Terrorismo na França (Contd.)
Dadas as condições em que se realizaram os assassínios perpetrados pelo franco-argelino Merah, e a posterior localização de sua moradia, semelha difícil prever que mais informações seriam obtidas.
Por outro lado, o efeito imediato dos atentados e a macabra série de novas vítimas inocentes afetou o quadro das prévias. Nicolas Sarkozy pode ter muitos defeitos mas o povo francês já conhece a sua posição firme no que tange ao terrorismo e maneira de combatê-lo.
Dessarte, sob o choque da crise o presidente foi catapultado para a liderança no primeiro turno, com 30% das preferências. François Hollande, que desde muito era o primeiro nas pesquisas, caíu para o segundo lugar, com 28%. A votação da candidata do Front National, Marine Le Pen, pelas posições do respectivo partido tenderá igualmente a crescer.
Quanto à permanência de tais resultados até o primeiro turno afigura-se uma outra estória. O candidato centrista, François Bayrou, adotou um discurso interpretado como crítico a Sarkozy, mas a reação oficial foi forte. A impressão deixada de instrumentalização acabou voltando-se contra o autor da tese.
A única reserva que atinge talvez mais a justiça foi o fato de que um juiz condenara Mohammed Merah, porém deixara para emitir a sentença em abril. Além de ser prática corrente, o juízo que condenara o franco-argelino se reportava a delitos menores, até então a característica da sua trajetória. Esse tipo de censura perde muito de sua validade, se examinado no contexto da comunidade de extração árabe, de seu tamanho e incidência desse gênero penal.
A curva ostensiva da periculosidade de Merah sofreu dramática inflexão, após os bárbaros atentados contra soldados, além de crianças e do rabino na Escola Judaica. E não se pode, portanto, argumentar com elementos que naquele momento só eram do conhecimento do terrorista.
O assassinato de adolescente negro na Flórida
Como o delegado que tratou do caso sequer indiciou o assassino, houve forte reação nos Estados Unidos, com manifestações contrárias em diversas localidades.
O presidente Barack Obama, na cerimônia da Casa Branca relativa à designação do candidato americano à presidência do Banco Mundial, o coreano-americano Jim Yong Kim, aceitou falar sobre a questão em tela. Após observar que se ele tivesse um filho, ‘ele se pareceria com Trayson’, Obama disse: ‘Penso que cada pai nos Estados Unidos deve entender que é absolutamente necessário que se investiguem todos os aspectos desse caso. Todos nós carecemos de nos perguntar (do some soul searching) como uma coisa dessas pode acontecer’.
O Departamento de Justiça está investigando o assunto. Por isso, Obama fez questão de assinalar que os seus comentários seriam limitados, embora tal não se aplicasse às suas reações pessoais como pai.
Quais são os fatos? Mais este incidente sulista ocorreu a 26 de fevereiro, quando George Zimmerman, de 28 anos, perseguiu, confrontou e alvejou mortalmente Trayson Martin, um estudante ginasial, desarmado. Estão pendentes de decisão: se Zimmerman deve ser preso; se a aludida lei da Flórida vai longe demais na proteção de pessoas que atiram em outras; e se o chefe de polícia de Sanford, Bill Lee, que sequer indiciou Zimmerman, deve ser demitido.
A sentida intervenção do Presidente Obama no jardim de rosas da Casa Branca teve também o condão de induzir três candidatos republicanos a quebrarem sobre a tragédia de Trayson Martin o silêncio que guardaram até então.
O mutismo anterior de Rick Santorum, Newt Gingrich e Mitt Romney se explica igualmente pela saia-justa em que ficariam junto a certos elementos de sua base sulista. Não é preciso pensar muito para determinar que tipo de ‘base’ é esta, em termos de respeito aos afro-americanos. Acresce notar que a conhecida NRA (Associação Nacional do Rifle) defende fortemente as tais leis de auto-defesa, que são óbvio incentivo a esse tipo de atitude confrontatória no que diz respeito aos negros.
A Primeira Dama e a Repressão na Síria
Os retratos apontam para outras características que, com exceção da vizinha raínha da Jordânia, não são corriqueiras no mundo árabe-islâmico. Com efeito, ao contrário de suas companheiras de palácio, Asma não usa o véu islâmico que sói, de acordo com difundido costume religioso, encobrir os cabelos das mulheres.
Há muitas variações para essa usança, que cresceu bastante com a progressão do integrismo no mundo islâmico. Na Arábia Saudita, por exemplo, existe polícia religiosa que cuida da observância mínima de parte das mulheres no que tange ao que seriam os trajes recomendados. No Irã, o xador constitui espécie de sinal indicativo do apego do gênero feminino a essa mostra de submissão corânica.
Nos retratos da loura Asma nada disso é visível. Veste, em geral, trajes ocidentais de fino corte, aparecendo seja ao lado do marido, o presidente Bashar, ou sozinha. De trinta e seis anos de idade, não costuma expressar-se em público, como o fizeram no passado outras rainhas e primeiras-damas.
Malgrado a sua discrição, a politica veio atingi-la através das sanções acordadas pelos ministros do exterior da União Europeia. Foram baixadas proibições de viagem sobre a família de Assad, inclusive a esposa.
Há dúvidas, no entanto, quanto à extensão do cumprimento das medidas. Asma, que é conhecida pelas suas compras de vestuário e de artigos correlatos nas grandes lojas, porta um passaporte britânico, o que poderia complicar eventuais intentos de proibi-la viajar para o Reino Unido. O apreço pelas compras de artigos femininos e de jóias em particular não se cinge decerto ao presente, envolvendo personalidades de há muito desaparecidas que também tinham um fraco por esse gênero de endereço e roupagem.
( Fontes: Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )
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