segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Rescaldo de Fim de Ano

                                                  
Alterar a lei da responsabilidade fiscal?

              O senhor Guido Mantega continua na ordem do dia. A proposta do Governo Dilma de flexibilizar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) terá sido avalizada por ele. Pelo menos, todas as ressurreições de antigas práticas do tempo da inflação (e da heterodoxia fiscal), assinaladas por colunas de economistas tem tido endereço de remetente certo.
              Nem Lula da Silva teve a coragem de mexer com essa lei. Pode ter achado ótimo o instituto da capitalização, que lhe permitia gastar o que fiscalmente o Estado não possuía, através da canhestra esperteza de fazer a operação com o BNDES e o Tesouro.
              Com dona Dilma e seu solícito ministro, tudo é possível. Desenvolvimentista, ela nos quer fazer acreditar que o dragão pode ser engodado com assertivas tão vazias quanto retumbantes, como ‘combateremos a inflação de forma impiedosa’, enquanto coloca o BC sob a asa da Fazenda, lhe tira qualquer parecença de autonomia, junto com a poda do seu controle da carestia através dos juros.
              Voltou com força o sopão dos índices, esse resquício da correção monetária que sabe-se lá por que se cortou só pela metade.  Conhecemos da função precípua dessa floresta de índices. É a retroalimentação da inflação, que se reflete na ganância dos pequenos aumentos da virada do ano, que desta feita não devem ser tão pequenos assim.
               Ao invés da reforma fiscal que não teve a coragem de propor, Dilma & Mantega procuram alavancar a economia através da folia das desonerações fiscais. Não se estimula a poupança, mas o endividamento das classes C e D, nessa contínua valsa de preços que supostamente arrebentam a banca.
               Não é à toa que a LRF é considerada uma das leis mais importantes do país. Ela complementa o Plano Real, ao impor o controle de gastos da União, estados e municípios, condicionando-o à arrecadação de tributos. A lei evitou o que antes era demasiado comum: políticos em fim de mandato promoviam o incremento de gastos, enquanto deixavam a conta para seus sucessores serem responsabilizados.
               Com o seu sofrível relacionamento com o Congresso, o orçamento ficou para ser aprovado depois do Carnaval. Dessarte, sem espaço para conceder desonerações e incentivos fiscais, a União decide mexer com preocupante desenvoltura em um dos princípios fundamentais da LRF que é contar com a estimativa do excesso de arrecadação como contrapartida para cobrir as despesas. A legislação determina que, em tais casos, é mister impor nova fonte de recursos, quer pelo aumento de tributos, quer pelo corte de gastos.
                Inquieta essa insensibilidade da Presidenta com uma Lei que vale como chave de abóbada da responsabilidade fiscal. Confrange que saia do Planalto um projeto de lei que poderia ser assinado por Cristina de Kirchner. A sensação de desconforto aumenta com o repúdio de especialistas, do Tribunal de Contas da União, e de parlamentares – os responsáveis – tanto da oposição, quanto da situação.
                Por vezes se tem a impressão que a presidenta esteve fora do país durante a década perdida e a enxurrada de planos heterodoxos (Bresser, Collor, e um vastíssimo etcetera). Como diria o outro, ela não está nem aí.

 
Na Índia, a Morte viaja de ônibus

 
                Os protestos violentos encheram as praças da Índia, por causa de um crime hediondo, pelo qual com sádica violência um bando de boçais estupradores atacara uma fisioterapeuta que cometera a imprudência de ingressar em um ônibus meio vazio, em que o motorista era cúmplice de uma armadilha encomendada.
                Posto que seja tarde demais, a pobre mulher sucumbiu a tantas taras (teve inclusive o intestino retirado porque os assaltantes sexuais até se serviram de canos de metal) para morrer em terra estrangeira, porque não encontraram hospitais na Índia à altura de tanta humana baixeza.
               Tampouco a polícia, a despeito dos ingentes, frenéticos chamados, encontrou tempo para acudir a uma mulher em perigo de vida. A indiferença da polícia, que não intervém para socorrer a vítima, integra o problema, dentro de uma suposta cultura machista em que os estupros de mulheres são ignorados, como se fossem expressão de um desequilíbrio menor, coisa a passar sob silêncio.
                Agora a multidão exige pena de morte para os estupradores. Para a inominada vítima, a severidade da pena de nada servirá. 
                Na doce Índia, que realça a própria humanidade pela recusa do sacrifício de animais, o estupro ou a ameaça de, pode constar de um relacionamento não-voluntário, como indução ao casamento.
                Em outras terras, como diria aquele político – que  pretendia ser a expressão da moderação – pode-se até ouvir: estupra, mas não mata !

 
 O P.T. e o Mensalão

 
               O Governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, como já assinalado neste blog, tem uma atitude que se diferencia bastante da posição partidária, que verbera o mensalão e o Supremo (chegou agora até à mesquinharia de vedar uma homenagem pelo legislativo baiano ao Presidente Joaquim Barbosa).  A ele está reservado o apoio crescente da sociedade civil e não serão caras de enfado que lhe cortarão as homenagens autênticas do dia-a-dia da opinião publica.
               O veterano militante petista afirma que o PT deve virar a página do julgamento do mensalão. A ação penal 470 terminou com a condenação de 25 réus (dos quais cinco petistas).  E Tarso frisa: “Falamos o suficiente sobre isso. Para nós, é história agora.”
               Para ele, “a ampla maioria das condenações foi adequada”. As únicas exceções seriam José Dirceu e José Genoino que, segundo o governador gaúcho, foram condenados sem prova, devido à pressão política muito forte” sob o STF e ao ‘prejulgamento’ da mídia.
                Sem embargo, Tarso minimiza a influência: “(O STF) acolheu (as pressões) por livre e espontânea vontade”.
                Por outro lado, uma nova expressão do PT, Fernando Haddad – que graças ao apoio de Lula da Silva conseguiu bater José Serra – é também partidário de esquecer o mensalão. Em vez de ruminar sobre os pretensos agravos sofridos, o mui próximo Prefeito de São Paulo recomenda bola pra frente. Segundo ele, o resultado do julgamento do mensalão deve ser acatado. Para Haddad, os ministros do STF agiram com independência. A esse respeito, o futuro prefeito não crê que recursos a um tribunal internacional sejam bem-sucedidos.
 

