quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Brasil com pernas mancas ?

                     
       Erro bastante comum nos que erram, será atribuí-lo não a eles próprios, mas à criatura que está aos seus cuidados.

       Tal constitui exatamente o caso do senhor Guido Mantega, que faz as vezes de Ministro da Fazenda da Presidente Dilma Rousseff. Todos sabemos que, na verdade, não é um ministro como outros, eis que manifestamente a direção da economia – para o bem ou para o mal – está com a Presidenta.
       Para o Ministro, “a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas. De um lado o financiamento ao consumo, que está escasso. De outro lado, a crise internacional, que nos rouba parte da nossa possibilidade de crescimento”.

      Por sua vez, também na abertura do Encontro Nacional da Indústria 2013,  a Presidente da República afirmou:
     “Não concordamos em nos especializar como economia de serviços. O Brasil deve criar uma indústria forte, condição para uma nação forte, para que tenhamos competitividade necessária. Só a competitividade industrial, combinada com nossa extraordinária capacidade de produzir alimentos e proteínas, pode tornar o Brasil uma grande nação.”

      O Estado, sob o petismo, dispende muito com os gastos correntes – que tiveram inchação empregatícia – e com o assistencialismo social. Tais despesas deveriam ser instrumentais e não finais. Não interessa ao Brasil a estagnação da caridade. Os benefícios sociais deveriam ser caminhos para o trabalho produtivo, e não becos sem saída.  De que servem unidades federativas que regurgitam na controlada miséria da bolsa família sem qualquer perspectiva de progressão? De que serve exibir gerações cumulativas na bolsa família? Tais benefícios não são esmolas; foram criados como incentivos para um mundo melhor, sem as tapeações do populismo.

     E onde estão  poupança e  investimentos ?
      Tomemos por exemplo a indústria automotiva. O governo – não o que esta aí, mas os precedentes, inclusive o militar – permitiu-lhe a desnacionalização. Ao contrário dos demais emergentes, as montadoras aqui são feitorias. São sucursais de grandes empresas americanas, europeias e asiáticas, que aqui produzem modelos obsoletos, para mandar depressa as remessas de lucros para as vorazes matrizes. Ao invés de privilegiar o transporte público, insuficiente e deteriorado (já viram o estado das composições e estações do metrô?), se enchem as ruas e se leva o tráfego ao limite (São Paulo é disso exemplo). Para tanto, as sólitas desonerações fiscais (para favorecer quem? Será a poluição ambiental ?) e, agora, mais uma bondade para as grandes montadoras, sob o pretexto de não carregar no preço dos carros.

       Mantega nesse sentido anuncia que está ‘negociando’ com o setor automotivo o adiamento da exigência de inclusão de freios ABS e airbags em 100% dos veículos produzidos no país (prevista para janeiro de 2014).  É um presente de grego este para o usuário, que continua privado de dispositivos de segurança corriqueiros no circuito Elizabeth Arden. Com isto, se daria também uma sobrevida à Kombi, que é, em padrões atuais, um veículo manifestamente inseguro.
       Igualmente por conta do barateamento do preço de venda do veículo, o Brasil continua a ser um país de là-bas, em termos de controle da poluição automotiva. O equipamento corriqueiro na Europa, Estados Unidos, Japão e Coréia, para reduzir as descargas de gás carbônico pelos veículos, para atender às montadoras, que choramingam pelos custos,  continua a ter uma qualidade muito inferior àquela dos carros de suas matrizes.

        Assim, o governo – que contribui para incrementar o caráter poluente da circulação (através da explosão no crédito para as viaturas particulares) – vem torná-las ainda mais viaturas de pais subdesenvolvido na redução dos dispositivos de segurança! É falsa dádiva esta, bem na linha do neopopulismo chavista, de distribuir carros obsoletos, sem padrões do mundo desenvolvido.
       Não é à toa que este país surgiu para o mundo com as miçangas e bugigangas de Pedro Álvares Cabral...

                                                                                                                        (a continuar)                                       

(Fonte: O Globo)

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