terça-feira, 8 de julho de 2014

Correio da Copa (XXI)


                                 

       A decisão da instância da FIFA, pretextando não poder intervir nem modificar a medidas legais e disciplinares relativas à quarta-de-final Brasil x Colômbia é especiosa e, por conseguinte, inaceitável.

        A FIFA dos senhores Blatter e Valcke não pode escudar-se em uma súmula dessa partida, manifestamente omissa quanto a ocorrências aí verificadas.

          As autoridades da FIFA não podem livrar-se das providências indispensáveis, por trás de um argumento insustentável juridicamente. Com efeito, a súmula omissa neste particular reflete a precípua característica da arbitragem do árbitro espanhol, senhor Carlos Velazco Carballo. Na verdade, a atuação desse juiz se pautou pela omissão em muitos aspectos, havendo sido considerado fraco na direção do jogo, a ponto de, inclusive, se deixar manifestamente dominar por elementos da equipe colombiana.

           Em nenhum ponto, contudo, a sua súmula da partida foi mais gritante e negativa – se procede que presenciou realmente a agressão do lateral Zúñiga ao atacante brasileiro Neymar - a ponto de considerar sequer mencionável a falta desqualificante, tanto pelo seu intuito desleal e anti-jogo, quanto pelas suas consequências. Pois, em verdade, é  ainda mais estranho que não haja tomado sequer conhecimento da retirada do atleta lesionado em maca.

           Tendo tal presente, a CBF não pode aceitar a cínica recusa da FIFA de tomar qualquer providência, porque um árbitro omisso optou por motivos tão insondáveis quanto inadmissíveis de registrar a infração na súmula.

            Como o fato além de traumatizante para todos os que prezam por um futebol não inquinado por essas práticas criminosas, não pode ter denegada a sua manifesta realidade pela sua condição de inaceitabilidade, de que o seu amplo registro pela mídia representa prova adicional.

            Por isso, o non possumus deve ser assinalado, com a exigência de que as instâncias da FIFA respeitem o certâmen, os jogadores e, em especial, a vítima, que é Neymar. Elas não podem escudar-se nessa desculpa que apenas refletiria laxismo e desrespeito ao jogador brutalmente agredido e ao consenso geral daqueles que se empenham por partidas decididas na técnica e no respeito do adversário.

           Nesses termos, a CBF deve exigir a revisão dessa decisão inaceitável, que tenta acobertar um crime, que está estampado e gravado por todos os meios da mídia, assim como o foi a agressão de Luis Suárez   contra o  jogador Chiellini, na partida com a Itália, e que provocara punição exemplar ao atacante uruguaio.

           E não se deve por último esquecer que se Jérome Valcke, funcionário  da FIFA, julgara oportuno ameaçar com pontapé no traseiro a autoridades do governo brasileiro, indo portanto na própria desenvoltura muito além de seus interlocutores na CBF, agora caberia a Suas Excelências do Governo intervir em defesa da justiça e do respeito que se deve ao jogador brasileiro.

 

( Fonte:  O  Globo )   

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