 
O Escândalo do Lixo pós-eleitoral na Baixada

                Às vésperas da passagem do poder na esfera municipal, O Globo estampa como manchete na edição de sábado :  Descaso na Gestão Pública – Prefeitos não reeleitos deixam caos em cidades “ Emocionante, não ?  O fenômeno ocorreu em capitais como Recife, Natal, Manaus e Teresina, e cidades das regiões metropolitanas do Rio (como Caxias) e São Paulo.
                 Mais do que pesadelo, o sistemático atraso na coleta do lixo, e a não-coleta principiaram logo depois do segundo turno da eleição, quando o prefeito-candidato à reeleição foi derrotado (ou em outros casos, quando o seu aliado ou sucessor designado foi igualmente rejeitado pelo eleitor). Essa situação, no que tange à Caxias, foi empurrada para o noticiário televisivo (tipo RJ-tevê), mas não mereceu qualquer cobertura maior de parte da grande imprensa.
                 Assim a estranha punição de Zito ao corpo eleitoral de Caxias, malgrado as consequências sanitárias do acúmulo do lixo durante mais de dois meses, não mereceu especial atenção dos jornalões. Nem houve notícia de ação do Ministério Público a respeito.
                É preocupante, não acham ? Só porque são moradores de áreas suburbanas, cidades dormitório da metrópole, não se deve acaso noticiar a calamidade pública que é o acúmulo do lixo, por semanas a fio, para gáudio dos ratos, cães e porcos ?  Só agora, quando o candidato-eleito a prefeito de Caxias pelo PSB, Alexandre Cardoso teve condições de providenciar  a retirada do lixo, é que se fala de ação por improbidade administrativa ?                 ´
  

             
(Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

domingo, 30 de dezembro de 2012

Colcha de Retalhos CXXXI

                                           
 Paquistão – um país problema ?

           Desde muito o Paquistão – que é um estado com arsenal nuclear – vem sendo associado a uma indefinição. Afinal, de que lado está este país ? Que tipo de segurança dá a seus cidadãos ? Como definir a aliança – ou as ligações - do serviço de informações do exército com o talibã, que tem grande presença na sua área fronteiriça norte, com o Afeganistão ?  Até que ponto existe um poder civil naquele país, dominado pelo exército ?
           A falta de segurança – e a maior vítima recente foi Benazir Bhutto – terá de ser a regra ?
           Noticia-se agora ulterior consequência dessa radicalização do país. As Nações Unidas resolveram suspender todas as suas atividades de campo, quanto à imunização de crianças no que respeita à poliomielite.
           Tal se deve à circunstância de que coexistem em nossa época – sem qualquer conotação pacífica – vários paradigmas existenciais (no sentido kuhneano da palavra). Assim ao lado do século XXI, encontramos a idade média, em que uma visão simplista e hierática da realidade não admite a presença de outras idades, não digo sequer em termos de tolerância religiosa, mas sim de domínio absoluto de um poder mágico, que exclui todos os outros.
           O que pareceria  medida clínica para beneficiar uma coletividade – vacinar-lhe as crianças contra o flagelo da pólio – aqui pode ser interpretado como sombria conspiração contra os princípios do Islã.  Assim, o terceiro dia de campanha de vacinação tem macabro registro de oito agentes sanitários (a maioria mulheres), mortos por ataques na cidade de Peshawar (no nordeste do país) e também na própria Karachi.
           Há três países em que a poliomielite continua endêmica: Nigéria, Afeganistão e Paquistão.  Só em 2012, se assinalam 56 novas incidências da doença no Paquistão, comparado com os 192 do 2011. A queda nesse ano se deve ao incremento nas campanhas de vacinação. A matança dos assistentes sanitários, atribuída aos talibãs (posto que negadas pelo respectivo comando) se deve a uma confusão entre os administradores da vacina e a circunstância de virem a ser confundidos com agentes secretos da CIA.
           Infelizmente, por mais ridícula que se afigure a suspeita nos dias que correm, ela tem uma base em  ação da CIA, realizada em Abbottabad, numa falsa campanha de vacinação anti-hepatite. Tal se insere na caça a Osama bin Laden, ultimada como se sabe em maio de 2011 (o dr. Shakil Afridi, pago pela CIA, foi condenado a 33 anos de prisão por traição).
           A sorte da população – e dos agentes sanitários empenhados em trabalho meritório (e arriscado) – não pode ser instrumentalizada, máxime em um país com as características sócio-políticas do Paquistão.


A Guerra Civil Síria

             Um fator muito importante para a decisão de um conflito está na avaliação da capacidade de governabilidade das partes. O exército francês, v.g., na guerra civil argelina, teria uma vitória militar sobre a Frente de Liberação Nacional, mas derrotado no front político, a sua alegada vantagem bélica, não tinha condições de prevaler.  Daí o reconhecimento do general de Gaulle, com o seu célebre “je vous ai compris” (eu vos entendi), que a multidão de colonos em Argel interpretou como anuência à permanência da Argélia como departamento da República Francesa, quando, em verdade, significara justamente o contrário (a sua frase, diante de uma turba, só poderia contornar a verdade, eis que a respectiva afirmação implicaria em sentença de morte).
            Quando o aliado russo – e a Putin, pela sua anulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, deve Bashar al-Assad a sua continuação no poder até agora – principiou a evidenciar prognósticos negativos sobre as condições de vigência do regime alauíta, a posição do ditador sírio sofreu um duro golpe.
            A Realpolitik mandava que a Federação Russa – se queria ter alguma condição de manter relações com o Comando Rebelde – admitisse o óbvio. Não só que Bashar estava perdendo a guerra, mas que a sua perspectiva de poder se esvaía a cada jornada.  Assim, o domínio territorial, com sua progressiva perda de controle de faixas cada vez maiores da respectiva área de soberania.
            Por outro lado, segundo a velha imagem das ratazanas a abandonarem o navio que faz água em todos os porões, a Síria não poderia apresentar uma projeção mais cruel e veraz dessa brutal verdade. Num certo momento, quando a sobrevivência de cada um semelha em crescente risco, as considerações ideológicas, de sangue e de credo, tendem a empalidecer, para dar lugar a pulsões animais, em que o instinto tem a última palavra.
            Em decorrência desse ambiente de fim de reino, até a visita do mediador das Nações Unidas, o argelino Lakhdar Brahimi, foi interpretada como para a discussão   de opções de transição política para o assediado – e cada vez mais encurralado – Bashar.
            As defecções conhecidas – como a do Chefe de Polícia – são interpretadas como encobrindo outras, de personagens ainda mais importantes, cuja falta de sinais de permanência só contribui para exacerbar as previsões de mais fugas, algumas das quais se descobertas poderiam ser havidas como a sirene de um transatlântico cujo naufrágio não está mais em dúvida – resta tão só o cálculo do período remanescente das respectivas condições operacionais.
            Bashar al-Assad tem repetido não possuir outra opção que a luta incondicional. Todo o déspota em processo de queda só pode afirmar isto. A sua disposição é férrea – até o momento do desenlace, seja ele qual for. Se admitir qualquer exceção, isso equivale a auto-condenação. E será esta a única margem de que disporá.


