, Newt Gingrich logrou manter-se na disputa, por sua vitória no estado natal da Georgia. Não obstante, a sua sobrevivência na campanha semelha precária, eis que foi derrotado pelo rival Santorum em outro estado sulista, o Tennessee.
Há, portanto, a probabilidade de que o campo republicano mais se reduza nas próximas primárias de Kansas (10 de março) e Mississipi e Alabama, na terça, treze. Santorum tornou-se o preferido do voto conservador. Se tal tendência se mantiver, a continuação de Gingrich será bastante questionável. Pífios resultados levam, em geral, a secar as fontes das contribuições e, por conseguinte, à inviabilização em termos práticos do candidato. No passado recente, exemplos desse fenômeno são Michele Bachmann, Rick Perry e Jon Huntsman.
Em termos práticos, portanto, e se não houver uma ressurgência tipo ‘Rasputin’ do pré-candidato Newt Gingrich,o mais provável é que os pretendentes à designação na Convenção de Tampa, na Flórida, se restrinjam à dupla Mitt Romney – Rick Santorum.
Romney, malgrado ser o dianteiro na corrida, persiste na sua fraqueza quanto à militância conservadora do GOP, notadamente as facções evangélica e do Tea Party. Por isso, a sua organização de campanha e a pletora de fundos não se refletem em larga e inequívoca predominância nas diversas votações estaduais. Até agora, Mitt tem sido o caso típico do concorrente que vence mas não convence.
Se Rick Santorum conseguir chegar à Convenção em condições de disputar a nomination, não há dúvida de que disporia de um núcleo mais entusiasta na área conservadora e reacionária do partido, para ele afluindo o apoio anteriormente considerado o apanágio da ex-governadora do Alaska, Sarah Palin.
Tampouco seria contestável que um candidato dito conservador representaria o adversário dos sonhos da campanha de Barack Obama, eis que Santorum ou algum clone seu não lograria atrair o decisivo voto dos independentes, que é o fiel da balança na eleição de novembro.
Por isso, e como a chamada tendência lemingue costuma ser exceção e não a regra, se não acontecer algum elemento ou circunstância (como, v.g., uma grande gafe, a exemplo de o que ocorreu com o pai de Romney), a evolução mais provável é que o Grand Old Party se reconcilie com a designação de Romney.
Não se deve esquecer, neste contexto, que ele é o preferido da direção do G.O.P., posto que não da militância. Como, no entanto, os partidos se orientam para candidatos com reais condições de vitória, no caso republicano Mitt Romney reúne muitas condições para tanto.
Além de dispor de fundos milionários, tanto próprios, quanto de generosos partidários, o camaleônico Mitt se tem demonstrado um hábil e mendaz manipulador da chamada propaganda negativa. Nessa campanha, ele já se desfez de adversários como Rick Perry, a par de enfraquecer a outros, como Newt e o próprio Santorum.
Por outro lado, a sua fama de moderado o torna mais atrativo para o eleitorado independente. Mitt não seria, por conseguinte, o candidato dos sonhos de Obama. Longe disso.
Em função de o que precede, há muito de prematuro nas apreciações de que o lado republicano se esteja enfraquecendo e que o processo das primárias esteja favorecendo o presidente e candidato à reeleição.
Se a Convenção de Tampa ungir Mitt Romney como o nominee para as eleições de novembro, se não há dúvida de que Obama constituiria o melhor candidato, tal no entanto não significaria que a sua vitória estaria assegurada.
Em condições objetivas, que nada têm a ver com as efetivas qualidades intrínsecas dos candidatos, Romney seria pela respectiva desenvoltura, em especial pelos seus atributos na campanha negativa, além da fama de moderado, o rival mais temível e perigoso, com chance portanto de transformar o voto de um conservador sincero, o senador Mitch McConnell (Rep-Al)de que o abominado Barack Obama seja presidente de um só mandato.
Decerto que Mitt Romney não é um candidato imbatível. Obama carecerá ter presente que não enfrenta mais um rival do tipo John McCain. Se as características da campanha de Mitt merecem atenção, a sua suposta periculosidade traz consigo o ponto fraco de quem se baseia no negativismo e na relativa indefinição.[1]
Excluídos fatores sobre os quais não se terá controle – como o nível do desemprego – a campanha não será, portanto, um passeio.
( Fonte: CNN)
[1] Não se deve esquecer que o atual detrator da reforma sanitária democrata (Obamacare), foi o governador que aprovara no estado de Massachusetts reforma praticamente idêntica à sancionada pelo presidente Obama em 2010.
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