sábado, 8 de dezembro de 2012

Pif Paf

                                                     
 O  palpite infeliz do Prefeito

             Embora se possa discutir se a afirmação do Prefeito Eduardo Paes é um palpite ou não, eu prefiro considera-la dessa forma. Pressionado, o senhor prefeito saíu-se com esta, que manifestamente não se afigura a resposta adequada.
              Senhor Prefeito, o fato de não haver votado no senhor não me tolda o juízo quanto à sua atuação e de que tem feito boas obras nesta nossa cidade maravilhosa. Por isso, é que me dou o trabalho de ponderar-lhe que não está evidenciando a sua habitual sensatez ao negar-se peremptoriamente a reconstruir o elevado do Joá. Para tanto, o senhor aduz razões que poderiam valer se se tratasse de alguma obra desimportante, suscetível de ser contornada, ou até desativada, se outras vias a pudessem substituir a contento.
              Aqui tampouco se fala de Copa de Mundo ou da Olimpíada. Está aí uma parte da população do Rio que cresce a cada dia. Os fatos são conhecidos e não de hoje. A degradação do Elevado do Joá é visível, e as fotografias vincam a negligência de anos, talvez décadas na intervenção. Por isso se impõe a recomendação dos técnicos da Coppe/UFRJ de reconstruir o Elevado, para conter a degradação que põe em risco a integridade da via.
              Como o senhor forçosamente terá de precatar-se, um valor mais alto se alevanta, diante do qual as suas ponderações e a tentativa de empurrar o problema para a próxima administração beiram a insensatez. Nem todas as missões que nos são cometidas são agradáveis, mas seria bom que um administrador com a sua capacidade empresarial encarasse a questão como um grande desafio que, por capricho da Deusa Fortuna, veio cair justamente diante de sua pessoa, em que formilham tantas ideias para a progressão desta mui leal e heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
             Lamento dizer-lhe que esta é uma responsabilidade sua, que não tem condições de delegar a alguma potestade futura.
              E mãos a obra, meu Prefeito, sem mais tardança, porque,  por maior que ela seja, a assunção da responsabilidade será sempre a boa resposta. Reconhece decerto a ingente dificuldade, mas ao afrontá-la transmite ao povo carioca a própria responsabilidade assumida no comprometimento, franco e sem rebuços, de resolvê-la a bem da coletividade.


 A Faxina de dona Dilma

             Havia na multitudinária base de apoio, uma surda revolta contra a faxina da presidente Dilma Rousseff. Na calada da noite e ao ouvido de algum repórter de confiança, se refugava contra o exercício, que não passaria de truque demagógico, de resto mineiramente nunca assumido, da novel presidenta.
             De qualquer forma, a sua forma de corrigir o que chamava pundonorosamente de malfeitos – que ela matreiramente descontava, como se tudo fosse obra do acaso – lhe rendia pontos preciosos nas pesquisas, eis que não desagrada ao eleitor que a corrupção seja punida e o agente, seja quem ele for, afastado do governo.
            De uns tempos para cá, no entanto, a faxina desapareceu do noticiário, posto que não os escândalos. Tudo mudou quando suspicácias caíram sobre um dileto amigo e colaborador de Dilma Rousseff, o Ministro Fernando Pimentel. Do dia para a noite, os férreos critérios mudaram, e a enérgica presidenta não mais entreviu motivo para aplicar a Pimentel o tratamento usual. 
            Tais mudanças trazem consequências. A Comissão da Ética presidencial se viu transmutada. Partiu o probo Ministro Sepúlveda Pertence e outros conselheiros de igual parecer. Emasculada, desfalcada, a Comissão não foi extinta, mas perdeu o grão de sal que por um tempo a distinguira.
            Quanto à faxina, já virou história, à maneira de outros eventos que a seu tempo despertaram clamor e aplausos, para depois cairem no ramerrame do dia-a-dia.

 
( Fonte: O  Globo )

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