A Segurança da Missão em Benghazi

             As causas da morte de quatro americanos – inclusive a do embaixador J. Christopher Stevens – foram avaliadas por uma junta de especialistas, designados pela Secretária de Estado Hillary Clinton. Dentre esses, foi ressaltada a presença de Thomas Pickering, ex-subsecretário de Estado, e embaixador junto a muitos países, e do Almirante Mike Mullen, ex-presidente da Junta dos Comandantes Militares (Joint Chiefs of Staff).
             O último embaixador americano assassinado, Frank V. Ortiz Jr.,  o fora na Guatemala, na avenida da Reforma, a seis de agosto de 1980.   A campanha de Mitt Romney tentou inserir – sem sucesso – o assassínio do embaixador Stevens na campanha presidencial.  Hillary, com a habitual eficiência, providenciou sem alarde que as condições da morte do embaixador – e de seus colaboradores – fossem devidamente avaliadas, por uma comissão de profissionais competentes e acima das instrumentalizações politiqueiras.  Em função das conclusões da comissão, quatro altos funcionários do Departamento de Estado foram afastados de suas posições, inclusive Eric Boswell, o assistente de secretário-estado para a segurança diplomática.
            A Senhora Clinton aceitou todas as 29 recomendações. O relatório inculpa  “os fracassos sistêmicos de liderança e de gerenciamento, inclusive as deficiências nos níveis superiores nos setores de Segurança e de Assuntos do Oriente Próximo. Tal resultou em uma “posição de segurança que era inadequada para Benghazi e grosseiramente inadequada para lidar com o ataque que a instalação sofrera”.
            Os setores competentes falharam quanto a própria responsabilidade de partilhar a responsabilidade no planejamento de uma segurança adequada. Várias autoridades foram responsabilizadas por ignorar pedidos da missão em Benghazi da Embaixada em Tripoli para ter mais guardas, a par de upgrades no Consulado de Benghazi.
            Um dos problemas com que o Departamento de Estado se defrontou foram as características temporária do complexo de Benghazi – o que tornava os funcionários mais relutantes em conceder fundos escassos para instalações temporárias.

                  

( Fontes:  International Herald Tribune; The Structure of Scientific Revolutions, de Thomas S. Kuhn )

sábado, 29 de dezembro de 2012

Duas Crises para ser lembradas

                                            
            Ambas têm a ver com os Estados Unidos, embora a primeira se tenha originado na Rússia, e reflita o crescente autoritarismo do regime de Vladimir V. Putin, enquanto a segunda só é inteligível dentro da presente esquizofrenia da política americana.
            Sergei L. Magnitsky, advogado russo, morrera há três anos na prisão Butyrka, por força de maus tratos e falta de cuidados médicos elementares. Apesar de ter sido levantada lista de 60 funcionários russos implicados no caso Magnitsky pela comissão Helsinque, a única autoridade formalmente indiciada fora o dr Dmitri Kratov, ex-chefe do ‘serviço médico’, acusado de negligência – por assinar documentos denegando o requerimento de Magnitsky de ser transferido para uma enfermaria – embora estivesse ciente do diagnóstico de pancreatite e de pedras na vesícula, cinco dias antes da morte do prisioneiro.
           Em função desse caso célebre de um defensor dos direitos humanos – atividade plena de riscos na Federação Russa – o Congresso americano votou lei que veda a entrada nos Estados Unidos de transgressores russos de direitos humanos.
          Por força desta lei, o parlamento russo, com o apoio do presidente Putin, votou disposição que proíbe a adoção de crianças russas por nacionais americanos. A iniciativa foi denominada Dmitri Yakovlev, o nome de criança russa adotada nos Estados Unidos, e que morrera desidratada por ter sido esquecida no interior de um carro.
          O Presidente Putin, além de assinar prontamente a proibição de novas adoções de órfãos russos por casais americanos, também declarara em entrevista de imprensa que Magnitsky havia morrido por causas naturais.  Como no Rússia, a palavra de Vladimir é lei, o promotor no processo contra o Dr. Kratov prontamente pediu à juíza Tatyana Neverova que absolvesse o Dr. Kratov. Como um valor mais alto se havia alevantado, a juíza não só atendeu ao pedido, mas também sinalizou ao Dr. Kratov “que ele poderia processar o governo por prejuízos sofridos, com base em lei relacionada com acusação ilegal”.  Talvez atordoado pela abrupta reversão, o Dr. Dmitri Kratov disse à imprensa não haver decidido se impetrará o processo ou não.
           O antigo patrão de Magnitsky, o Fundo de Capital Hermitage, considerou a sentença “um total aborto de justiça. Não há dúvida que as pessoas responsáveis pela morte de Magnitsky estão sendo protegidas pelo presidente da Rússia. Agora que o presidente Putin está pessoalmente envolvido na obstrução de justiça num importante caso de assassínio extra-judicial, ele terá de arcar com as consequências de seus atos”.
           Há diversos casos pendentes de órfãos russos já aprovados judicialmente, que de súbito entraram no limbo das decisões político-administrativas. No passado, as intervenções do Congresso – no tempo da URSS – nem sempre beneficiaram àqueles a que se propunham favorecer.
           Em um país onde o governante não tem ideologia, as patriotadas vêm a calhar para dar um sentido a ação política sem sentido. É o que presumivelmente vá ocorrer: perdem as crianças, porém o maior perdedor é o pobre Sergei L. Magnitsky, morto por um conluio de sessenta inocentes legais no universo prisional de todas as Rússias, com patronos importantes como Fiodor Dostoievski e outros talvez de menor renome, mas de igual capacidade de sofrimento.
           A outra crise é a do chamado penhasco fiscal (fiscal cliff). Para que entendamos melhor este problema conjuntural americano, não devemos de início esquecer a sua total artificialidade. Dentro da postura instrumentalizadora da Casa de Representantes, que continua dominada pelo GOP, carece de termos presente que o resultado da crise anterior, desastroso para Barack H. Obama, acabou sendo catártico para  o presidente, que se viu forçado a abandonar as suas ilusões centristas e bipartidistas diante da manifesta má-fé do líder da maioria Eric Cantor e da bancada do Tea Party.
          A aprovação da elevação do teto da dívida fiscal, como se sabe, já havia sido objeto, na administração Bill Clinton, de chantagem do Speaker Newt Gingrich. Então o golpe sairia mal para os republicanos. Dessa feita, a instrumentalização pela maioria republicana na Câmara de Deputados levou a administração Obama a atravessar a sua pior crise. O presidente, no entanto, se recuperou plenamente, conforme evidenciado pela derrota de Mitt Romney. Da falsa crise, no entanto, ficou o mecanismo do fiscal cliff, que  é o que está alimentando a nova paralisia legislativa.
           O próprio Speaker John Boehner se viu desautorizado pela respectiva bancada. A maior parte dos republicanos assinara o alegado documento Norquist (Norquist pledge), pelo qual eles se comprometem a em hipótese alguma aumentar impostos. A demagógica proposição, em um país com um déficit fiscal de um trilhão de dólares, já não faria nenhum sentido. A medida legislativa se propunha restabelecer alguns dos cortes fiscais do governo Bush júnior (justamente os que baixaram os aportes da faixa de contribuintes mais abastados). A insegurança de Boehner o fez recuar em uma proposição sua, que tinha possibilidade de ser aprovada pela Câmara baixa, com o voto da bancada democrata e de parte da republicana.
         Agora, na vigésima-quinta hora, Obama reúne uma vez mais os atores do abismo fiscal. A incerteza do consumidor diante dos brutais cortes determinados pelo dito fiscal cliff tem provocado baixas nas bolsas acionárias. No jogo de empurra acerca da responsabilidade por mais esta crise de paralisia no governo estadunidense, o nervosismo tende a crescer no lado do GOP, que pelo seu radicalismo em não aprovar qualquer tipo de tributação – mesmo aquela que reponha níveis fiscais antes praticados – tende a inviabilizar qualquer tipo de compromisso (transigência).
         É de esperar-se, por outro lado, que o presidente, escarmentado pela perda do controle do Congresso  - a Câmara continua com maioria republicana, posto que a facção Tea Party tenha saído enfraquecida dos últimos comícios – não vá reincidir com a sua tendência a ceder no final. Tudo leva a crer que não, mas... De qualquer forma, não há dúvida de que há corda suficiente para os caciques do GOP se enforcarem, se eles persistirem no seu vezo de não assentir a qualquer aumento de impostos. O mais engraçado é que, submetendo-se ao penhasco fiscal, eles estão fabricando um novo surto de recessão – em um momento em que a economia americana apresenta uma taxa assaz positiva de recuperação – por meio dos brutais cortes e, pasmem ! – dos aumentos automáticos de tributos causados pelo instrumento fruto da negociação bipartidária anterior.
 

