O percalço da livraria se agarrou na memória, a ponto de tirar-lhe a segurança. Por mais de uma vez arrefeceu caminho em procurar nova experiência. Algum imponderável o atrapalhara. Bastaria um olhar que não lhe fora dado... Ou será que a atenção malevolente dos assistentes tivesse trazido maus fluidos para a moça, como se a predispusesse negativamente à tentativa ?
Mais pensasse sobre a questão, e mais absurda lhe parecia a conclusão. De que jeito poderia ela ter-lhe pressentido o interesse ? Ignorava, mas quem descartaria a intuição feminina a captar-lhe a observação que de forma imprecisa mas sensível suspeitasse estar rondando de perto ? * *
Meu Amor,
Graça.
* *
Mandou logo a resposta. Não que alimentasse ilusões sobre reencontro em breve. Uma coisa tinha sido a experiência do casal no Rio, que galopara como se fosse sonho. A intensidade do caso, sentida tanto na própria rapidez, quanto na exclusividade dos contatos. Um affaire a dois, sem intrusos.
A única exceção havia sido um garçom que o fitara de modo esquisito, com jeito de quem não está acreditando no que vê. Por cima disso, o malévolo sorrisinho de quando entreouviu que ela partiria naquela noite...
Como lidar com terceiros, eis pergunta que lhe importunava deveras.
Meditou um pouco, mas logo se convenceu de que a única resposta possível era a de Scarlet O’Hara: pensarei nisso amanhã.
* *
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