sábado, 21 de dezembro de 2013

Trincheiras da Liberdade (XI)


                              

Khodorkovsky  livre

 
        Os tzares breve completarão cem anos de ausência no Kremlin, os Secretários-gerais do PCUS pouco mais de vinte, porém a sombra do poder autocrático ainda se estende bastante nos amplos domínios da Federação Russa.
        Depois de muita luta e dez anos de cárcere, Mikhail Khodorkovsky alcança a sonhada liberdade que um dócil judiciário negara até o presente ao ex-proprietário da Yukos, que cometera o imperdoável crime de afrontar o tirano da vez.

       Em avião especial, na companhia do ex-ministro do exterior alemão Hans Dietrich Genscher,  o ex-detento nas prisões de Vladimir Putin se dirigiu para a Alemanha, aonde conta reencontrar-se com a família.
      Para os dois lustros de provação, na opinião de Genscher – que por duas vezes se entrevistara com o presidente Putin acerca da situação de Khodorkovsky – o ex-magnata da petrolífera Yukos mantém, na aparência, bom aspecto.

      Se as prisões russas continuam temíveis, manter-se válido não é pouca coisa.

      Por dispor de meios – e de amigos influentes – conseguiu afinal ter a masmorra pelas costas. Dentre os companheiros de infortúnio, que lograram sobreviver, sempre é oportuno recordar ao grande escritor russo Fiodor Dostoievsky. Deixou para a memória dos pósteros a cuidadosa e prudente ‘Recordações da Casa dos Mortos’. Fora o título, Dostoievsky tratou de polir as arestas, e não enegrecer demasiado a perspectiva, aduzindo amiúde a frase de que ‘hoje está tudo diferente e melhor’.

       Compreende-se a precaução  do autor de ‘Crime e Castigo’ e do ‘Idiota’. Acaso o antes mega-empresário e com ambições políticas, Mikhail Khodorkovsky se há de pautar no futuro por similares cuidados?

 

(Fonte:  CNN)

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