 
( Fontes:  International Herald Tribune,  CNN )

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A Segunda Coletiva de Dilma

                                         
         No campo do diálogo com o poder, a democracia brasileira ainda está nos cueiros. Enquanto nos Estados Unidos, as entrevistas presidenciais fazem parte da rotina, no Brasil elas tendem a ser autênticos eventos, muita vez havidos pelo(a) ocupante de turno como se fosse concessão especial.
         Tal chegou ao limite durante os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que esse temor da imprensa chegou a um quase paroxismo, eis que as coletivas presidenciais encolheram dramaticamente. Havia decerto na raiz da limitação a própria insegurança quanto à capacidade de lidar com as pautas das diversas redações.
         Se nesse aspecto Dilma Rousseff – pelo seu controle gerencial, que se estende na prática há seis anos – tem visão mais ampla e aprofundada das diversas questões político-administrativas do governo, surpreende ainda que esses encontros com o chamado quarto poder sejam tão raros.
         Favorecido pela sua capacidade de discurso, o modelo preferido era o do “palanque” nos oitos anos de Lula da Silva. Sobrepairava a relação um caráter adversarial.  A imprensa, sob o controle das alegadas elites dominantes, constituiria, salvo minguadas exceções, o inimigo a ser vigiado e combatido. Toda e qualquer abertura a diálogo demasiado amplo representaria perigo a ser evitado, dadas as múltiplas possibilidades que a colocação de quesitos não-triados poderia implicar.
         Pelo menos, esta era a opinião prevalente nos grupos sinceros, mas radicais que apoiavam a administração petista e se empenharam em iteradas tentativas de controle dos meios de comunicação, como evidenciado em projetada legislação apadrinhada pelo então ministro Franklin Martins, e ritualmente endossada por congressos partidários.
        Mutatis mutandis, tais segmentos petistas se inspiram sem sabe-lo no  velho ditado lusitano “ De Castela, nem bons ventos, nem bons casamentos”. Como em toda relação dessa índole, a perpassa uma  não-confessa admissão de inferioridade. Se tal é inteligível na atitude do pequeno reino atlântico, que lograra espraiar-se por império ultramarino a que el-rey D. João III desesperava em lograr administrar, essa postura convive mal com uma irrepressa desconfiança.
        Ao invés das tentações autoritárias – que felizmente aqui não tiveram vez – o diálogo aberto com a imprensa – e, por conseguinte, com a sociedade civil – representa a saída natural, que tiraria o caráter verticalista da relação do Poder com o povo soberano. Em consequência, se afastaria a excepcionalidade dos contatos com a imprensa, desaparecendo qualquer ‘azia’ na avaliação de tal inter-relação.
        Entende-se o ceticismo dos órgãos jornalísticos e de seus colunistas, com a virtual cesura no relacionamento entre Dilma e o setor energético, que, na verdade, está sob seu controle desde o início do governo Lula da Silva em 2003.
        Quanto à existência ou não de apagão, o que tem prevalecido é uma série de sub-apagões, como se verificou de forma demasiado gráfica nas diversas áreas do subúrbio, virtual ou não, do Rio de Janeiro, todas elas afetadas por longas paradas no fornecimento de eletricidade, enquanto os principais bairros metropolitanos (Barra, São Conrado, Zona Sul, centro urbano) dela ficavam miraculosamente isentos.
       Apesar das negativas presidenciais, tem faltado manutenção no sistema. Com a acrescida demanda energética – que se deve à elevação das temperaturas médias, o que não é castigo divino, mas uma decorrência de um conjunto de fatores adversos (desmatamento, uso crescente de fontes ‘sujas’ de energia, aumento do número de veículos sem qualquer controle sério de emissão de poluentes, etc. etc.), atribuíveis diretamente ao bicho homem. 
       Por outro lado, são mais do que conhecidas as sarnas de nossa economia: o excesso de carga tributária, o patrimonialismo e a corrupção rampante, a falta de uma taxa sustentada de investimento, as deficiências na educação, as enormes lacunas na infraestrutura rodo-aero-portuárias, as falhas nas grandes opções, com ênfases em ramos suntuários (v.g., estádios de futebol)  e em negligência no saneamento básico.
      Compreende-se, por isso, que governantes instalados em paços magníficos sintam certa dificuldade em ser perguntados das mazelas do sistema. Uma azia  que é sem dúvida humana e compreensível. D. Dilma, no capítulo, me parece bem intencionada. Será através do exercício do diálogo, que se pode avançar nesse campo onde os exemplos, seculares e recentes, se afiguram quase sempre desastrosos. Mas não outro jeito. O progresso está em trazer o escondido para as aras do poder. O triunfalismo é o refúgio do autoritarismo incompetente. Não é por aí, senhora presidenta. Tudo tende a melhorar se a senhora ficar rouca de tanto ouvir.
 

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo, Jaime Cortesão, historiador luso-brasileiro 1884-1960).  

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Picadinho pós-pós-natalino

                                               
 Campanha difamatória contra a Infraero

       Correm pela mídia fotos que só posso atribuir a uma insidiosa campanha contra a nossa Infraero. Primeiro, foi no aeroporto Santos Dumont. Como é sabido, e com pleno êxito, foi feita uma reforma completa daquele aeroporto, situado na zona do Castelo, no centro do Rio de Janeiro. Ao final, o carioca dispõe de um terminal moderno-retrô. Além de corajoso – os arquitetos não acrescentaram essas novidades que se vêem em outros aeroportos, como o de Barajas, em Madrid e o Charles de Gaulle: por isso, nada de esteiras! -  as instalações têm um luxo que se não acrescenta ao conforto, é um brinco para os olhos.
      Pois não é que agora espalham fotos de passageiros com camisas encharcadas de suor e os traços fisionômicos diluídos pela transpiração ?  
      Não pode provocar estranheza que o conserto do ar condicionado leve vários dias ! Essas coisas são complicadas.
     O aparecimento de um idêntico problema, decorrente de mais um apagão do nosso sistema elétrico, agora no Galeão me parece ultra-suspeito.  Isso tem ar de sabotagem ou de campanha orquestrada !
      Todos nós que visitamos os terminais da Infraero sabemos de suas características e de quanto a sua direção respeita a tradição do serviço aero-portuário. O que é que tem que tenham o ar de terminais dos anos cinquenta ? O que isso tem de mais, se eles funcionam ?


