Leu e releu o e-mail. A quente, teve ganas de lhe responder. Sentou-se no computador, mas não concatenava as frases. Digitou umas tantas palavras, mas não o satisfaziam. Irritado, logo deletava o que escrevia.
Com o passar dos minutos, a raiva aumentou. Merda! Mais ela pensasse, mais engruvinhada ficaria a relação. Não tivera muita sorte ao topar com aquela moça. E agora com esse tempo que ela pedia, boa coisa não podia sair daí. Não havia dúvida que ela era dessas intelectuais sofridas, que se torturam por besteiras. Mais e mais se convencia de que o melhor seria não responder. Aliás, Lúcia não lhe pedia nada. Só comunicava. E era disso que não gostava. Ficar calado ? Não pareceria acaso indiferença de sua parte ? Não, não, o silêncio não transmitiria essa impressão.
Refletindo bem, não se manifestar, sequer acusar recebimento, passaria mais a ideia de que estava aborrecido, emburrado.
Quem sabe, o mutismo a deixe confusa, até assustada... Se o sentimento dela fosse tão forte quanto imaginava, o ficar plantado seria capaz de fazê-la recuar, arrepender-se mesmo da iniciativa que tomara...
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(a continuar)