O Metrô do Governador Sérgio Cabral

       Bem não é certo que tenha sido o governador atual que trouxe o metrô para o Rio de Janeiro. Ele já está por aqui há mais de trinta anos, tendo sido introduzido pelo regime militar.
       O que entusiasma no governador é a sua coordenação com a concessionária do metrô. Desde o seu primeiro mandato, que ele promete  a chegada de novas composições fabricadas na China. Confortáveis, com ar condicionado em pleno funcionamento (vejam que maravilha !) e sem goteiras, Sérgio Cabral vem com grande persistência anunciando a chegada dos modernos vagões.
      Coitado, deve haver um algum problema, porque, como tudo continua na mesma, o jeito foi fazer o metrô funcionar com as composições trintenais ! Elas deviam ser de cinco vagões, mas são só de quatro !
       Todos pensávamos que com a inauguração em 21 de dezembro de  2009 da estação General Osório, o usuário iria sair ganhando. A começar pela alegre presença do Presidente Lula da Silva, que concordou em prestigiar o evento.
        No entanto, o nosso governador deve estar mal informado. Pois não é que a junção das linhas aumentou o desconforto dos passageiros !  Além disso, como não há inspetores, essa alegre turma de novos passageiros, brincalhões como são, se apossam dos assentos reservados a grávidas, idosos, e deficientes físicos ! Para completar o quadro, fingem até que dormem, para melhor aproveitarem os lugares.
        E as coisas nesse metrô dilapidado e obsoleto não ficam por aí ! Toda hora tem vagão onde pifa o já fraco ar condicionado, fazendo  que tudo fique ainda mais desconfortável...


A blindagem dos governadores

        Muitas das assembleias legislativas trabalham em grande coordenação com os governadores. Vejam aquelas que blindam os chefes do executivo estadual, como é o caso de Marconi Perillo (PDSB), em Goiás, e  outra vez Sérgio Cabral (PMDB) ! A gente da curriola acha uma boa ideia. Assim, não se perturba a operosa atuação do governador, com ações que indivíduos pouco patriotas tentam lançar através do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
        A única coisa que lamento é saber disso através da Folha de São Paulo, um jornal paulista. No dia em que a Folha publicou a matéria, não saíu nada em O Globo. Tenho procurado menção nos dias subsequentes e, por ora, nada !


 Guido Mantega permanece na Fazenda !

         Durante a entrevista coletiva hoje concedida por D. Dilma Rousseff à imprensa, veio a  confirmação que todos aguardavam com impaciência: Guido Mantega, malgrado as solertes insinuação da imprensa alienígena, está prestigiado ! A Presidente foi, como sempre, firme e sincera: Guido, fica ! e não me venham mais com estórias.

A Noruega e os Direitos Humanos

        Que o calor humano seja deficitário no Reino da Noruega, não deve causar espécie, dadas as características e a  inclemência do clima naquelas paragens do norte.
         Sem embargo, depois da pífia sentença cominada contra o magnicida de Oslo e adjacências, novamente a justiça norueguesa surpreende. Não é que a Suprema Corte aprovou  sentença recusando asilo a duas crianças, uma de nove e outra de dez anos, que viviam na Noruega na companhia de seus pais, que têm a condição de refugiados !
         O que tem isso a ver com direitos humanos ?  O fato de os pais serem refugiados representa um mau exemplo para o menino ou menina ?  Por isso, ele e ela devem ser mandados de volta para o país de origem ?  E como entra o problema que causou a demanda – e a concessão – de refúgio aos pais ?

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )

Parabéns Rio, Brasil, Mundo !

                                 
            A suspeita de ontem se transforma na certeza de hoje ! Ontem, todos nós, sentimos muito calor. E um calor que nos terá parecido diferente dos demais, porque nos dava a incômoda impressão – dentro do geral desconforto da canícula – de que aquela temperatura, fosse qual fosse, nunca a tínhamos experimentado antes.
            E mais uma vez o bicho homem tinha razão ! Estamos todos irmanados nessa ! Fala-se por aí de falta de sentido comunitário... Pois nisso, a criatura humana tem sido imbatível !
            Mas vamos por partes. O que experimentamos nós todos ontem ? Mesmo aqueles que têm o ilusório conforto do ar condicionado ? Quantos de nós nos teremos perguntado: esse forno, nunca senti antes ?  E todos nós, você, eu, meus vizinhos, conhecidos e desconhecidos, estávamos redondamente corretos ! E qual é o prêmio que nos toca por vivermos nesse latifúndio ? Mais calor, e com ele toda a multidão de fenômenos e de desgraças, muitas delas convenhamos pra lá de inconvenientes, que vêm nessa companhia !
           O leitor – que é meu companheiro nesta viagem no planeta Terra – terá já as suas dúvidas, que julgará fundadas ou não. Pois não é que a máxima ontem, dia 26 de dezembro, foi na cidade mui leal e heroica de São Sebastião do Rio de Janeiro  de 43,2 graus centígrados, a mais alta porventura registrada nesta cidade fundada por Estácio de Sá, e ainda por cima, com direito a sensação térmica de cinquenta graus !  50º  !  Isto é Saara, gente, e não o da rua da Alfândega e adjacências, mas aquele outro que ajudado por nós homens (e mulheres !) vai alargando a cada ano o seu sinistro abraço de secura e miséria através da Africa, com o prestimoso auxílio do Sahel, que é uma espécie de linha auxiliar da aridez, aquela profunda e inexorável.
           Poucos, muito poucos poderão dizer que estão fora dessa obra maldita. Se no Brasil até encontraram jeito de escorraçar Marina Silva, com seus dezenove milhões de votos, do Partido Verde, que ficou solidamente nas mãos dos que não têm carisma, e que estão contentes com o nicho seguro, embora estreito, construído pela própria esforçada mediocridade !
          Desde os tempos de Nosso Guia assistimos à progressão triunfante da vanguarda do atraso. Até o Ibama se tornou mais compreensivo, curvando-se aos maus humores e aos destampatórios de dona Dilma. Que faz muito medo aos pobres ministros, que tremem nas irrupções de suas grosserias. E, no entanto, acreditem: com toda a sua brabeza, a gente da chamada base de apoio – esse conglomerado costurado por Lula da Silva com os fios da ganância – não lhe dá a mínima e faz o que bem entende. O que – se de meio ambiente se trata – vale dizer o rolo compressor da infame tropa ruralista, que por onde passa faz desaparecer florestas, matas ciliares e tudo o mais que nos legaram os nossos maiores, os bandeirantes que tanto pavor infundiam à turma do oeste, que obedecia ao poderoso el-rei de Espanha !
         No tribunal do Meio Ambiente há falta de inocentes !  Os Estados Unidos continua na sua feliz trajetória de maior poluidor do planeta – com a China em seus calcanhares ! Na sua primeira posse, Barack Obama acenou depressa para a questão climática, para tratar de esquecê-la logo em seguida.Voltou a falar agora, mas fomos batizados por muitos convenientes esquecimentos para que possamos crer na sinceridade e sobretudo na firmeza do propósito.
        Porque o lado contrário, a tropa da negação burra, persistente e insidiosa está muito bem implantada. São os aproveitadores de sempre, aqueles que se lixam, não para a opinião pública, mas para o que supostamente virá depois. Não é que os irmãos Koch, os multibilionários petroleiros estadunidenses, depois de subvencionar tudo o que seja anti-clima e anti-homem, piedosamente reconheceram que, se Deus assim quiser, a postura da criatura humana poderá ficar deformada, curvada pelas agruras climáticas. Se assim for, o jeito é conformar-se.
        Esta organizada burrice, pode ter os seus triunfos – e ontem foi um deles, quando voltamos a gozar de calores senegalescos – mas que a sua entranhada má-fé, rica má-fé, que subvenciona até um bando de pseudo-cientistas que se proclamam negacionistas, não trará apenas no seus rastro maldito calenturas que podem acaso ser minoradas pelo ar-condicionado.
        A ignorância pode ser o melhor e o mais cruel dos remédios. Melhor, porque funciona como um leque  de antanho.  O refresco que proporciona é fugaz, passageiro, e vai sendo consumido pelo próprio empenho de quem o agita denodadamente.
        Atrás do ares condicionados e de toda a panóplia para manter o calor à distância está uma manutenção ineficiente, que não tem dinheiro para repor as peças, e que quando a crise ocorre, o seu remédio tem a ação atrasada pela nervosa incompetência e porque não dizer ignorância de técnicos mal-pagos e mal treinados.
        A atual presidenta – que parece querer transformar a nossa terra em gigantesca repartição pública – nos recordou profusamente dos apagões do tempo de FHC.  E agora, José ? Se ela não acabou, em que festa estamos ?
       Em obra conjunta, em que muitas mãos se atam felizes, de Santa Catarina para o norte da antes Hiléia Amazônica, para acabar com a pataquada das matas ciliares ! Os legisladores, inspirados pelo próprio adubo, dizem acreditar em barreiras de cinco metros, ao invés dos antes dispostos por mãe-natureza. Os poucos palmos de terra que a estupidez e a esperteza humanas lhe dizem proporcionar, o lavrador não tardará em ver que fez um mau negócio. Inundações, avalanches, terras perdidas por aquela falsa astúcia, que traz consigo miséria e regressão na escala humana.
      Os negacionistas – essa tropa em que tolos, estúpidos, gananciosos e burros se dão alegremente as mãos – podem olhar para trás, porque o seu legado, se é importante, ficará ainda muito maior.
      Depois de muitos anos de atraso, trouxemos esta marca do progresso para o Brasil, que é o Tornado, este furacão mirim, que deixa atrás dele casas destelhadas – quando não arrasadas – morte e sobretudo insegurança, quando a gente do campo – e mesmo da cidade – vê o próprio esforço decenal ser chupado pelos ventos quentes e, em seguida, espalhado inútil pelo chão.
      Os americanos não se perguntam porque os furacões – como Sandy ! – aparecem sempre mais coléricos e devastadores. Para quê ? Será comodo – como outrora – atribuir à divindade as desgraças climáticas. Fomos inclusive, especial cortesia do progresso, apresentados a outras, ainda mais assustadoras e que dão roteiros ótimos para películas de acidentes ditos naturais. Falo das tsunamis, de que nós outros não tínhamos ouvido falar até faz pouco, em que os primeiros brasileiros foram ceifados por essa vaga terrível, que é precedida de uma enorme sala de visitas, arranjado pelo mar que recua, para depois lançar com força inaudita sobre o tudo o que está à sua frente, inclusive usinas nucleares.
     E vejam só, como é previdente o nosso governo. Ao arrepio da Humanidade, a presidenta manta seguir a pleno vapor com Angra Três, escudada na nossa boa manutenção e talvez esquecida dos vastos recursos hídricos de que ainda dispomos como fonte energética !
     Mas não se inquiete, nem se aporrinhe caro leitor! Nesse barco da loucura climática – da inviabilização do grande Chico, o rio da nacionalidade, à operosa e sistemática devastação do nosso maior recurso natural, a Floresta Amazônica -  nós nos acreditamos na vanguarda e temos ainda muito a percorrer !
      E vai surgir a hora em que as temperaturas de ontem, em meio aos apagões sistêmicos, vão parecer um bálsamo, estranho é verdade, mas se o compararmos com o que vamos aprontar...

 
(Fonte subsidiária:  O Globo )    

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Picadinho Pós-Natalino

                                       
            Até o amargo fim ?

            Vladimir V. Putin não quer nem saber. A despeito das profusas reavaliações de altos funcionários que são presumidos entenderem das questões do aliado al-Assad, e de suas perspectivas, que têm ultimamente pendido de forma pesada na tecla do pessimismo no que tange ao ´futuro´ do regime alauíta na Síria, o presidente russo se opõe tenazmente a qualquer intervenção internacional naquele país. O que traduzido em miúdos, significa que, a despeito do sombrio horizonte de Bashar, o Conselho de Segurança das Nações Unidas continuará manietado pelo veto do Kremlin a qualquer ação mais pró-ativa no aludido conflito.
            O mapa de atuação – ou melhor dizendo, não-atuação – se inspira do exemplo líbico. Até hoje, Putin se ressente do suposto engano em que teria caído, ao abrir os céus da república de Muammar Kaddafi às forças da OTAN. No seu entender, o domínio aéreo da aliança ocidental teria preparado, pela ordem, a queda da ditadura líbica, e, em seguida, aberto as comportas para o atual ‘caos’ que existiria na relação de forças que sucedeu ao então mais longevo déspota mundial.
           Como não se desconhece, o Brasil foi um dos países que mais custou em reconhecer o regime da república de Benghazi. A par dos ônus que geralmente recaem sobre os Estados – e respectivas empresas -  que mais tardam em admitir um processo de sucessão de regimes, também terá prevalecido o critério de nossa Presidenta, que fê-la censurar a mídia (e o público brasileiro) por desrespeitar a própria regra de que não se deve comemorar a morte de governantes.

 

           A alienação da comunidade islâmica na França

           Residindo em conjuntos residenciais – habitações de baixo custo denominadas HLM – nas periferias suburbanas das grandes cidades, a etnia franco-árabe semelha condenada à rejeição, tratados como franceses no Norte Africano (Magreb), e como árabes na França.
           Ficou tristemente famosa a frase do então Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que, implicitamente, a eles se referiu como ‘racaille’, quando indicava o propósito de reprimi-los, no contexto das centenas de automóveis incendiados em protesto por essa comunidade.
          A inadaptação de tal comunidade – e o número de muçulmanos na França é indicativo do seu peso demográfico, com mais de oito milhões no chamado hexágono – se veria refletida em Mohammed Merah (o terrorista que matou três soldados franceses, um rabino e três crianças de credo judaico, e, não obstante, é tido como mártir do Islã por segmentos da imigração).
          A conflitante experiência dessa comunidade franco-árabe é vivenciada pela senhora Latifa Ibn Ziaten, que é a mãe do sargento policial Imad, morto pelo terrorista Mohammed Merah. Ao contactar essa comunidade, a senhora Latifa ouviu ser Merah considerado um herói, um mártir do Islã. Na avaliação da tresloucada ação de Merah, existe uma contradição : de acordo com a comunidade franco-árabe, Mohammed errou no que fez, mas essa gente entende a mensagem que ele quis passar.
         No entender dessa comunidade, apesar de sua ação terrorista, ele só foi abatido pela polícia pela circunstância da própria etnia. Todo o paradoxo dessa questão poderia ser resumido na avaliação feita pela mãe do sargento policial morto por Mohammed Merah: “Ele me tirou o que me era mais caro. Ele me levou meu filho, meu amigo, meu príncipe. Mas ele era também uma vítima da sociedade.”   

    
        Renúncia de Mario Monti, o Primeiro-Ministro tecnocrata

        A saída de cena do tecnocrata Mario Monti, ao cabo da aprovação pelo Parlamento italiano do orçamento para 2013 se terá revivido o fantasma do ex-Primeiro Ministro Silvio Berlusconi, e a associada imagem do bungabunga,  também mostra que o eleitor italiano não é burro, e sabe distinguir nas névoas da demagogia qual é o seu principal interesse.
       Dado o êxito de sua presença na democracia parlamentarista italiana, o ex-primeiro ministro teria deixado uma fé de ofício que, apesar dos prognósticos pessimistas, venha a embasar uma eventual candidatura sua nos próximos comícios.
       Monti contaria com uma base centrista. As forças prevalecentes até agora são as de centro-esquerda do Partido Democrático de Pier Luigi Bersani, e da coligação populista capitaneada pelo irreprimível Silvio Berlusconi. No segmentado universo político italiano, o centrismo de Monti aglutinaria quinze por cento de votantes, o que poderia constituir, no parlamentarismo italiano, uma fórmula precária, mas válida de governabilidade.
        

 
       Continua a saga judicial anti-Timoshenko

       Consignada ao dito pequeno noticiário muita vez reservado à crônica policial, continua a saga imposta à  líder da oposição na Ucrânia, a prisioneira (de Yanukovich)  Yulia Timoshenko.
       A judicialização da perseguição política – introduzida por Vladimir Putin na vizinha Federação Russa -  prossegue na sua triste e impiedosa marcha no que tange à líder da oposição na Ucrânia. Se em outros países, a liderança da oposição se defronta democraticamente com o primeiro ministro nos bancos do Parlamento – como espelha o modelo da democracia ocidental em Westminster -, em Kiev a contenda é transladada para os bancos judiciais.
        Quem está sendo perseguida judicialmente não é uma criminosa, mas a própria líder da oposição, que, consoante o poder imperante, deve pagar na justiça a audácia de haver posto em risco o projeto  de governo, simbolizado no caso em tela pelo senhor Viktor Yanukovich.
        O resumo deste drama é o seguinte:  a senhora Timoshenko – que se caracterizara pelas tranças camponesas e que é culpada essencialmente de pôr em risco o projeto governatorial de Yanukovitch – fora sentenciada a sete anos de prisão em outubro de 2011, com base em acusações de abusos cometidos ex-officio. Como se tal não bastasse, surgiu um segundo processo, em que se alegam sonegação fiscal e peculato.  
       Marcado para abril do corrente ano, o juízo tem sofrido seguidas postergações motivadas pelo estado de saúde da ré.  Como é público e notória, Yulia Timoshenko está encarcerada em um lazareto prisional de Kharkov, por sofrer de agudas dores da coluna.
       A despeito de ocasionais manifestações de solidariedade, como a da visita da Presidente da Lituânia, a Timoshenko tem sido mantida em um limbo que semelharia conveniente para as lideranças europeias e ocidentais.
      Essa judicialização da política, na aparência uma versão dita menos incivilizada da refrega política, implica na verdade em uma cínica instrumentalização de uma velha senhora vendada, que, em outras plagas, têm o bom senso de não trocar as bolas. O último caso de pretenso contágio terá sido na Geórgia, em que o gabinete entrante terá acenado com a conveniente prática da dita judicialização no contexto político.

 

( Fontes:  International Herald Tribune, O Globo )                

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Dia dos Pedidos

                                                       
          Por costume ou rotina, se convencionou inserir no dia de Natal uma lista de resoluções ou de votos piedosos. Talvez esteja implícita tarefa suplementar ao bom velhinho, a quem as crianças já enviaram os rituais pedidos.
          Como o orvalho matinal que rápido desaparece aos primeiros raios solares, tampouco tarda  nos dias que correm a inocência infantil com a fábula de Papai Noel. Nesse ponto, diferem os pais, no mantê-la ou não.  Dada a condição humana, as discrepâncias não haverão de provocar maior espécie. Aí me permitirei inserir um personagem que desta praxe não fazia a menor idéia.
          Reporto-me a Aristóteles, que tinha a respeito a lei do meio termo. Bem sei das naturais limitações desta lei que muito tem a ver com a respectiva experiência. De todo modo, cada um terá sempre alguma noção quando está ou não ultrapassando o limite...
         De qualquer modo, se a porteira está aberta para sugestões, acho muito boa a sugestão de Miriam Leitão de que se melhore a educação no Brasil. Se vamos partir para um padrão finlandês, é outra estória. Dado o bom senso no approach por partes, faria muito sentido que em um local para tanto mais apropriado ele fosse imitado à risca. O seu êxito teria o condão de induzir a sua repetição em outras partes, e assim por diante. Nesse caso, conjugaríamos a ambição com a prudência. É um método que pode funcionar.
         Dentro do mesmo princípio, importa restringir a respectiva lista de solicitações.  Não ignoro que tal pretensão não é nada fácil. Nesse contexto, a colunista de O Globo nos fala da matriochka russa, mas até mesmo as mais elaboradas bonecas artesanais conhecem um limite, e é bom que assim seja.
         Por isso, dentro da auto-imposta norma, me permitiria acrescentar mais uma instância apenas. Não é praxe que assim se proceda, mas, como o leitor se dará conta, esse aparente comedimento é uma tática que lá tem o seu mérito. Pois a minha agregada súplica natalina não é das menores.
        Peço apenas mais uma coisa: que se ab-rogue a lei de Gerson, essa diretiva que não consta de nenhum registro de legislação formal, que foi abjurada pelo seu próprio autor, e que, não obstante, perdura na difusa ânsia de levar vantagem em tudo, por mais que a intenção seja deletéria, contrária ao bom senso e a qualquer projeto conducente ao entendimento construtivo, mutuamente partilhado sob o selo da boa fé recíproca.
       É dessa esperteza burra que devemos nos livrar. Sei da dificuldade da empreitada, porque a tal lei não está inscrita em nenhum cartório ou diário oficial, mas sim em alegada mentalidade, na qual miopia e astúcia  pensam dar as mãos, com o desastroso resultado que por todos esses anos se nos depara.
       Talvez nos sirva afinal de lição a imagem do turista ucraniano  que veio aqui dar com os costados, a angústia escrita no gesto e no corpo. Eis que conduzido a proverbial delegacia vestia não mais que uma cueca. Jovem, ingênuo, terá acreditado na boa vontade do carioca e passeado pelas areias de Copacabana, com lenço, documentos e mais pertences, acabar do jeito descrito, confuso, e querendo saber dos seus.
       A sua história, tenho para mim que acabará bem.
       O que me preocupa deveras é a resposta que os brasileiros darão aos votos de Natal.  

 
( Fontes: O Globo, Rede Globo )

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Sorriso de Seca Pimenteira

      
                                         
           O leitor há de me perdoar, mas neste período natalino, na própria véspera do Natal, essa festividade religiosa que é tão calorosamente acolhida pelo comércio, e constitui o desafio a ser enfrentado por tantas donas de casa, empenhadas em produzir aquela mesa de noite natalina, sem embargo de tudo isso, de o que escrevi, eu volte aqui, nestas páginas herzeanas, a de tratar de um tema que parece entregue a uma única pessoa.  Na verdade, peço vênia para que me desculpem. Não estou sozinho nessa matéria, mas se me permitem estou em um quase limite. Pois um antigo craque – que começou como grande jogador no Clube de Regatas Vasco da Gama – o Romário expressou igualmente a sua opinião em entrevista ao jornal Extra, de uma forma que eu assinaria embaixo, talvez com a exclusão de um ou outro vocábulo. Neste grande silêncio que ora circunda um time de tantos títulos e tradições, me pareceu mais do que auspiciosa a reação de Romário como jogador e como admirador do Vasco. Todos sabemos que Romário é América – e muito tem procurado fazer por essa equipe, que por tanto tempo foi o segundo time de todo o torcedor carioca. Romário está tão perplexo quanto eu no que concerne à desconstrução do Vasco da Gama pelo Senhor Roberto Dinamite. Não sei se é o sobrenome que trouxe dos tempos de artilheiro no Vasco, mas se afigura difícil descrever-lhe a trajetória em termos menos incisivos no que tange à sua presidência no CRVG. Depois que reeditou o feito do Corinthians e saíu da Segundona com a faixa de campeão, o Vasco teve trajetória que margeia o inacreditável. No campeonato de 2011, fez ótima campanha, foi vice e poderia ter sido o campeão se não houvesse sido tungado pelos senhores árbitros de pelo menos sete pontos, o que lhe daria, e com folga, a faixa de campeão, ao invés do Corinthians, sempre tão bem tratado pela comissão de arbitragem. Em  vez de reclamar a seu devido tempo,  Roberto Dinamite, malgrado o nome, aguardou o fim da competição, para montar um protesto simbólico e sem qualquer efeito prático. Por fim, neste campeonato de 2012, depois de um início esfuziante e promissor (quatro vitórias seguidas!), com uma série de desfalques na equipe não tardaria em que o Vasco iniciasse uma lenta mas segura descida na escala de colocações.
           O que me estarreceu – e causou em Romário reações verbais ainda mais fortes – foi a passividade do senhor Roberto Dinamite, presidindo majestaticamente ao desmantelamento do time, desmantelamento este que, ao que semelha, lhe custou algum esforço, mas que está ora em vias de transformar o Vasco em um novo São Cristóvão (lembram-se? o campeão do centenário e hoje pouco mais do que um drummondiano retrato na parede).  Desperdicei quiçá muito tempo escrevendo no espaço cibernético cartas para esse senhor, às quais pelo visto não dispensou maior atenção. Ele tem decerto o direito de reagir dessa forma – como igualmente procedeu no que concerne à entrevista de Romário, que seguiu um outro estilo – mas o que me marcou foi este vazio sorriso que o senhor Dinamite projetou sobre o Vasco da Gama, e todos os jogadores a quem terá prometido mundos e fundos.
           Recordo-me, a respeito, da conversa televisiva que manteve com Juninho Pernambucano, esse veterano craque que tanto se dedicou ao Vasco no último campeonato, e que do Vasco e sobretudo de seu presidente, se afastou não exatamente satisfeito com o tratamento recebido.
          A série de jogadores que saíram revoltados com esse ausente sorriso de um presidente cuja aparente meta é remontar o elenco do CRVG literalmente com o refugo da Série B. Para tanto, se deve reconhecer que o senhor Dinamite está bem adiantado na implementação do respectivo desígnio. Outros cartolas entram para o time com o intuito de elevá-lo às alturas do campeonato brasileiro e da Libertadores. Pelo demonstrado, não é este o escopo do senhor Dinamite. Se perguntarmos onde estão os craques deste ano: o goleiro Fernando Prass, Juninho Pernambucano, Diego Souza, Alan, Fagner, Rômulo,  e agora Rodolfo, Alecsandro e Nilton, restam apenas – e por quanto tempo ? – Eder Luís e Dedé.  Até o vascaíno Felipe teve a partida anunciada, para depois passar-se para o desmentido, diante da estupefação do diretor-técnico Ricardo Gomes, que continua por ora no Vasco.
          Não darei, caro leitor, a relação dos jogadores previstos para integrarem o que será o novo Vasco. A maioria é de egressos da série B, ou de jogadores hoje encostados em equipes de segunda categoria no futebol europeu, ou de atletas de times que estão indo para a série B, ou que dela estão ascendendo para a série A.
           Surpreende deveras que o Vasco tão mal administrado, com jogadores sem receberem por três meses a fio, ainda tenha conseguido concluir o campeonato vencendo o campeão Fluminense, e ocupando a quinta colocação !
          Há em torno do Clube de Regatas Vasco da Gama um retumbante silêncio. Este muro invisível de indiferença – que apenas Romário quebrou – não reflete uma realidade. O Vasco é um time de títulos e tradições. Conta uma grande torcida, espalhada por esse Brasil afora, e que é, sem dúvida, a segunda em número no Rio de Janeiro. Se este senhor, do ausente sorriso, continuar por muito tempo onde está não  subsiste qualquer dúvida que essa importância do Vasco como time de grande torcida não estará destinada a perdurar. Não há maior atrativo para a manutenção da torcida do que o êxito. O Vasco não é um time de segunda, um candidato perene à Segundona como o comportamento do senhor Dinamite vem dando inquietantes indícios de que é esta a ominosa resultante de uma gestão ruinosa.
           Pelas suas tradições e suas conquistas memoráveis, o CRVG agregou uma grande torcida e têm torcedores famosos que lamentavelmente, diante da inépcia do sorriso do senhor Dinamite, têm permanecido não só em silêncio, mas nada têm feito para de alguma forma quebrar esse encanto, este mau olhado que caíu sobre a equipe da colina.
           Para os que tinham dúvidas sobre a importância do futebol para o Brasil, a resposta do governo Dilma Rousseff as terá dissipado todas, com a prioridade extrema concedida à Copa do Mundo e a seus estádios. Construídos de acordo com as especificações da FIFA, exsudam riqueza e conforto, a ponto de que o colunista Tostão possa até temer que o torcedor comum venha a ser barrado em tão suntuosas instalações.  Se não estão prontos todos, se-lo-ão em breve, junto com o Mineirão e outras maravilhas a que será destinado o dinheiro do contribuinte.
          Será que as nuvens que se acumulam no horizonte, haja vista a boçal disparidade entre a categoria técnica do Vasco de antes e o da vindoura temporada, não poderiam ser acaso arrastadas por um movimento de amigos do CRVG antes que seja tarde demais e esse arremedo de timinho já se debata na mediocridade e o seu destino natural que é o retrocesso ?  Lembram-se do São Caetano ? Disputou em 2001 a final do campeonato brasileiro com o Vasco e no corrente ano, ei-lo mandado para a Terceira Divisão ?

 

(Fontes: Extra,  O  Globo, Folha de S. Paulo )